Já tem planos para a próxima segunda-feira dia 16 de Abril? Sim, estamos a falar do início da semana e não do fim para um programa à noite, no Grande Auditório da Gulbenkian.
Na música do tunisino Anouar Brahem há um constante diálogo entre músicas, tradições, culturas e geografias. As tradições mediterrânicas cruzam-se naturalmente com a ousadia do jazz, as sonoridades transmitidas de pai para filho são abordadas com um pulsar de inovação, cada sequência de notas do seu ud pode soar tão tocante na sua simplicidade quanto exuberante na sua complexidade. Em ano de comemoração do seu 60.º aniversário, o músico apresenta em digressão um novo álbum na companhia de três colossos do jazz: o contrabaixista Dave Holland, o baterista Jack DeJohnette e o pianista Django Bates.
Anouar Brahem nasceu a 20 de Outubro de 1957 em Halfaouine, Tunes. Incentivado pelo pai, um amante da arte maior da música, Brahem começou os seus estudos com oud, o alaúde do mundo árabe, aos dez anos de idade, quando frequentou o Conservatório Nacional de Música de Tunes; seu principal professor era o mestre Ali Sriti. Revelando-se um estudante excepcional, aos quinze anos Brahem tocava regularmente com orquestras locais, e aos dezoito anos decidiu dedicar-se inteiramente à música. Por quatro anos consecutivos, Ali Sriti receberia Brahem na sua casa, todos os dias, transmitindo-lhe os modos, subtilezas e segredos da música clássica árabe, no tradicional relacionamento mestre/ discípulo. Ensinamentos que nos dão hoje um músico de um virtuosismo excepcional.
Pouco a pouco, Brahem começou a ampliar seu campo de influencias para incluir na sua musicalidade outras gramáticas sonoras de todo o Mediterrâneo; aí, o jazz começou a chamar a sua atenção: “Gostei da mudança de ambiente“, diz, “e descobri os estreitos elos que existem entre todos estes estilos de música“.
Brahem distanciava-se cada vez mais de um ambiente amplamente dominado pela música popular. Queria mais do que se apresentar em casamentos ou juntar-se a um dos muitos conjuntos existentes – considerava-os anacrônicos e o oud, geralmente, não passava de um instrumento de acompanhamento para cantores. Brahem estava convencido que o seu instrumento, um dos favoritos da música árabe, deveria ocupar, e bem, um lugar de destaque. Foi então que começou a dar concertos para o público tunisino, onde o oud era um instrumento que se apresentava a solo e, paralelamente, começou também a escrever as suas composições, dando uma série de recitais oud em vários espaços culturais, e lançando um trabalho no qual ele estava acompanhado pelo percussionista Lassad Hosni. Com o crescer do apoio por parte do público e a imprensa tunisina a revelar entusiasmo na música por Brahem apresentada, tudo cresceu para que hoje tenhamos um músico ímpar a dar-nos uma música eclética que nos rouba a atenção.
Um concerto a não perder no dia 16 de Abril, pelas 21h00, no Grande Auditório da Gulbenkian em Lisboa, com Anouar Brahem no Oud, Dave Holland no Contrabaixo, Jack DeJohnette na Bateria e Django Bates no Piano. •