Portuguese Jewellery Newborn foi o mote que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal encontrou para dar a conhecer jovens criadores, e não só, no sentido de trilhar caminho dentro e fora de portas.
Os livros que são reinterpretações de lugares que inspiram o trabalho de Patrícia Iglésias
Iglezia, Bruno da Rocha, Sopro, Ana João Jewelry, Minha Joia Atelier, Inês Telles Jewelry, Joana Ribeiro, Nuuk e Mater são os nomes que a Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) quer mostrar a Portugal e ao mundo, pois além do talento e do saber-fazer, é notória a criatividade e o design em cada peça, dualismos que conferem o denominador comum entre os nove criadores que representam o sangue novo da joalharia portuguesa.
Para o efeito, o desfile das apresentações feito pela AORP aconteceu na Sala Sacarrão, do Museu de História Natural e Ciência de Lisboa, onde um ovo gigante – instalação da autoria de João Vilhena integrada na exposição intitulada “Trilogia d’ovo”, entre julho e agosto de 2015 – serviu de mote para conferir que a joalharia portuguesa está a sair da casca.
Comecemos com Iglezia, de Patrícia Iglésias, designer de jóias portuense de 39 anos, que conta histórias apaixonantes e viagens incríveis e emocionantes através das peças feitas à mão, com a imaginação que dá corda aos dedos e a dedicação que o ofício exige. Patrícia Iglésias tem a Escola Soares dos Reis no percurso pela joalharia, ofício que é paixão complementada pelo curso de escultura, na Faculdade de Belas Artes do Porto, e pelo de joalharia no Centro de Joalharia do Porto.
Os elementos orgânicos transformados em objetos intemporais pelas mão de Bruno da Rocha
Bruno da Rocha é o senhor que se segue. Doou o nome à marca que fundou em 2005 e, desde cedo, se aventurou além fronteiras através da participação em feiras internacionais com as suas peças, ora minimalistas, ora exuberantes, e sempre inspiradas em elementos orgânicos ou na arquitetura, entre outros objetos, sempre com um toque de sensualidade. Assim, e para além de Portugal, o nome Bruno da Rocha propaga-se por outros países, como a Finlândia, França, Itália, Espanha, Lituânia, Angola e China já depois de uma viagem longínqua no tempo em que a arte da joalharia marcava os primeiros passos, nos idos anos 1980’, na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, e no Centro de Formação Profissional da Indústria de Ourivesaria e Relojoaria (CINDOR), em Gondomar.
Andreia Quelhas Lima trouxe a leveza de um Sopro para a joalharia
Em contraponto está a Sopro, a representação da leveza da matéria orgânica “para princesas”, nas palavras de Andreia Quelhas Lima, a criadora do projeto concebido em paralelo com a Escola de Joalharia Alquimia-Lab cuja direção cabe a Carla Solheiro, e que continua a dirigir esta ideia traduzida em peças delicadas e que traduzem tendências sob a premissa de day-to-day jewellery sendo esta destinada a mulheres que não dispensam “o pormenor” e o requinte mais puro da joalharia.
Peacock, o pendente que pavoneia sensualidade aos olhos de Ana João
Por sua vez, Ana João, designer de produto natural de Matosinhos que, em paralelo à luminária, criou a Ana João Jewelry depois de uma passagem por uma conceituada marca de ourivesaria portuguesa contando, hoje, com três coleções: Teddies, protagonizada por ursos que ornamental colares e anéis; Peacock cujos brincos, os anéis e os pendentes traduzem o revivalismo sedutor da art déco; e Sweet Monster, com delicadas penas de tons suaves.
A natureza nas criações de Tânia Nunes para a Minha Joia Atelier
A criação artesanal define a marca Minha Joia Atelier, de Tânia Nunes, natural de Vila do Conde, cujo ofício incide sobre a feitura de peças inspiradas na filigrana ou nos revenidos, técnicas tradicionais de joalharia e ourivesaria complementadas ou feitas em paralelo com outras, como o crochet ou as rendas de bilros, e com uma linguagem contemporânea e irreverente.
A desconstrução das formas por Inês Telles
Do norte passamos, agora, para Lisboa, com Inês Telles Jewelry que, depois de terminar a Licenciatura em História da Arte criou, em 2009, a Inês Telles Jewelry transportando, assim, a leveza através de formas desconstruídas e simplificadas, e detalhes que primam pela elegância e se fundem com o corpo. Em 2010, a marca avança para várias cidades do mundo a partir da sua atual oficina num bairro histórico da capital portuguesa.
Os corais são uma das paixões de Joana Ribeiro
Após uma pausa, regressemos ao Porto com Joana Ribeiro, natural de Matosinhos e que, com o mesmo nome, concebe peças inspiradas na natureza e nas formas orgânicas, privilegiando o trabalho em prata conjugada com outros materiais, como o quartzo, as pedras, as tintas, entre outros. Um trabalho concretizado depois da formação em Design de Joalharia pela ESAD – Escola de Artes e Design, de Matosinhos, a qual complementou com um mestrado em Design de Produto.
A contemporaneidade saída das mãos da dupla Paula e Joana Carvalho
É também no Porto que são desenhadas e produzidas as peças da NUUK, marca de joalharia contemporânea fundada, em 2014, por Paula e Joana Carvalho, mãe e filha, cuja forma incide na geometria, no traço retilíneo, que conferem um estilo de vida moderno.
O arrojo de uma joalharia de autor assinada por Sara Coutinho
Em 2015 chegou a vez da Mater, a origem da matéria e a origem do sonho de Sara Coutinho, com uma experiência marcante na vertente da alta joalharia e que, nesta nova etapa profissional desdobra o real no imaginário concebendo-o com requinte exigido a uma marca de joalharia contemporânea, tendo esta nascido no âmbito do ANJE Startup Accelerator, desenvolvido pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários.
Após esta exposição, estará ou não a joalharia portuguesa a sair da casca?
+ AORP
© Fotografia: Anna Balecho
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