Era uma vez… um Laboratório d’Estórias

Espaço com uma abordagem experimental e de união entre a cultura popular nacional e as técnicas ancestrais da faiança das Caldas da Rainha. Ou “sou eu e o Sérgio”, palavras que determinam a definição simples de um projeto real fundado por Rute Rosa e Sérgio Vieira, numa cumplicidade entre as áreas da cerâmica e do design industrial. A fusão de saberes que criam disciplinaridades várias, porque, a bem dizer, aqui a criatividade é inclusiva, ou não fosse este laboratório assoberbado de experiências de autor, um núcleo aberto a ilustradores, escritores e, até mesmo, filósofos, que partilham, debatem e arrumam as ideias em conjunto para cada objeto, pensado e desenhado pelos mentores. É preciso “ir mais além do que criar as peças”, reforça Rute Rosa. E em cada objeto é desenvolvida a mestria de pequenos produtores e artesãos caldenses, que veem a sua atividade secular revivificada em pequenas estórias contadas, peças recriadas por factos da história associados à escrita criativa e guardados numa embalagem com uma identidade própria. Assim nasce o conceito de “aplicar as técnicas da faiança das Caldas e criar novas peças alusivas à cultura e à tradição portuguesas”, para que a história iniciada por Maria dos Cacos perdure no tempo com o cunho Caldas de Portugal.

E sobre a arte de contar estórias desde março de 2013, Rute Rosa e Sérgio Vieira não têm tido mãos a medir. À primeira obra decorativa é dado o nome de “A medusa e o manjerico”, a “erva dos namorados” oferecida por Perseu a Medusa numa Roma muito antiga, ato muito presente nas festas sanjoaninas. Segue-se “A alfacinha dos caracóis”, que apraz explicar o epíteto dos lisboe-
tas e por que razão são os caracóis tão apreciados em Lisboa, cidade onde os taberneiros de outrora ensinavam malandrices aos corvos, como picar as pernas das senhoras, em “O corvo malandro”. Até que chega são Martinho, com “Martinho e as estrelas”, peça em forma de ouriço usado para servir as castanhas assadas em dia de são Martinho. E no Natal? “No céu mil estrelas, na terra pilhas de luz”, para iluminar a noite da consoada. Por cá ficamos à espera de tão especial quadra festiva.

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