Nesta quinta-feira, dia 16 de janeiro, na Fundação Calouste Gulbenkian, não perca a estreia em Portugal da ópera contemporânea The Sleeping Thousand. Uma noite ímpar, com toda a certeza.
O compositor Adam Maor e o dramaturgo Yonatan Levy, ambos israelitas, reuniram-se em 2016 para desenvolver este projeto, que culminou nesta grandiosa produção do prestigiado Festival d’Aix-en-Provence. O conflito israelo-palestiniano é o tema central do libreto.
Com uma cenografia arrojada, que cria um ambiente livremente inspirado numa estética retro-futurista da década de 1960, e um desenho de luz inovador, o espetáculo conta com um grupo de oito exímios instrumentistas e quatro solistas habituados aos grandes palcos da ópera mundial, tais como o barítono Tomasz Kumiega, a soprano Gan-ya Ben-gur Akselrod, o baixo David Salsbery Fry e o tenor Benjamin Alunni. Adam Maor desenvolve uma linguagem musical influenciada pelas tradições musicais orientais e ocidentais, mas também fortemente marcada pela música contemporânea e eletrónica.
Mil presos administrativos entram em greve de fome. Quando o Primeiro-Ministro decide induzi-los num sono profundo para evitar a atenção internacional, os mil palestinianos adormecidos conseguem provocar insónias ao povo de Israel. Torna-se urgente enviar um emissário ao mundo dos sonhos para interromper o sucedido. Através da sua parábola onírica, que oscila entre seriedade e leveza, o compositor Adam Maor e o dramaturgo Yonatan Levy falam de uma terra devastada, de uma sociedade multicultural em que as autoridades já não a veem como um todo orgânico, mas antes como um espaço fragmentado irreconciliável. A ópera alicerça-se numa certeza: “não existe outra pátria que a do espaço entre uma alma e outra”.
A ópera oscila entre a sátira e a poesia, entre a realidade e a utopia, numa abordagem vanguardista a um tema que tem merecido uma profunda reflexão no mundo das artes ao longo dos anos.
A ir, nesta quinta-feira, dia 16, pelas 20h00, na Gulbenkian em Lisboa. •