Entre os telhados vermelhos do casario de Alfama e o rio Tejo, descobre-se um espaço inusitado. Um hotel que se integra na paisagem típica da zona velha e que a consegue fazer sobressair. Um espaço onde se percebe que o tempo passa de outra forma. Sejam bem-vindos ao memmo Alfama.
No memmo Alfama, vive-se os sinais do tempo, do mais antigo ao mais contemporâneo, desde a fachada antiga aos interiores modernos.
À entrada, uma mesa com 166 pés de metal cria uma atmosfera moderna, quase festiva, contrastando com o próprio edifício e com as peças de madeira maciça que vamos encontrando pelo hotel. Quem chega pode aproveitar o conceito do late check in: ir primeiro até ao quarto, descansar, e voltar mais tarde para as habituais formalidades.
Bem no coração de Alfama, o memmo Alfama é o primeiro boutique hotel nesta histórica zona, mas parece fazer já parte da tradição envolvente, graças à recuperação da fachada e do interior, da responsabilidade do arquiteto Samuel Torres de Carvalho.
Aqui dentro, sentimo-nos em casa e esta sensação é-nos dada pela dimensão aconchegante do espaço e pelo uso de objetos quentes e confortáveis na decoração, como as cadeiras e os sofás da sala onde se pode saborear os pequenos-almoços, até à mesa comprida de madeira que parece saída da casa de província dos nossos avós.
A piscina vermelha, localizada no terraço, virado a sul, cria um elo de ligação com os telhados de telha vermelha, mas consegue também levar-nos a mergulhar o nosso olhar no rio Tejo, a linha de horizonte deste hotel. Um espaço que pretendeu, desde a sua génese recriar o ambiente da autentic Lisbon, como nos explicou João Corrêa Nunes, um dos mentores do projeto. “Este é um hotel que se descobre e que reflete a ideia de uma Lisboa autêntica”, conta-nos.
E esta autenticidade está nos pormenores da recuperação do edifício, que aproveitou, por exemplo, o chão original de pedra dos dois quartos do torreão; nas abóbodas de tijolo dos dois fornos, localizadas no piso térreo; na muralha Fernandina que percorre parte do terraço; nos cabides velhos e nas capas de discos de fados antigos que enfeitam as paredes dos quartos, ou não estivéssemos em um dos bairros típicos do fado.
O lado contemporâneo é representado pelo novo edifício que alberga o wine bar e por detalhes como as janelas de grandes dimensões das zonas comuns que permitem usufruir da vista sobre o bairro e o rio. No interior, a tranquilidade do branco nas paredes dos quartos contrasta com os apainelados de madeira ondulados, presentes nos corredores, e que parecem uma continuidade das cortinas que, naqueles espaços, ocultam as casas-de-banho que usufruem da luz natural.
O estilo depurado e simples dos quartos permite que seja a paisagem urbana e natural a brilhar. É como se as janelas com portadas de madeira fossem uma moldura da cidade no interior dos quartos, criando um equilíbrio entre a vista e a privacidade de quem aqui dorme. Em cada um dos 42 quartos há pormenores distintos, como os poufs de lã e algodão artesanais às mesas de cabeceira de madeira maciça, a lembrar que numa casa nem tudo é uniforme e cada peça tem um valor único e simbólico.
“Conseguir ter o hotel a funcionar, em Alfama, de forma que este pareça integrado na dinâmica do bairro foi algo que nos motivou”
Samuel Torres de Carvalho, arquiteto
No wine bar, destaca-se a fotografia da autoria do fotógrafo alemão Alexander Koch , um dos anteriores inquilinos do edifício original. Depois, há ainda o serviço personalizado; o pequeno-almoço que pode ser tomado às horas que se quiser e no espaço que os hóspedes escolherem; tudo o mais deve ser descoberto por quem aqui fica ou vai ficando, porque, quando aqui se chega, tem-se vontade de convidar os amigos para vir cá ter, saborear umas tapas e beber um bom vinho pela noite dentro. •
+ www.memmoalfama.com
© Fotografia: Ricardo Junqueira