Trauernacht, Cantatas de Bach / Gulbenkian

Cantatas de Johann Sebastian Bach: Trauernacht. É o que se segue, e bem, no Grande Auditório da Gulbenkian.

Katie Mitchell, encenadora britânica fascinada pelo mundo de Bach, quem não o é, tinha encenado, em 2007, a “Paixão segundo São Mateus” no Festival de Glyndebourne. Em 2014, regressa ao universo de Bach com “Trauernacht”, na companhia do maestro Raphaël Pichon, exaltando a sua energia dramática e vital, num diálogo constante com a morte, a finitude.

Katie Mitchell e Raphaël Pichon selecionaram árias, recitativos e coros elaborados em várias cantatas de Bach, entrelaçando-as num espetáculo único de aproximadamente de 75 minutos, com uma estrutura de uma longa cantata litúrgica em torno da ideia da morte, o medo e as questões que o luto coloca e por fim, a aceitação da finitude. Trauernacht coloca em palco os vários membros de uma família que enfrentam a morte: quatro jovens adultos que se confrontam com a figura do pai e que se questionam sobre o fim da vida.

No coração do trabalho prolífico e poderoso de Johann Sebastian Bach (1685-1750), as cantatas ocupam um natural lugar de destaque. Bach compôs mais de duzentas cantatas, a grande maioria para a Igreja de Leipzig, Alemanha, onde desempenhou a função de Kantor, facto que exigiu que o brilhante músico escrevesse, todas as semanas, uma nova cantata para textos selecionados consoante a época do ano litúrgico.

Bach também compôs cantatas sacras, para funerais ou casamentos, e algumas cantatas seculares para aniversários ou ocasiões especiais. Estas obras para instrumentos e cantores solistas são baseados em textos inspirados da Bíblia assim como da poesia pietista. Implementam um verdadeiro drama espiritual, como por exemplo, colocando em diálogo a Alma e Jesus, diálogos ricos e ao mesmo tempo inquientantes. A alternância de árias, recitativos, duetos, coros e corais formam uma estrutura geralmente construída num percurso que vai da dúvida angustiada ao apaziguamento pela fé, pela crença. A encenação destas cantatas tem assim um sentido muito próprio, ao destacar a teatralidade sentida e constante da música de Bach.

Trauernacht é uma produção do Festival d’Aix-en-Provence e da Académie Européenne de la Musique, em coprodução com Fundação Calouste Gulbenkian, Dutch National Opera, Opéra National de Bordeaux e Wiener Festwochen, com o apoio da rede enoa.

Ensemble Pygmalion: Raphaël Pichon (direção musical); Katie Mitchell (encenação); Vicki Mortimer (figurinos e cenografia); James Farncombe (luz); Robin Tebutt (assistente de encenação); Myriam Arbouz (soprano); Marian Dijkhuizen (meio-soprano); Rupert Charlesworth (tenor); Andri Björn Róbertsson (baixo).

A ir, no próximo dia 19 de novembro, pelas 21h00, no Grande Auditório da Gulbenkian. •

+ Gulbenkian Música
© Fotografia: Trauernacht Festival d’Aix-en-Provence 2014 por Patrick Berger ArtcomArt.

Partilhe com os seus amigos: