No ano em que o Conservatório de Música de Coimbra comemora o seu 30.º aniversário, as Quintas do Conservatório, organizadas pela Associação de Amigos do Conservatório Coimbra (A2C2), antecipam e anunciam a chegada da (desejada) primavera com mais uma temporada e um alinhamento bem diverso.
Nesta nova temporada de Quintas do Conservatório, a A2C2 sublinha “a profunda e cada vez mais enraizada ligação ao Conservatório, integrando na programação o concerto comemorativo do 30.º aniversário da Escola bem como os concertos integrados nas semanas temáticas da sua atividade pedagógica e cultural, reforçamos as parcerias que temos vindo a construir e reiteramos a divulgação do auditório atraindo e acolhendo músicos de mérito reconhecido“. Entre os dias 3 de março e 26 de maio a A2C2 – subirão ao palco do Auditório do Conservatório “músicos com carreiras consagradas e em início de carreira, músicos professores e em formação, que nos oferecem um conjunto de temas de diferentes estilos musicais“. Assim, que se fique a conhecer o programa para o mês que hoje começa.
No dia 3 de março começa a temporada com Nathalie. Fadista luso-americana, Nathalie é já considerada a nova “voz” do fado e apresentará, em Coimbra, o seu último trabalho, “Fado Além” e consigo levará um convidado de gabarito, Camané. O timbre brilhante, a presença em palco e o sentimento que transmite nas suas interpretações são marcas indeléveis desta fadista que será acompanhada por Ricardo J. Dias ao piano (Carlos do Carmo, Fausto, Jorge Palma, Sérgio Godinho, Brigada Victor Jara, Filipa Pais, Cristina Branco, Ricardo Dias Ensemble), José Manuel Proença na guitarra portuguesa (Carlos do Carmo, Camané, António Zambujo, Ana Moura, Aldina Duarte, Cristina Branco, Mísia), Carlos Manuel Proença na viola (Custódio Castelo, Hélder Moutinho, Camané, Cristina Branco, Aldina Duarte, Pedro Moutinho, António Zambujo) e Bernardo Moreira no contrabaixo (Moreiras Quinteto, Paula Oliveira, Mário Laginha Trio, Cristina Branco, Ricardo Dias Ensemble).
A 10 de março é quinta-feira de João Afonso apresentar “Sangue Bom”, “uma pitanga de verde-mar construída como uma narrativa de histórias e mistérios” que “congrega dois escritores e um músico-cantor, todos sem pátria definida“. João Afonso, o cantautor, trabalha com as palavras de Mia Couto e José Eduardo Agualusa e dá-lhes ritmo com a cadência da sua voz, “como quem se senta na mesma varanda e fica a desfiar conversa, cantada“: “E fomos, os três, nessa cantiga. Culpa do João: nunca mais houve regresso” (Mia Couto).
No dia 17 de março, chega Márcio Faraco, talento da Música Popular Brasileira, radicado em França há mais de 20 anos, com “Cajueiro” (World Village/Harmonia Mundi / 2014) na bagagem. Um trabalho onde “confluem todas as suas influências sul-americanas (xote, samba de roda, milonga, chacarera) e o swing europeu“. Faraco não é um nome estranho à música nacional, não tivesse ele escrito “Guia”, a faixa-título do quarto álbum de António Zambujo. Em “Quinto”, Zambujo canta “Fortuna” e “Nau-Frágil”, de que Márcio Faraco também é autor. Na sua carreira conta com parcerias de Chico Buarque em “Ciranda” e de Milton Nascimento, no álbum “Um Rio”.
A 24 de março, quinta-feira santa, realiza-se o concerto de canto e piano em que Carla Caramujo – soprano, Manuel Araújo – pianista, Luís Rendas Pereira – barítono e Catarina Peixinho – pianista, dão vida a um programa dedicado à Paixão e Páscoa de Cristo. A música é de Pergolesi, César Franck, Haydn, Liszt, Bach, Brahms, Fauré e Gounod. O concerto concretiza uma parceria com a Academia Internacional de Música Aquiles Delle Vigne.
A 31 de março ouviremos o Bossarenova Trio com Samba prelúdio. Este trio transatlântico junta Paula Morelenbaum, voz da bossa nova que escusa quaisquer apresentações e que trabalhou com Tom Jobim, a dois músicos de excepção alemães: o conceituado pianista Ralf Schmid e Joo Kraus, um dos melhores trompetistas europeus da atualidade. O Bossarenova Trio oferece-nos “uma combinação das heranças musicais brasileira e alemã num trabalho único que combina a bossa nova, o jazz e a música clássica, de Tom Jobim e Villa Lobos a Schubert e Schumann“. O álbum “Samba Prelúdio” atraiu, naturalmente, a atenção de diversas revistas de jazz e recebeu críticas entusiastas. A si, cabe-lhe não perder este concerto… mesmo que o sofá esteja bem apetecível.
Em Coimbra há música, muita. Há concertos sem fim e um Conservatório espera por si para celebrar 30 anos a formar talentos, a ensinar a respeitar a música e a cultura, e a encantar. Para já fica março apresentado… Para breve abril e maio. •
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© Imagem: pormenor do cartaz de divulgação.
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