“Satélites”, a mais recente criação da dupla Sofia Dias & Vítor Roriz, sobe ao palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), em Guimarães.
Sofia Dias & Vítor Roriz desenham uma dança com as palavras, um jogo que balanceia entre o centro e a periferia, uma alusão à órbita, essa linha imaginária que um corpo percorre ao redor de outro por força da gravidade. “Satélites” é um espetáculo para quatro intérpretes da dupla Sofia Dias & Vítor Roriz. Neste aguardado novo projeto, os coreógrafos continuam a sua pesquisa sobre a palavra como matéria dúctil; o corpo oscilante entre sujeito e objeto; a cenografia enquanto elemento móvel; a voz e o canto como aquilo que “extravasa” dos corpos. Neste trabalho, e com o rigor a que já habituaram o público, Sofia & Vítor buscam em alguns aspetos formais a sua impressão digital para a criação artística. A repetição, a transformação e a simultaneidade são as ferramentas que Sofia Dias & Vítor Roriz têm vindo utilizar na procura de materiais que se destacam pela sua precisão, obsessão e desvio das lógicas de composição e interpretação.
© “Satélites” por Margarida Dias.
Os dois criadores explicam que durante o processo de criação sentiram “a necessidade de incluir mais um intérprete em cena. Um ponto de fuga que quebrasse a regularidade do dueto, uma presença na periferia, que oscilasse entre a observação, pontuais interferências na ação dos outros intérpretes e a ativação funcional da cenografia.” O título para o projeto também surgiu de forma orgânica e quase inesperada: “num dado momento referimo-nos a esse intérprete – o Filipe Pereira – como o ’Satélite’“. “Satélites” é uma imagem para o que é periférico, para o movimento da e na periferia. Um movimento em relação a um centro que nunca se nomeia e cujo lugar não se determina. Como se fosse possível cartografar um planeta a partir das irregularidades das órbitas dos seus satélites; esquecendo as leis gravitacionais que tutelam esses movimentos e imaginando órbitas sensíveis às mais ínfimas variações do terreno. Porém, não interessa mais o centro que a periferia, mas a possibilidade de se influenciarem reciprocamente. Pensaram, então, no movimento da periferia como uma narrativa sobre o centro. Um centro de contornos imprecisos, uma nebulosa a partir da qual a narrativa vai adivinhando e distorcendo formas. Em palco no próximo dia 30 de maio, sábado, às 22h00.
© Mimicat.
De recordar também que esta sexta-feira, 29 de maio, a partir da meia-noite, o Café CCVF recebe Mimicat, alter-ego de Marisa Mena, que constrói nesta personagem todas as referências que a transformaram na artista que é hoje. Apaixonada pelas décadas de 40 e 50, Mimicat bebe dessa época as influências musicais. Depois de um longo percurso musical, que começou na infância e que a levou até aos Casino Royal, Marisa lança-se num projeto a solo que tem sido muito bem acolhido pela crítica e pelo público. As músicas que escreve inspiram-se na sua vida, mas também nas histórias dos amigos que a rodeiam e o amor é sempre o tema porque é isso que a move.
+ CCVF
© Fotografia de destaque: Margarida Dias.
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