A Casa da Arquitectura (CA) e o Cineclube do Porto desenharam para si um ciclo de cinema “Arquitetura e Cidade” que vai levar até à Casa das Artes (Casa das Artes: Rua Ruben A, 210, Porto) e à Biblioteca da CA uma exclusiva seleção de películas da recente cinematografia brasileira. Este ciclo está integrado no Programa Paralelo da Exposição “Infinito Vão – 90 Anos de Arquitetura Brasileira”, patente na Casa da Arquitectura até 28 de abril de 2019, e quando ler o programa, não vai querer perder um minuto, de cada filme.
São 11 propostas sobre o Brasil contemporâneo e sobre os 90 anos da arquitetura brasileira. Com a exceção do documentário da portuguesa Vanessa Rodrigues “Baptismo de Terra” sobre a emigração de portugueses para a cidade do Rio de Janeiro, o destaque recai sobre a recente cinematografia brasileira. Sem mais palavreados escusados, o programa imperdível para este Outubro, na Arquitectura:
04/10, 21h30
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “Conterrâneos Velhos de Guerra”, Vladimir Carvalho. BRASIL | 1990 | DOC | 175’ | M/12.
Em 1959 pessoas de diversas partes do Brasil, especialmente do nordeste, chegam à Brasília para trabalhar na construção da futura capital brasileira. Assim como os estaleiros de obra se espalham no meio do nada, os abusos aos trabalhadores também. As histórias dessas pessoas que ficaram conhecidas como candangos, as humilhações que sofreram, e as péssimas condições de trabalho levaram a um grande número de mortes.
06/10, 18h00
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “Um Lugar ao Sol”, Gabriel Mascaro. BRASIL | 2009 | DOC | 71’ | M/14.
O documentário aborda o universo dos moradores de coberturas de prédio das cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. O realizador teve acesso aos moradores das coberturas através de um curioso livro que mapeia a elite e pessoas influentes da sociedade brasileira. No livro são catalogados 125 donos de cobertura. Destes 125, apenas 09 concederam entrevistas. Através dos depoimentos dos moradores de cobertura, o filme traz um rico debate sobre desejo, visibilidade, insegurança, status e poder, e constrói um discurso sensorial sobre o paradigma arquitetônico e social brasileiro.
07/10, 18h00
Biblioteca – Casa da Arquitectura (Entrada livre, sujeita à lotação da sala, 50 lugares). “O Risco: Lúcio Costa e a Utopia Moderna”, Geraldo Mota Filho. BRASIL | 2002 | DOC | 76’.
Através de imagens realizadas pela produção, de imagens filmadas pelo próprio Lucio Costa, desde os anos 30 até os anos 60 do século XX, em seus registros de viagem, com sua câmera 8 mm adquirida em viagem realizada em 1938 a Nova York e de vasto material de arquivos nacionais e internacionais, este documentário narra, através da trajetória do arquiteto e urbanista, o processo de “formação” da arquitetura moderna brasileira.
11/10, 21h30
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “São Paulo, Sociedade Anônima”, Luís Sérgio Person. BRASIL | 1965 | FIC | 107’.
A história desenrola-se no momento de euforia provocada pela instalação de indústrias automobilísticas estrangeiras no Brasil, no final dos anos 50. Conta a história de Carlos, um jovem da classe média paulistana, que começa a trabalhar numa grande empresa. Logo depois, aceita um cargo numa fábrica de peças automóveis, da qual se torna gerente, e cujo patrão foge aos impostos e tem várias amantes. A certa altura, ele é um chefe de família que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem um projeto de vida ou perspectivas para mudar a condição que rejeita, só lhe resta fugir.
13/10, 18h00
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “OBRA”, Gregorio Graziosi. BRASIL | 2014 | FIC | 80’ | M/14.
Nas vésperas do nascimento do seu primeiro filho, um arquiteto, João Carlos, encontra uma ossada na obra que está prestes a iniciar. A descoberta desestabiliza sua vida, fazendo com que ele questione a sua profissão, a cidade em que vive e até mesmo o
relacionamento com a sua mulher.
14/10, 18h00
Biblioteca – Casa da Arquitectura (Entrada livre, sujeita à lotação da sala, 50 lugares). “Lina Bo Bardi”, Aurélio Michiles e Isa Grinspum. BRASIL | 1993 | DOC | 50’.
Com depoimentos de grandes personalidades sobre a arquiteta como Caetano Veloso, Zé Celso Martinez, Wally Salomão, Darcy Ribeiro, Frei Betto, Pietro Maria Bardi, entre outros, o filme traz um registro afetuoso da vida da arquiteta, uma oportunidade de conhecer um pouco sobre o passado do Brasil e o papel fundamental de Lina na cultura do país.
18/10, 21h30
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “O Som ao Redor”, Kleber Mendonça Filho. BRASIL | 2012 | FIC | 132’| M/16.
A vida numa rua de classe média na zona sul do Recife, Brasil, é alterada após a contratação de uma milícia que oferece segurança privada. Porém, se a presença destes homens traz tranquilidade à vida de alguns, para outros é causa de tensão e mal-estar… Estreia de Kleber Mendonça Filho na longa-metragem de ficção, depois das curtas “Enjaulado” (1997), “A Menina do Algodão” (2002), “Vinil Verde” (2004), “Eletrodoméstica” (2005), “Noite de Sexta Manhã de Sábado” (2006) e do documentário “Recife Frio” (2009). O realizador pernambucano foi o vencedor do prémio de Melhor Filme na 36.ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
20/10, 18h00
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “Baptismo de Terra”, Vanessa Ribeiro Rodrigues. PT/BRASIL | 2015 | DOC | 103’.
Com a presença do realizador. Cruzando várias gerações da diáspora portuguesa, no Rio de Janeiro, este filme resgata a memória não só de várias histórias de sucesso da emigração lusa, como também cria um documento visual sobre a Portugalidade na cidade maravilhosa, inspirando-se, ainda, no livro “Emigrantes” do escritor português Ferreira de Castro.
21/10, 18h00
Biblioteca – Casa da Arquitectura (Entrada livre, sujeita à lotação da sala, 50 lugares). “Bernardes”, Gustavo Gama Rodrigues. BRASIL | 2013 | DOC |92’.
Prémio na categoria Filme Experimental no Arquiteturas Film Festival 2014.
25/10, 21h30
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. FILME A ANUNCIAR.
27/10, 18h00
Casa das Artes – Sala Henrique Alves Costa. “Construindo Pontes”, Heloísa Passos. BRASIL | 2017 | DOC | 72’ | M/14.
Heloisa Passos, a cineasta, é filha de Álvaro, um engenheiro civil que viveu o seu auge na carreira durante a ditatura militar no Brasil. No entanto, o momento que para ele foi uma oportunidade para mostrar o seu trabalho, para outros, como para a sua própria filha, foi um tempo marcado pelo autoritarismo. Agora, entre memórias do passado e um futuro incerto diante da atual instabilidade política no País, pai e filha procuram outras formas de olhar o mundo.
Obrigatório na sua agenda Invicta, este Outubro. Mergulhe no universo da Arquitectura através de documentários de excelência. •