Deixar envelhecer, saber lotear e continuar a guardar, em prol da qualidade do Vinho do Porto e do legado deixado às próximas gerações. Eis o contributo maior da Menin Wine Company, empresa duriense, que apresenta cinco vinhos do Porto brancos e cinco tawnies que ditam a diferença.
A Região Demarcada do Douro é, segundo Fásia Braga, a nova Directora-Geral da Menin Douro Company, “onde a Natureza e a acção do Homem se uniram”. Desta união resulta um património em estado líquido com “um peso histórico relevante e que contribui para o desenvolvimento cultural e socioeconómico da região”, reforça a dupla Tiago Alves de Sousa, Enólogo Consultor, e João Rosa Alves, Enólogo e Director de Produção. Para comprovar esta filosofia em termos práticos, a equipa desta empresa duriense apresentou e pôs à prova “10 Tesouros do Douro”, no contexto da feira Grandes Escolhas – Vinhos & Sabores, que decorreu nos de 19 a 21 de Outubro, na FIL, em Lisboa.
A Menin Wine Company possui, no total, 210 mil litros de Vinho do Porto. Destes, aproximadamente 10 mil litros resultam de aquisições pontuais e cirúrgicas, “com o intuito de garantir as nossas necessidades”, declara a equipa de enologia. Esta prática é comum nas casas tradicionais do Douro, no sentido de “garantir a criação de stocks que permitam a manutenção de um produto que só o tempo o consegue criar”, acrescentam. Paralelamente, estas “compras” complementam o portefólio da Menin Wine Company. “São pequenos tesouros espalhados por toda a Região Demarcada do Douro que merecem ser valorizados e apresentados ao mundo.”
Ainda sobre os números, dos 210 mil litros de Vinho do Porto, um terço representa os Portos brancos, segmento raramente privilegiado, mas que, para a Menin Wine Company é, como se notou, uma categoria a enaltecer. Para Tiago Alves de Sousa esta é “a categoria mais dinâmica, neste momento, no Vinho do Porto. As vinhas sempre lá estiveram, mas, neste momento, estão a ter, finalmente, a visibilidade e o reconhecimento que merecem”. Já João Rosa Alves destaca o exercício inerente à feitura dos lotes. “As provas, a definição de gamas e a criação de identidade é um trabalho de equipa”, reforçam Tiago Alves de Sousa e João Rosa Alves. O estilo dos vinhos do Porto da Menin Wine Company têm os vinhos DOC Douro como referência.
“Ou seja, queremos enaltecer a qualidade de cada referência, demonstrando sempre o equilíbrio e a sofisticação em todos os vinhos. Sabendo que não temos volumes para competir com as tradicionais casas de vinho do Porto, o objectivo sempre será apresentar uma proposta de qualidade acima do padrão médio”
joão rosa alves e tiago alves de sousa
enólogos da menin wine company
Lotear, afinar, (a)guardar
A arte de lotear é um trabalho de filigrana, de afinação, de modo a que “o salto seja equitativo a cada uma dezena de anos, ou seja, para que haja diferenças marcantes”, entre, por exemplo, um Vinho do Porto de 10 Anos e um Vinho do Porto de 20 Anos. Em prova, essas diferenças foram notórias, seja entre os cinco brancos, seja entre os cinco tawnies, bem como entre os brancos, com a acidez e a frescura, como características dominantes, e os tawnies, com as especiarias e concentração de frutos secos como atributos maiores. Cada categoria inclui um vinho de 10, 20, 30, 40 e 50 Anos. À medida que a prova avançava, sobressaiam a profundidade nos vinhos do Porto brancos e a complexidade nos vinhos do Porto tawnies.
A questão da aguardente é determinante neste processo. João Rosa Alves enaltece o cuidado na seleção da aguardente, procedimento feito “quase sem olhar para o preço, porque a Menin procura ter um produto de qualidade”. Tiago Alves de Sousa vai mais além nesta confirmação: “neste momento não só são nacionais, como também da própria Região Demarcada do Douro.”
Segundo a filosofia desta empresa, o Vinho do Porto deveria ser mais respeitado e valorizado, de modo a evitar que se tornasse “banalizado”. Por essa razão, “os vinhos do Porto podem, e devem, ter enquadramentos diferentes”, explica a equipa de enologia da Menin Wine Company.
De acordo com esta visão, “os vinhos do Porto da categoria ‘Ruby’, poderão ser enquadrados no segmento de vinhos do porto ‘jovens’”, na qual se procura “intensidade de fruta, frescura e juventude”. Em contrapartida, nos tawnies, o factor tempo é determinante.
“Na visão da Menin Wine Company não deverá haver Portos Tawny inferiores a seis, sete anos de idade, caso contrário acaba por haver uma contradição entre designação e produto apresentado. Temos noção que muitas vezes os novos consumidores rejeitem os vinhos do Porto por não obterem a melhor experiência ao serem confrontados com produtos de menor qualidade.”
joão rosa alves e tiago alves de sousa
enólogos da menin wine company
Portanto, estes “10 Tesouros do Douro” resultam de um trabalho exaustivo de preparação para o futuro. “É um privilégio trabalharmos estas bases”, mas também é muito importante deixar “estas ferramentas para o futuro”, remata Tiago Alves de Sousa. Afinal, o que seria do Douro sem o Vinho do Porto?
Brindemos?