Em Cascais está patente a exposição “Luz Negra – Ancestralidade, costumes e Crenças do Quénia“, do fotógrafo brasileiro Robério Braga.
Fugindo do caminho fácil do exotismo, equilibrando-se entre a magia étnica e a beleza dos contrastes gerados pelo embate entre a ancestralidade e a globalização, Robério Braga fez do Quénia, na África Oriental, o seu objeto de investigação. O resultado, na exposição de fotografia “Luz Negra”, é forte, prende-nos, cativa-nos, faz-nos viajar até um Quénia que muitos desconhecemos. Depois de um enorme sucesso no Museu da Imagem e do Som em São Paulo, é no Centro Cultural de Cascais – Av. Rei Humberto II de Itália, que se espera que a exposição confirme mais uma vez o sucesso do olhar do fotógrafo, até dia 2 de novembro de 2014.
São 20 imagens que compõem “Luz Negra”, todas a preto e branco, com um domínio da luz único, que revelam aspetos quotidianos e culturais de três tribos do Quénia e Tanzânia: Maasai, Pokot e Samburu. Ao privar com elas, entre 2011 e 2012, Robério Braga ficou impressionado com os seus costumes e crenças, verdadeiros símbolos de resistência na preservação de tradições ancestrais cheias de significados. As riquezas singulares do nosso mundo, dos nossos micro-mundos. “Os adornos feitos pelas mulheres da tribo Maasai, por exemplo, carregam um mundo rico em códigos sociais que se materializam em belas formas, cores e padrões. Antes feitos de sementes, fibras vegetais e couro de zebras, leões, gnus e outros animais selvagens, hoje empregam miçangas plásticas, nylon e tecidos. Muda-se o significante, mas não o seu significado”, analisa o fotógrafo.
Na série “Luz Negra”, Robério Braga retrata o universo de signos, do Quénia por ele vivido e sentido, num jogo de luz e sombra que obteve com a subexposição luminosa, fotometrando pelos adornos e não pela pele de cada um deles. São fotografias a que o seu olhar fica sem fechar. “Trabalhar a luz sempre foi uma prioridade para mim, assim como fazia o meu avô Mendonça Filho (1895-1964), pintor expressionista baiano, que iluminava com maestria as marinhas de Salvador com seu pincel. Apesar de não pintar com o tradicional pincel, igual ao do velho artista que nunca conheci, hoje gosto de pensar que pinto com outro tipo de pincel. O pincel da luz. Como num quadro, cada clique é como se fosse um quadro único. Assim como os Maasai, Samburu e Pokot, mudo o significante mas não o seu significado: a luz. O que me encantou nessas tribos foi exatamente isto, a luz própria que delas emanava, belíssima luz negra”, observa.
É uma exposição que não deve deixar de visitar. É obrigatório viajar nesta fotografia de luz negra. A ver, até dia 2 de novembro. •
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© Fotografias: Robério Braga.