Os “Serões Musicais no Palácio da Pena” estão de regresso com ano cinco programas, o que perfaz um total de oito concertos. Ao longo de cinco fins-de-semana, no próximo mês de março e sempre às 21h00, o Salão Nobre do Palácio irá reviver o ambiente cultural que ali se respirava no século XIX, trazendo à memória os serões promovidos por D. Fernando II, o “rei-artista”, e sua segunda mulher, a Condessa d’Edla. É a não perder.
A 4.ª edição dos Serões Musicais abrirá com o Trio Pangea, um ensemble que une um pianista e violinista franceses (pai e filho) ao violoncelo de Teresa Valente Pereira. Seguir-se-ão três programas que cujo denominador comum é o canto e a presença do pianista João Paulo Santos. Em cada um deles, o público será levado a paisagens tão díspares como: Brasil, França e Espanha. A conceção de duas destas propostas é partilhada entre João Paulo Santos e a musicóloga Luísa Cymbron. Para terminar, a meio-soprano escocesa Karen Cargill, uma presença regular em teatros de ópera, referências mundiais, apresentar-se-á nesta ocasião em Portugal com um recital em que, acompanhada do pianista Simon Lepper, aborda a ‘mélodie’ francesa e as ‘Canções de Wesendonck’, de Richard Wagner.

© Karen Cargill por K K Dundas
O primeiro serão musical, nos dias 02 e 03 de março, assume-se como uma homenagem a José Vianna da Motta (1868-1948), renomado pianista e compositor que na sua meninice subia ao Palácio para tocar para D. Fernando II. Foi uma bolsa real que permitiu a Vianna da Motta ir para a Alemanha estudar, nomeadamente com Liszt, e iniciar uma brilhante carreira internacional de pianista. No seu programa, o Trio Pangea inclui o ‘Trio em Si menor’ do compositor português e duas obras de Robert Schumann (1810-1856), compositor alemão que muito influenciou Vianna da Motta.
Nos dias 09 e 10 de março, ocorrerá o primeiro de três programas concebidos por João Paulo Santos, com colaboração, em dois casos, da musicóloga Luísa Cymbron. O primeiro tem por título “Cruzando o Atlântico: a música entre Portugal e o Brasil, da chegada da corte aos alvores do modernismo” e lança um olhar sobre as relações culturais mantidas por Portugal e Brasil ao longo de todo o século XIX. Para empreender esta viagem, estarão em palco as sopranos Mariana Castello-Branco e Dora Rodrigues, e o barítono Diogo Oliveira, todos presenças habituais no palco do Teatro Nacional São Carlos ou da Fundação Calouste Gulbenkian. O acompanhamento ao piano será assegurado por João Paulo Santos.
No fim de semana que se segue, a 17 de março, a viagem é até para Paris. O 2.º programa proposto por João Paulo Santos intitula-se “Da ‘Mélodie’ à ‘Comédie’” e propõe uma panorâmica de dois géneros intrinsecamente franceses: a canção de câmara, género por excelência do salão aristocrata; e o teatro de ‘boulevard’, género popular. A interpretá-lo estará a soprano Cecília Rodrigues, galardoada em setembro último com o Prémio Jovens Músicos da RTP, acompanhada de João Paulo Santos.

© Trio Pangea porJoao Vasco
O terceiro e último programa idealizado por João Paulo Santos contou igualmente com o apoio de Luísa Cymbron e realizar-se-á nos dias 23 e 24 de março. Pretende o mesmo redescobrir o intenso intercâmbio cultural que existiu entre Portugal e Espanha, grosso modo entre 1850 e o primeiro terço do século XX. Sob o título “‘De Espanha, nem bom vento…’: o mundo musical ibérico entre o romantismo e a Belle Époque”, evoca-se os compositores e instrumentistas espanhóis que se apresentavam em Portugal, assim como os muitos músicos portugueses que atuavam em Madrid, Sevilha e noutras cidades e paragens de Espanha. E não se esquece, claro está, a zarzuela! Os intérpretes serão dois conhecidos cantores líricos portugueses: a soprano Sónia Alcobaça e o tenor Mário João Alves. Como habitual, João Paulo Santos fará o acompanhamento ao piano.
Os Serões Musicais encerrarão com chave de ouro com a visita da meio-soprano Karen Cargill. A cantora escocesa venceu, em 2002, o prestigiado Prémio Kathleen Ferrier e construiu em apenas dez anos uma carreira internacional bem segura. O recital em Sintra, a 30 de março, ocorre quase exatamente três anos depois da sua estreia enquanto recitalista nos EUA, ocorrida no histórico Carnegie Hall em Nova Iorque. Em “A longa sombra do ‘Tristão” estabelecem-se aproximações entre Richard Wagner e quatro autores franceses de ‘mélodies’, o todo sugerindo um típico serão de canto num distinto salão parisiense da ‘Belle Époque’. Com Karen Cargill estará o seu habitual pianista-acompanhador, Simon Lepper.

© Pena, Salão Nobre, por Luís Duarte
E para melhor organizar a sua agenda de março, uma suma da programação dos ‘Serões Musicais no Palácio da Pena’:
02 e 03/03, 21h00 – “Trios românticos – Homenagem a Vianna da Motta”.
Trio Pangea com Léo Belthoise – violino, Teresa Valente Pereira – violoncelo, Bruno Belthoise – piano.
09 e 10/03, 21h00 – “Cruzando o Atlântico: a música entre Portugal e o Brasil, da chegada da corte aos alvores do modernismo”.
Com Mariana Castello-Branco – soprano, Dora Rodrigues – soprano, Diogo Oliveira – barítono, João Paulo Santos – piano.
17/03, 21h00 – “Da ‘Mélodie’ à ‘Comédie’”.
Com Cecília Rodrigues – soprano (Vencedora do Prémio Jovens Músicos 2017 – Categoria Canto), João Paulo Santos – piano.
23 e 24 /03, 21h00 – “’De Espanha, nem bom vento…’: o mundo musical ibérico entre o romantismo e a Belle Époque”.
Com Sónia Alcobaça – soprano, Mário João Alves – tenor, João Paulo Santos – piano.
30/03, 21h00 – “A longa sombra do ‘Tristão’”.
Com Karen Cargill – meio-soprano, Simon Lepper – piano.
Nota: Após o início do espetáculo, apenas no intervalo será permitida a entrada na sala. Poderá haver concertos sem intervalo; por tal, não se atrase.
A tomar nota de tudo. A não perder nada. Música e músicos de excelência em cenários ímpares. •
+ Serões Musicais no Palácio da Pena
© Fotografia: Pena PSML por LuisDuarte.
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