Theatro Circo e gnration desvendam programação para os primeiros quatro meses de 2024 para que, com tempo, organize a sua agenda cultural de forma a não perder o que mais o cativa numa programação rica e diversificada, a que este Theatro tão bem habituou o seu público.
No Theatro Circo, na área da música, inicia-se o ano com a reinterpretação do espírito livre da música erudita, recebendo em palco o espetáculo Playing with Beethoven, criado para a celebração dos 250 anos do nascimento do compositor, e em palco com Carlos Bica, João Barradas, Daniel Erdman e DJ Illvibe (13 de janeiro), e também a estreia do primeiro disco de originais Novas Canções da Terra, da artista bracarense Catarina Carvalho Gomes (27 de janeiro). Já em fevereiro, Cristina Branco regressa à sala principal para apresentar o seu 18º disco de originais, Mãe (03 de fevereiro), Swans de Michael Gira tocam pela primeira vez em Portugal o seu mais recente disco The Beggar, com a convidada especial Maria W Horn (20 fevereiro), e o projeto Cara de Espelho, formado por artistas como Nuno Prata (Ornatos Violeta), Pedro da Silva Martins (Deolinda, Ana Moura, António Zambujo) e Maria Mendes (A Naifa), escolhe a sala principal para a sua estreia absoluta (24 de fevereiro). Em março, recebemos o já esgotado Correspondences, resultado de um projeto colaborativo entre Soundwalk Collective e Patti Smith (24 de março), e em abril, Joe Lovano Trio Tapestry, com a pianista Marilyn Crispell e por Carmen Castaldi na bateria, apresenta Our Daily Bread (11 de abril).
O novo ciclo contraponto, dedicado à composição dos séculos XX e XXI, que conta com seis sessões anuais, traz neste quadrimestre vários espetáculos – Quarteto para o Fim do Tempo de Olivier Messiaen, por Pluris Ensemble (06 de janeiro), Shiva Feshareki apresenta Transfigure, com alunos da Licenciatura em Música da Universidade do Minho (16 de março), e Feldman, Debussy e Stravinsky, por Ars ad Hoc (13 de abril).
Nas artes performativas, no domínio do teatro, Tiago Correia e A Turma apresentam O Salto (26 de janeiro), um projeto de investigação e dramaturgia original sobre a emigração portuguesa nos anos 60 e 70, e Tiago Cadete apresenta a performance Concerto (5 de abril), no qual o público é colocado em palco e o espetáculo é transferido para a plateia, na qual estarão caixas de som projetando um concerto de múltiplas vozes de migrantes latino-americanas; na dança, a coreógrafa Olga Roriz regressa ao Theatro Circo com A Hora em que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros (12 de janeiro), uma adaptação do nobel Peter Handke, peça escrita para 450 personagens em palco, recriando um dia numa qualquer praça deste mundo. O espetáculo/ performance de Cristina Planas Leitão, [O Sistema] (02 de fevereiro), é a criação da coreógrafa que reflete a importância do trabalho coletivo no limar dos sistemas convencionais. Threshold, é a nova peça de grupo de Mariana Tengner Barros (09 de março), na qual três intérpretes dançam o enigma do Cromeleque de Almendres.
O Theatro Circo promove também várias atividades para a comunidade, como a mini-conferência para crianças, Para que serve a cultura? por José Maria Vieira Mendes (13 janeiro), lançando aos mais novos, de forma descomplexada, novas formas de questionamento e crítica. Preferia Não o Fazer (24 de fevereiro), uma sessão com vários filmes de animação nos quais a pergunta ”O que é uma revolução?“ serve de base e inspiração. O espetáculo de dança Uma Partícula Mais Pequena Que Um Grão de Pó,
de Sofia Dias e Vítor Roriz (16 de março), idealizando um mundo no qual as máquinas param e o silêncio impera. A peça multidisciplinar que antecipa o dia 25 de abril, Calma, é só amanhã!, com encenação de Nuno Preto (24 de abril), é um espetáculo que convida a comunidade para pensar as liberdades ganhas e as que estão ainda por conquistar.
No final do quadrimestre, celebra-se o 109º aniversário do Theatro Circo com Bate Fado, dos coreógrafos Jonas&Lander (19 de abril), Terra do Nunca, com DJ set e oficina de criação colaborativa para o público mais jovem (20 de abril), Música de Câmara a cargo do Departamento de Música da Universidade do Minho (20 de abril), e voltaremos também a ouvir, 10 anos volvidos, o disco How can we be joyful in a world full of knowledge?, de Bruno Pernadas (20 de abril), encerrando as celebrações com um DJ set de Umafricana (20 de abril).
Haverá espaço para conversas com artistas, com o objetivo de partilharem os processos criativos e a importância da sua atividade no público e nas instituições. No primeiro quadrimestre com Olga Roriz (6 de janeiro) e Shiva Feshareki (16 de março). O ciclo Contexto (20 de janeiro, 2 de março) propõe uma série de conferências partindo das temáticas e questões abordadas na programação do Theatro Circo.
No gnration, 2024 arranca com o espetáculo audiovisual “ROTOЯ – SONIC BODY” (12 de janeiro). Criada pelo artista austríaco Peter Kutin, e com Patrick Lechner nas projeções vídeo, esta performance baseia-se no movimento circular de uma escultura cinética, equipada com um sistema de som, luzes LED e uma câmara 360º. A pianista, improvisador e compositora Joana Sá traz a palco Corpo-escuta / a body as listening (26 de janeiro) um novo solo para piano e eletrónica, e o mais recente capítulo do projeto multidisciplinar que a artista portuguesa tem vindo a abraçar nos últimos tempos.
O ciclo Radiografia volta a colocar os jovens compositores bracarenses no centro do palco. Formado na prestigiada Guildhall School of Music and Drama, Pedro Lima apresenta o disco de estreia Talking about my generatio (03 de fevereiro) um trabalho que reúne uma série de composições que o artista bracarense escreveu ao longo dos últimos anos. Esta apresentação contará ainda com uma instalação sonora que procurar replicar as características acústicas da Capela da Imaculada Conceição – local onde Pedro Lima gravou três peças presentes no disco – bem como com uma mesa-redonda.
Chega a Braga a muita aguardada colaboração entre o aclamado músico e artista multimédia loscil e o artista sonoro e compositor Lawrence English (17 de fevereiro). Há mais um encontro imperdível. O guitarrista Steve Gunn e o pianista David Moore juntam-se para apresentar Reflection vol.1: Let the Moon be a Planet (23 de fevereiro). Na mesma noite, o músico português Tiago Sousa sobe a palco para um concerto ao órgão e piano.
Figura central do novo hip hop underground de Nova Iorque, MIKE traz a Portugal o seu sexto – e já muito aclamado – álbum, Burning Desire (29 de fevereiro). Alabaster DePlume, um dos nomes mais proeminentes do jazz atual, também se apresenta no programa (02 de março).
Jards Macalé, figura incontornável e pilar indiscutível da música brasileira, também vai passar por Braga. Com composições eternizadas pelas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e Caetano Veloso, o músico e compositor vai revisitar o álbum homónimo de 1972 (15 de março). A artista e produtora britânica Nik Colk Void une-se ao artista digital francês MAOTIK e juntos estreiam uma performance audiovisual baseada nas ideias de espaço, cosmos, vastidão e vazio (23 de março). Rodrigo Amado, aclamado saxofonista português, faz-se agora acompanhar de uma nova formação, The Bridge, composta pelo pianista Alexander von Schlippenbach, do contrabaixista Ingebrigt Håker Flaten, e do baterista Gerry Hemingway (05 de abril). A DJ e produtora britânica Nabihah Iqbal estreia-se em Portugal com um novo trabalho, Dreams em que usa instrumentos da sua herança paquistanesa. Na mesma noite, a artista afrofuturista XEXA apresenta o seu disco de estreia (12 de abril).
A 27 de abril, o gnration celebra onze anos de existência e volta a comemorar de portas abertas. De tarde, Mafalda BS apresenta o disco de estreia, Mutu regressa com um concerto muito especial e Goela Hiante, de Adolfo Luxúria Canibal e Marta Abreu, apresentam o disco homónimo. A noite recomeça com a histórica banda santomense África Negra, seguindo-se HHY & The Kampala Unit, e James Holden, que traz o seu mais recente disco, Imagine This Is a High Dimensional Space of All Possibilities. Já no programa expositivo, o gnration apresentará a primeira exposição EMAP Perspective. Esta exposição coletiva reúne cinco obras desenvolvidas por artistas europeus em instituições que integram a rede EMAP – European Media Art Platform e que procura dar a conhecer o trabalho de artistas imergentes que trabalham a Media Art na Europa. Mosaic Virus, de Anna Ridler, The Hidden Life of an Amazon User, de Joana Moll, Learning from the commons, de Stefan Laxness, Meditative Cohabitation, de Studio Above&Below e Beyond Human Perception, de uh513, são as obras que compõem esta exposição, que poderá ser visitada gratuitamente (26 de janeiro a 27 de abril). No próximo ano, o gnration dará continuidade ao alt.history, ciclo de conversas online sobre as narrativas perdidas da cultura digital. Com curadoria pela revista e plataforma canadiana Holo, o ciclo receberá o antrop. As conversas são transmitidas gratuitamente no site e Youtube do gnration.
Também com foco no online, o ciclo de programação órbita trará mais três sessões, com novas obras encomendadas que estabelecem pontes com o programa presencial do gnration, nos domínios da música, arte e tecnologia. A 24 de janeiro é apresentado o concerto de estreia do novo disco de Carlos Maria Trindade. A 21 de fevereiro há estreia do novo projeto de Má Estrela de Pedro Alves Sousa. Por fim, a 13 de março, Nuno Loureiro (Solar Corona, Fugly e Mileto), estreia uma nova peça audiovisual. No programa de dança, o laboratório de transcriação coreográfica Guelra, desenvolvido pela Arte Total, convida Amélia Dentes a apresentar a peça (in) visibility, criada a partir de uma exposição de fotografia em Realidade Aumentada. A 13 de abril, o gnration recebe também a 8.ª edição do Braga International Video Dance Festival.
Um programa invejável de um Theatro Circo que continua a primar pela diversidade e qualidade cultural. A tomar nota! •