É uma pintura de Berthe Morisot, datada de 1872
Neste Mundo que foi abandonado, em que o amor vagueia como uma criança cujos Pai e Mãe deixaram à sorte da orfandade, que espaço se reserva para o encontro? Todos os dias, nas horas mais sombrias, há pregos a choverem das nuvens de um céu que ameaça desabar de vez sobre nós. Apenas a beleza pode salvar-nos, se houver tempo. É noite. Uma profundidade que, apesar da tristeza, me comove. Pergunto-me como há tempo, como pode haver tempo. E, no entanto, é o tempo o único recurso que poderá agasalhar-nos, como se nos acomodássemos no berço de um bebé, à espera do segundo nascimento da Humanidade. O primeiro nascimento nunca dele temos conhecimento, sendo nesse estado de desamparo em que nos encontramos, porque a providência das mãos que nos segurariam, pura e simplesmente, avariou, partiu para o espaço dos astros. E, assim, os olhos dessas mãos observam-nos de muito longe, e interrogam-se, interrogam-se sobre o que se passa, aqui, na Terra.