O english breakfast e o sunday roast são o prato forte, assim como o tradicional fish & chips e o bife Wellington, com presença assídua na carta. Para acompanhar o repasto ou a conversa com os amigos há que escolher entre 16 cervejas premium e uma portuguesa, 17 gins ou vinho a copo. Mas há mais, para degustar, desde o meio-dia até noite dentro, na baixa lisboeta.
As arcadas e a cantaria pombalinas, assim como as mesas, de tampo forrado em pele, e as cadeiras, muitas das quais, diferentes, dão ar da sua graça ao The George, o pub britânico que promete estar de portas abertas “365 dias por ano”. A garantia é dada por Gonçalo Bita Bota, o sócio-gerente, que fez questão de explicar o porquê do nome: “Uma homenagem ao pai, Jorge [Bita Bota], e ao futuro rei de Inglaterra.”
É “um negócio de família”, no qual entra também o pai, a irmã e o irmão de Gonçalo Bita Bota que, depois de sete anos a viver em Londres, sentiu a necessidade de trazer o pub inglês para a cidade das sete colinas onde, diz, “não havia um pub verdadeiramente britânico – há os pubs irlandeses, mas ingleses não havia”.
A ideia surgiu numas férias passadas com família, em Lisboa, que lhe pareceu bem diferente da Lisboa de outrora, “numa altura em que andava à procura de um pub em Londres”, onde foi gestor de um pub durante cinco anos, mas seria “mais um” em terras de Sua Majestade. Por isso, os quatro sócios adquiriram uma antiga hamburgueria da rua do Crucifixo, em Lisboa – já antes fora o armazém da Papelaria Fernandes –, cidade onde se fixou de malas e bagagens desde outubro de 2014, e meteu mãos à obra – “foram dois meses de obras feitas de raiz” –, transformando-a num bar de estilo inglês.
A barriga de porco, pelo chef Richard Gonzalez
Da entrada, onde as boas-vindas são dadas com uma passadeira vermelha, no exterior, vê-se o bar, feito por medida e com a ajuda de André Alves, que também entrou na escolha das garrafas, oriundas de muitos cantos do mundo. “Há uma grande variedade de gins – são 17, ao todo – e de wiskies, dos quais o melhor é um japonês.” E há também cidra, sendo que uma, de marca sueca, vale a pena provar.
A carta de néctares de Baco, elaborada com o apoio do enólogo Nuno do Ó, é composta, “maioritariamente, por vinhos portugueses, além dos ícones do mundo, como os franceses, de Borgonha e Bordéus”, dos quais uma ínfima parte é servida a copo – “cinco tintos, cinco brancos e dois rosés” –, tal como a aguardente vínica, Louis XIII, “a nossa coqueluche”, continua Gonçalo Bita Bota.
Sobre as estrelas do The George, o sócio-gerente faz questão de afirmar que foi feita uma seleção de “16 cervejas premium de todo o mundo”, entre as quais “há uma do Cazaquistão”, duas inglesas e a considerada umas das melhores do mundo, oriunda de Itália, além da portuguesa, a única que consta na lista.
Tudo boas razões para um final de tarde no lounge, com um ambiente acolhedor e uma decoração vintage, contíguo à sala do bar, onde são servidos os repastos, muitas vezes acompanhados de boas sonoridades ao vivo, exceto à segunda e ao sábado. A juntar à música, que se ouve dos dois televisores existentes no bar, está prevista uma agenda de atividades, bem como a exibição dos campeonatos britânicos, ou não fosse o The George um pub inglês, um bom pretexto para um fim do dia animado, com os amigos.
O fish & chips, um dos “britanismos” que Gonçalo Bita Bota fez questão de constar na carta
Enquanto o sino, no bar, não toca, e uma vez que o The George é “gastro-pub”, nas palavras do sócio-gerente que, em tempos, fez cozinha, “uma grande paixão”, falemos da carta. “Uma ementa mundial”, pois tem descritos “pratos de todo o mundo, dando ênfase aos pratos tipicamente britânicos”, daí o bife Wellington, o fish & chips ou o english breakfast e o sunday roast, com “uma apresentação mais gourmet”, ressalva Gonçalo Bita Bota. Sob a batuta do chef uruguaio Richard Gonzales, que está “em Portugal há 14 anos”, a cozinha do The George já tem pratos que são “um sucesso”, como o ceviche peruano, os nachos e o english breakfast.
A reinterpretação do bife Wellington
Da nossa parte, a escolha recaiu no carpaccio de novilho, que merece a prova no início do repasto e na sala de quinoa, e ambos complementaram o trio das entradas, composto também por um carpaccio de bacalhau que faz jus ao velho ditado, pois é “de comer e chorar por mais”. A barriga de porco e a reinterpretação do bife Wellington fizeram as delícias dos comensais, assim como o fish & chips, acompanhados por um molho que casa bem com os protagonistas do prato, o peixe e as batatas fritas.
Para acompanhar, além da cerveja, a cidra recebeu vénias no almoço.
Pastel de nata, pastel de pêra rocha, sorbet de frutos vermelhos, sorbet de limão e marquise de chocolate, para adoçar o palato
Para o final do repasto, o chefe Richard Gonzalez preparou uma sobremesa múltipla, a fim de dar a provar os sabores gulosos da sua cozinha, como o pastel de pêra, a marquise de chocolate e o tentador pastel de nata, reinventado, e bem, pelos sabores que permanecem em sintonia na boca.
O The George fica no n.º 58 da rua do Crucifixo, em Lisboa,
+ The George
© Fotografia: João Pedro Rato
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