A RTP e a Pandora da Cunha (Ukbar Filmes) criaram um projeto de 10 telefilmes onde se desafiaram 10 mulheres de diferentes áreas artísticas a realizar o seu primeiro filme; onde se convidaram argumentistas a adaptar alguns dos mais importantes autores lusófonos; onde se procuraram histórias que representassem a realidade portuguesa dos últimos 100 anos que ajudassem a identificar mudanças na nossa sociedade, fazendo-nos sentir os dramas de uma época ou os detalhes da atualidade.
O projeto foi descentralizado e levaram-se as realizadoras e as histórias e os atores e equipas para o centro de Portugal, juntando a toda a riqueza do projeto um património cultural, arquitetónico e humano de uma região que ajudou a criar o universo do CONTADO POR MULHERES.
Os primeiros cinco telefilmes foram estreados no final de 2022, e os próximos cinco telefilmes estreiam agora neste Maio de 2023 – um mês na RTP1 dedicado ao audiovisual realizado por mulheres, com castings incríveis, obras que cremos serem de grande qualidade, que vão ser vistas todas as quartas-feiras, a partir de hoje, dia 03 de maio, às 21h00.
Esta segunda temporada – que hoje se inicia – de CONTADO POR MULHERES, uma produção Ukbar Filmes e RTP1, em coprodução com a Krakow Film Klaster (Polónia), chega assim e em boa hora ao horário nobre da RTP1. Rodados entre março e agosto de 2021 em diversos locais da região Centro, contaram com o apoio das Câmaras Municipais da Região, do PIC Portugal e do programa Garantir Cultura. Sem mais demoras, o projecto explicado por quem organiza.
O CONCEITO E AS HISTÓRIAS
Lançámos o desafio a argumentistas para adaptar alguns dos mais importantes autores lusófonos, com a supervisão de um coordenador de escrita e mentoring criativo. Encontrar pequenas histórias que representassem a realidade portuguesa dos últimos 100 anos.
São estas obras que nos ajudam a identificar mudanças na nossa sociedade, com as suas características regionais, fazendo-nos sentir os dramas de uma época ou os detalhes da atualidade.
Durante o desenvolvimento foi importante desconstruir preconceitos de género em relação às personagens das próprias histórias. Para isso foi feita uma autoanálise com base nos princípios do Bechdel test, dando ferramentas e criando dinâmicas para que o empoderamento não fosse feito apenas atrás da câmara.
OS AUTORES
Durante a pandemia, procurámos histórias nas bibliotecas, nos alfarrabistas, críticos e universitários, bem como nos compêndios da literatura portuguesa. Escolhemos dez, ficaram muitas outras por adaptar. Lemos e relemos obras de superação, de amor e de traição, histórias cheias de humor e emoção que respeitámos, desconstruímos, reescrevemos, reinterpretámos e, muitas vezes, relocalizámos espacial e temporalmente. Dessas dez, apresentamos agora as últimas cinco.
Mário Zambujal (“Serpentina”) entretém-nos com um escritor frustrado à procura da sua musa inspiradora. Carlos de Oliveira (“Pequenos Burgueses” e “Alcateia”) ora nos diverte numa comédia de enganos rodeada por pomares e buganvílias, ora nos confronta com a dura realidade de um pai que luta pela sua sobrevivência ao tentar proteger a filha. Soeiro Pereira Gomes (“Contos Vermelhos”) prende-nos a um jovem que luta pela sua própria vida e pela liberdade de todos. Maria Archer (“Há-de haver uma lei…”)diverte-nos no meio de autênticas peripécias e mentiras, num conto onde a esperança, literalmente, é a última a morrer.
O CENTRO DE PORTUGAL
Antes da história e das personagens procurámos criar um universo. Uma espécie de mundo, inventado ou reinventado, onde as personagens vivem. Este espaço, rico em detalhes, tradições, ditos, cantares, máscaras, cria uma densidade narrativa às nossas personagens.
Assim, procurámos na paisagem do Centro do país: uma quinta, um escritório, uma casa, uma fábrica, uma praia, ou seja, um elemento narrativo forte que pudesse servir de núcleo central para cada telefilme. Fugimos dos principais centros urbanos e encontrámos na Região Centro a diversidade histórica, cultural e paisagística que os telefilmes precisavam.
São cinco espaços visuais que nos levam a uma panóplia de universos emocionais: Oliveira do Hospital, Alcobaça, Miranda do Corvo, Tomar e Cantanhede.
A Ukbar Filmes irá realizar programação cultural especialmente direcionadas para os públicos destas localidades: masterclasses, sessões escolares com Q&A, antestreias locais, com a presença da equipa e elenco, estão em agenda para abril e maio de 2023.
AS REALIZADORAS
Este projeto tem sido uma incrível aventura de dois anos, que resultou duas temporadas de Telefilmes e onde dez mulheres tiveram a oportunidade de realizarem a sua primeira ficção televisiva. O processo foi escolher dez realizadoras com potencial comprovado, em várias áreas artísticas, como publicidade, representação, encenação ou dança. A segunda temporada revela os filmes de: Laura Seixas, Rita Barbosa, Diana Antunes, Anabela Moreira, Maria João Luís.
São elas que nos trazem, através de comédias e dramas, o seu olhar e uma estética audaz e arrojada que dá força a histórias inspiradoras, marcantes e envolventes. Este é um projeto que procura enriquecer o atual panorama audiovisual, juntando estórias e entretenimento, mas com um foco que visa promover um lado empreendedor e um mercado de trabalho inclusivo.
Estes são os primeiros projetos que equilibram as oportunidades dadas às mulheres na criação e realização em Portugal e na Europa, permitindo que ocupem, cada vez mais, um lugar de destaque, nomeadamente nos canais de sinal aberto em horário nobre.
A não perder, a partir de hoje, na RTP1 – cinco livros, cinco municípios, cinco realizadoras, cinco telefilmes. •