Nuno Ladeiro, arquiteto, escreve-nos, por mão própria, a memória descritiva que apresenta a sua Cadeira Portuguesa redesenhada, recriada.
Antes de dar a escrita a Nuno Ladeiro, caso queira recordar, tem aqui o artigo sobre a Exposição: “Homenagem à Cadeira Portuguesa”. Que se dê a palavra ao criativo:
Redesign da Cadeira Portuguesa.
Design de Nuno Ladeiro.
Edição Colico, Itália.
A Cadeira metálica das esplanadas portuguesas adquiriu contornos de identidade nacional. Desde sempre, intelectuais, artistas e cidadãos comuns, convivem nas esplanadas e sentam-se comodamente nesta cadeira. De design anónimo, provavelmente, terá sido inspirada nas cadeiras de tubo de aço curvado de alguns dos pioneiros do design, como René Herbst, Marcel Breuer, Mies van der Rohe e Mart Stam, entre outros. O sucesso da Cadeira Portuguesa está na sua estrutura tubular composta apenas por dois elementos: uma estrutura principal em tubo de aço curvado que compõe as pernas posteriores prolongando-se até ser apoio para os braços e contorno superior do encosto e um outro tubo também de aço curvado, que define as duas pernas da frente e serve de contorno posterior ao assento. Citando o teórico Tomás Maldonado (2016), “Os arquitetos e designers modernos, relacionaram as formas com a necessidade de produção e as formas simples e representativas, associaram-se a certas funcionalidades”.
Foi após a 2ª guerra, que os empresários europeus abriram as suas empresas dedicadas à produção de objetos de design industrial e à produção em massa de objetos de uso diário. Para esta geração de industriais foi fundamental associar uma estética aos objetos de utilização comum e de baixo custo. Surgiu assim, uma corrente de expressão estética baseada na igualdade, harmonia e equilíbrio, à qual podemos associar a Cadeira Portuguesa.
O redesign da Cadeira Portuguesa inspira-se na estrutura original de tubo de aço curvado mas apresenta uma tecnologia inovadora, integralmente em polipropileno de injeção assistida por gás (Azoto). No molde é introduzida uma agulha que se posiciona no interior do polímero ainda quente. O polímero em contacto com a parede do molde vai solidificando e o gás consegue “empurrar” apenas o material quente que ainda se encontra num estado pastoso no centro da cavidade, de modo a completar a restante área de enchimento do molde. A pressão do gás no interior da cavidade força o polímero contra a parede interior do molde e, tendo a mesma pressão em todos os pontos, resulta no recalque exato da superfície interior do molde (cavidade). A contração do polímero provocada pelo processo de solidificação é compensada pelo gás, eliminando imperfeições e diminuindo o tempo de arrefecimento. Assim, o tubo de polipropileno será também curvado e o encosto ligeiramente reclinado a terminar no assento conforme a original mas muitíssimo mais leve.
Nuno Ladeiro.
+ Dimensão Nova
© Imagem de destaque: Nuno Ladeiro – “Redesign Cadeira Portuguesa”.
Partilhe com os seus amigos: