“The Water-Lily Pond” de Monet

Claude Monet tinha 59 anos quando pintou a óleo este quadro em 1899, o que significa que nasceu no ano de 1840; na National Galllery, em Londres, as impressões de “The Water-Lily Pond” continuam activas.

Claude, quem ficou conhecido como Monet, simplesmente, foi/é um pintor francês umbilicalmente ligado ao Impressionismo, corrente/movimento/ajuntamento/grupo artística/o que funcionou como umbral, também, da mudança paradigmática ocorrida na pintura contemporânea, interpretada por alguns como uma aventura metafísica – Maurice Merleau-Ponty, por exemplo, e por outros encarada com sentido trágico – Diogo Alcoforado, por exemplo. O Impressionismo, e particularmente a técnica aprimorada por Monet, reside numa disparidade muito curiosa: ao ver o quadro de perto detectam-se borrões amontoados, mas se nos afastarmos um pouco, e na medida certa, as coisas adquirem a devida nitidez. É muito interessante esta disparidade, no seguinte sentido: já tentaram, eventualmente, olhar alguém nos olhos de tão perto, tão perto, mas tão perto, que tanto o olhar, como a percepção dos rostos fica diluída? Julgo que se trata de uma experiência angustiante; pelo que é necessário recuar devidamente, mas também não ao ponto daquela pessoa que perscrutamos se diluir, agora, numa paisagem mais vasta. O Impressionismo, por tal, convida-nos a descobrir a proximidade/distância positiva, o que se torna num desafio ao qual não devemos faltar. 

Na exacta medida deste “jogo” que a pintura impressionista nos propõe, também eu gostaria de vos propor três formas essenciais de olhar “The Water-Lily Pond”, e particularmente focada na ponte que cruza o encantador lago. Comecemos. 1º olhar sobre “The Water-Lily Pond”: é o dos Fleumáticos que atravessam a ponte com passadas curtas, mas decididas, identificando Monet enquanto “pai” do Impressionismo e fazendo as contas aos borrões, para a seguir desfiarem o rosário da Pintura. Tendencialmente, para eles, a Pintura é um negócio e Claude, tido como o ingénuo, apenas uma oportunidade para as suas viagens de negócios. Tiram geralmente muitas fotografias, fazem um diário de bordo e vangloriam-se de terem cumprido o seu passeio turístico à Claudelândia. Portanto, em relação a “The Water-Lily Pond” assumem o ângulo da proximidade extrema, e saem do quadro.

2º olhar sobre “The Water-Lily Pond”: é o dos Futuristas que atravessam a ponte em passo de marcha, identificando Monet como ícone da “retina” e cobrindo o quadro com uma bandeira onde se lê “Eu sou Duchamp”, para a seguir gritarem “Urra-Pintura”. Tendencialmente, para eles a Pintura é uma guerra e Claude, tido como o palhaço, apenas o carburador para os acidentes nos seus parques de carrinhos-de-choque. Também tiram muitas fotografias, também fazem um diário de bordo e proclamam a sua soberana Porno-Claude. Portanto, em relação a “The Water-Lily Pond” assumem o ângulo da distância extrema, e saem do quadro.

3º olhar sobre “The Water-Lily Pond”: é o dos Amorosos que começam a atravessar a ponte mas que não a cruzam, ou seja, que se detêm, que olham, que se debruçam com os antebraços e contemplam, perdidamente. Para estes, Claude é Claude, o quadro é o quadro, e nele ficam: a ver a água espelhar o sol, os lírios a resplandecer ou a acolher a noite, a ouvir os sons murmurantes e borbulhantes.  Portanto, em relação a “The Water-Lily Pond” assumem o ângulo da proximidade/distância positiva e “fazem amor com a realidade”, expressão tão feliz quanto explosiva de Mário Cesariny. Os Amorosos são os que nos fazem sempre falta, e também os que ficam, para sempre. 

“The Water-Lily Pond”, de Monet. Claude, simplesmente, para os Amorosos.

© “The Water-Lily Pond” de Monet

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