Jean-Pierre Leloir, o jazz conheceu muitos fotógrafos, mas nenhum igual a ele. Aquele que é considerado o maior fotógrafo francês na área do retrato, especialmente de músicos de jazz, tinha uma habilidade rara de conquistar a confiança dos grandes artistas.
“Não era apenas um fotógrafo; mais do que isso, era um guardião da história do jazz. Como resultado, este álbum contém centenas de estórias que iluminam a vida daqueles que nestas páginas habitam.” diz Quincy Jones. “Jean-Pierre Leloir era um músico, mas a escolha do seu instrumento era uma câmera, que ele nunca pôs de lado.“, afirma Michel Legrand.

© Bill Evans por Leloir
E, o próprio diz, “Se a música é boa, as imagens têm que ser boas.” Jean-Pierre Leloir, (1931-2010), foi um fotógrafo nada comum. As suas fotografias, tiradas nas décadas de 1950 e 1960, conseguem evocar preciosos sentimentos aos amantes de música. São fotografias carregadas de uma alma que pouco conseguem captar. São retratos que transpiram música que poucos conseguem tocar. Jean-Pierre Leloir especializou-se em retratar músicos em momentos de grande intimidade, inacessíveis para a maioria dos fotógrafos da época. Qual o seu segredo? Ele mesmo o disse: “Adoro as pessoas que fotografo”.
Ao Forum Fnac Chiado, na quarta-feira, 26 de abril, pelas 18h30, dar-se-á a apresentação da coleção “Jazz Images –Jean-Pierre Leloir”, o jazz como nunca o viu. Por ocasião das comemorações do dia internacional do jazz, a 30 de abril, e com o objectivo de divulgar os álbuns mais lendários da história do jazz esta apresentação integra a coleção “Jazz Images – Jean Pierre Leloir”, cujas capas foram elaboradas a partir das fotografias de um dos maiores fotógrafos do género. Porque o jazz não é só para ser ouvido…
Farão parte do painel João Almeida (diretor da Antena 2), Manuel Jorge Veloso ( programador de rádio, ex-crítico de jazz e músico) e Bernardo Moreira “Binau” ( músico e professor). Uma exposição que vai ter de visitar pelo que mostra pela primeira vez ao público português o portfólio de 18 fotografias, a cores e a preto e branco, de um dos mais consagrados fotógrafos franceses. Primeiramente apresentadas, como já referimos, no Forum Fnac Chiado irão posteriormente “viajar”, durante 2017, pelas mais importantes lojas Fnac (esteja atento). Na inauguração de dia 26 de abril estará presente Marion Leloir, filha do fotógrafo.

© Ornette Coleman por Leloir
“Jean-Pierre Leloir aparece no documentário de 2001 ‘The Miles Davis Story’ – gravata apertada, óculos redondos e bigode distinto e robusto: fácilmente confundível com qualquer professor de liceu. Por breves momentos aparece no ecrã, a expressar-se em inglês, com sotaque musical parisiense, descrevendo a experiência europeia dos músicos afro-americanos, especialmente em França, naquela época de liberdade incomum.
Num certo momento o entrevistador tenta orientá-lo para utilizar a palavra ‘respeito’, mas Leloir foca-se na ideia de ‘liberdade’ – a liberdade de ser e fazer sem receios, na música como em qualquer outra forma de expressão criativa. ‘Sim, liberdade, respeito’, afirma claramente preferindo dizê-lo à sua maneira. ‘Todos eles foram aceites como músicos, mas mais importante eram livres.’
Naturalmente ambos estavam corretos – os músicos afro-americanos viajaram, e regressam continuamente à Europa, por todas essas razões; para criar música que é apreciada e envolverem-se num ambiente livre de restrições e sombras raciais. Mas gosto como, naqueles breves segundos, a natureza interior de Leloir não pode deixar de revelar-se: era forte e obstinadamente independente. Estava ferozmente dedicado a um ideal de expressão criativa e individual. Observava o mundo com os seus aspectos positivos e negativos e marcou a linha entre os dois com clareza.
Não há dúvida de que os músicos reconheceram isso em Leloir. As suas fotografias, em particular de grandes nomes do jazz, reflectem um sentimento de respeito mútuo. Quando sabiam que a objetiva estava presente também tinham a noção do homem que estava por detrás dela. Leloir enquadrou os músicos de uma maneira que honrava e comemorava o seu estatuto.
Lembro-me de ir visitar Leloir ao seu estúdio, perto de La Bourse, e olhando para as fotografias tiradas num concerto, no L’ Olympia em 1960 – raras imagens de John Coltrane aquando da sua última digressão com o quinteto de Miles Davis. Perguntei-lhe o que guardava desses momentos: da música, da reação do público. Olhou pensativo para uma das fotos: ‘Lembro-me que tive sérias dificuldades em encontrar o ângulo correto. Necessitei de contornar outros fotógrafos que por ali andavam aglomerados junto ao palco. Mas veja o que consegui…’ Ashley Kahn. Este texto tínhamos de vos passar na integra.
A ir, no dia 26 de abril, a seguir de perto a agenda cultural Fnac para visitar a exposição, quando esta chegar a uma Fnac perto de si. Jean-Pierre Leloir, uma exposição a não perder. •
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© Fotografia: Billie Holiday por Jean-Pierre Leloir.
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