“Slow Design” uma exposição da designer brasileira, Inês Schertel, inaugura no Espaço Espelho D’Agua, em Belém, neste abril.
Foi em Milão, na reputada Galleria Rossana Orlandi, que a designer brasileira, Inês Schertel, arquiteta de formação, descobriu a técnica milenar do trabalho em feltro de lã, que então daria um novo rumo ao seu processo de trabalho. Feito por meio da fricção das fibras de lã, o tapete que Inês Schertel viu no showroom da curadora italiana, foi a peça que esteve na origem da sua motivação para viajar até ao Quirguistão, para aprender a técnica, junto de mestres artesãos das tribos nómadas, experimentando, pela primeira vez, este processo artesanal.
Uma técnica, com mais de três mil anos, em que a lã é pressionada manualmente, com sabão e água, até formar uma peça, através de uma sobreposição de camadas, que então se unem, formando assim o feltro artesanal. Foi este o processo de produção que Inês começou a utilizar quando do seu regresso ao Brasil, dando um novo destino à lã das cerca de trezentas ovelhas do seu rebanho, que eram anualmente tosquiadas na sua propriedade, em São Francisco de Paula, cidade no extremo sul do Brasil, passando a dar uso a tamanha quantidade de lã, que até então era descartada.
Foi neste contexto, que Inês Schertel começou a criar as suas peças, exclusivamente feitas com lã de ovelha e trabalhada manualmente, utilizando um processo sustentável, de slow design, e usando a lã, fibra 100% natural e 100% renovável, na produção do seu trabalho. Desde a obtenção da matéria-prima até à produção das suas peças, a designer transforma pedaços de fibras de lã pura, aproveitando um material nobre, através de um processo sustentável, homenageando uma tradição ancestral, transformando em peças de design contemporâneo.
De há quatro anos para cá, Inês começou a transformar esta matéria-prima em candeeiros, bancos, cestos e acessórios de moda, tingidos naturalmente com as plantas e as cascas das árvores da região. Um trabalho solitário, que às vezes requer força, como acontece no momento de lavar a lã para eliminar a gordura animal, entre outros processos artesanais que requerem perícia e técnica, para pentear a lã no tambor de pregos antes de iniciar a feltragem. Um processo que Inês entende como sendo um ritual, que faz com que nenhuma peça seja igual: “Muitas vezes a lã parece ter vontade própria e me leva a novos caminhos”.
Únicas e originais, produzidas de forma sustentável, as peças criadas por Inês Schertel, que atuou durante longos anos como cenógrafa, serão agora apresentadas, pela primeira vez, em Portugal, na exposição “Slow Design”, patente de 13 de abril a 29 de maio, no Espaço Espelho D’Água.
Uma mostra, composta por 21 peças e uma instalação concebida especificamente para o efeito, através da qual, a designer brasileira se propõe celebrar o encontro entre a tradição ancestral e a contemporaneidade, que estão na origem do seu trabalho. Não é por acaso, que Inês Schertel se tem revelado uma das referências do design brasileiro além fronteiras, com reconhecimento dentro e fora do país.
A visitar “Slow Design | Inês Schertel” no Espaço Espelho D’Água – Av. Brasília, no 210, Belém – das 11h00 às 00h00. Alinha? •