Viva il cinema italiano! / TAGV

Em setembro, o Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) e a Medeia Filmes viajam pelos “anos de ouro do cinema italiano”, com a exibição de filmes, em cópias restauradas, alguns inéditos em sala, realizados por cineastas que marcaram o imaginário dos espectadores, que criaram dezenas de obras-primas premiadas nos grandes festivais de cinema, ou que ganharam Óscares e que eram amadas pelo público.  

O cinema italiano marcou e influenciou a história do cinema, no período áureo que começou no pós-guerra e se prolongou ao longo de algumas décadas, dos anos quarenta aos setenta. 

Como refere o crítico e curador Roberto Turigliatto “existia nessa altura uma riqueza tal no cinema italiano que é muito difícil de reencontrar posteriormente. Era um dos grandes cinemas no mundo, quer em número de autores grandes e importantes, quer em capacidade de fazer um grande cinema popular de grande nível estético.” 

O realizador Martin Scorsese fala de “uma tapeçaria rica de emoções, de arte e de contar histórias. (…) filmes icónicos que moldaram a linguagem cinematográfica e continuam a inspirar gerações de cineastas”; ou, como disse Francis Ford Coppola, “o cinema italiano reflete a alma do país. Capta a essência da cultura italiana, a sua energia vibrante e as suas tradições profundamente enraizadas. É um testemunho do poder de contar histórias”; o realizador Wes Anderson, caracteriza a comédia italiana como “um verdadeiro tesouro do cinema mundial. Tem uma mistura única de farsa, sátira e absurdo que mantém o público a rir enquanto oferece uma visão profunda da experiência humana.” Viva il cinema italiano! 

O programa é absolutamente imperdível e é já de seguida que vos damos a conhecer:

16/09, 18h30 – Onde Está a Liberdade? / Roberto Rossellini 
Roberto Rossellini começou cedo no cinema, influenciado pelo pai, que construiu a primeira sala de cinema de Roma. Durante a Segunda Guerra Mundial, realizou filmes de propaganda, mas ganhou notoriedade com Roma, Cidade Aberta (1945), marco do neorrealismo italiano. Nos anos 50, iniciou uma parceria com Ingrid Bergman, com quem realizou obras marcantes como Stromboli (1950) e Viagem em Itália (1954), aprofundando questões filosóficas e existenciais. A partir de 1966, dedicou-se à televisão. Rossellini foi um dos grandes inovadores do cinema moderno, influenciando realizadores como Godard e Scorsese. 

16/09, 21h30 – A Doce Vida / Federico Fellini 
23/09, 18h30 – As Noites da Cabíria / Federico Fellini 
Federico Fellini fascinado pelo circo e pelo desenho, chegou a Roma em 1939 e iniciou-se como humorista e argumentista. Colaborou com Roberto Rossellini em filmes neo-realistas antes de se estrear na realização com Luzes da Ribalta (1950). Nos anos seguintes, afirmou-se como um dos grandes nomes do cinema italiano com obras como A Estrada (1954), As Noites da Cabíria (1957) e A Doce Vida (1960), esta última, um marco do cinema moderno. A partir de Fellini 8½ (1963), o seu cinema tornou-se mais autobiográfico, onírico e simbólico, marcado por uma estética barroca e fantasiosa. Com filmes como Julieta dos Espíritos (1965), Roma (1972) e Amarcord (1973), criou um universo único, profundamente pessoal e poético. Vencedor de quatro Óscares de Melhor Filme Estrangeiro, Fellini é um dos cineastas mais influentes da história do cinema. 

23/09, 21h30 – Umberto D.  / Vittorio De Sica 
Vittorio De Sica começou como ator de teatro e cinema nas comédias dos anos 30. Estreou-se como realizador em 1940 e, em 1943, iniciou uma longa parceria com o argumentista Cesare Zavattini. Juntos, tornaram-se figuras centrais do neo-realismo italiano, com obras-primas como Sciuscià (1946), Ladrões de Bicicletas (1948) e Umberto D. (1952). Com a combinação do realismo social e a empatia pelas personagens, De Sica venceu vários Óscares de Melhor Filme Estrangeiro. Continuou a atuar em paralelo com a realização, destacando-se em filmes como O General Della Rovere (1959). A sua obra, marcada pela ternura e humanismo, fez dele um dos grandes nomes do cinema italiano e mundial. 

30/09, 18h30 – Uma Vida Difícil / Dino Risi 
Dino Risi chegou ao cinema por acaso e começou como assistente de realização. Estreou-se como realizador nos anos 50, destacando-se com comédias de grande sucesso. Em 1962, lançou A Ultrapassagem, uma das obras-primas da commedia all’italiana, género que ajudou a definir ao lado de nomes como Monicelli e Scola. Trabalhou com grandes atores como Vittorio Gassman, Sophia Loren e Alberto Sordi. Filmes como Os Monstros (1963) e Perfume de Mulher (1974) revelam seu olhar mordaz sobre a sociedade italiana. Recebeu o Leão de Ouro de carreira em 2002 e é considerado um dos mestres da comédia italiana. 

30/09, 21h30 – Violência e Paixão / Luchino Visconti 
Luchino Visconti teve desde cedo contacto com as artes. Iniciou-se no cinema como assistente de Jean Renoir, em França, antes de realizar Obsessão(1943), obra pioneira do neo-realismo italiano. Antifascista ativo, Visconti marcou o cinema com filmes como A Terra Treme (1948) e Belíssima (1951). A partir dos anos 60, dedicou-se a um cinema mais estilizado e operático, com obras como O Leopardo (1963), Os Malditos (1969) e Morte em Veneza (1971). Com um estilo visual requintado e temáticas como decadência, poder e identidade, Visconti é um dos grandes mestres do cinema mundial. 

Um programa de excelência para marcar a rentrée, neste próximo mês de setembro. •

+ TAGV
© Imagem de destaque: de “Onde Está a Liberdade?”, de Roberto Rossellini.

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