Prepare a sua agenda, pois no próximo mês de julho a cidade de Oeiras prepara-se para receber o novo Festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley, que nos chega com a vontade de “ser mais do que um festival de música – uma experiência sofisticada, pensada para despertar os sentidos, num cenário em contacto com a natureza.” No alinhamento, nomes bem conhecidos do panorama musical que não vai querer deixar de ouvir.
Depois do adiamento forçado da sua primeira edição devido à pandemia, o Festival Jardins do Marquês – Oeiras Valley vê, agora em 2021, a sua estreia. As várias restrições, ainda em vigor, “à circulação internacional – que obrigam muitos artistas a adiar as suas digressões – fazem com que a realização de um evento desta magnitude continue a ser um desafio exigente. Mas os desafios atuais não impedem a realização desta primeira edição – pelos artistas e profissionais, pelos patrocinadores e parceiros, e por todos aqueles que anseiam voltar a viver momentos de alegria, de partilha e de amor à música…“
Cumprindo as recomendações da DGS para a realização de eventos culturais, o novo Jardins do Marquês – Oeiras Valley prepara-se para apresentar “sete noites inesquecíveis e intimistas, com um cartaz cuidado e de enorme qualidade, que privilegia a música nacional, mas que também tem espaço para artistas internacionais que incorporam o espírito do evento.“
No cartaz, estão alinhados: Seu Jorge & Daniel Jobim Cantam Tom Jobim, Rua das Pretas, Maria João Pires, Júlio Resende, Rufus Wainwright, Vicente Palma, António Zambujo, Tainá, Bonga, Mayra Andrade, Camané & Mário Laginha, Jorge Palma, Rui Veloso e Tito Paris.
02/07, 21h00 – Seu Jorge & Daniel Jobim Cantam Tom Jobim // Rua das Pretas
Seu Jorge e Daniel Jobim, o repertório deste espetáculo terá as exaltações de Tom Jobim ao amor e ao Rio de Janeiro, em temas como ‘Corcovado’, ‘Garota de Ipanema’, ‘Luíza’, ‘Eu Sei Que Vou Te Amar’, ‘Lígia’, ‘A Felicidade’, entre muitos outros que o tempo transformou em hinos eternos da música popular brasileira. Daniel diz que a escolha de reportório foi ‘algo bastante natural, de acordo com o coração de cada um e das músicas que Seu Jorge gosta de cantar‘. Durante a apresentação, Daniel Jobim e Seu Jorge alternam momentos nostálgicos, grandes versões e impressões pessoais sobre o poeta. As suas canções eternas enchem ‘o coração das pessoas de alegria, romantismo e esperança”, como refere o próprio Seu Jorge. Tom Jobim foi compositor, pianista, arranjador, cantor e violonista, e teria completado 93 anos em janeiro de 2020. Este grande ícone da MPB deixou-nos aos 67 anos e durante os seus anos de carreira levou a sua mistura de samba, jazz, música clássica e bossa nova a um patamar internacional de relevância. As suas parcerias com João Gilberto, Chico Buarque, Baden Powell ou Frank Sinatra ficaram para a história da cultura brasileira, assim como um extenso legado de trilhas cinematográficas, outras parcerias, contribuições, álbuns e participações. “O amor está de volta. Tom Jobim vive!‘ É assim que Seu Jorge define o momento.
Rua Das Pretas é uma tertúlia musical lusófona nascida em Lisboa na casa do músico brasileiro Pierre Aderne. Por lá passou a fina flor da música em língua portuguesa, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ana Moura, Carminho, Tito Paris, Camané, Salvador Sobral, entre tantos outros, além de cantores do jazz e da bossa nova como Madeleine Peyroux, Melody Gardot, Jesse Harris ou Anna Maria Jopek. Há́ dois anos, a Rua Das Pretas mudou-se para um palacete privado do século XVIII na Praça do Príncipe Real. Desde então já passaram por lá mais de três mil pessoas de todo o mundo, inclusive 140 artistas da chamada world music. Entretanto, a Rua Das Pretas foi até Nova Iorque gravar o seu ‘Wine Album’, o disco de estreia produzido por Hector Castillo. Pouco depois chegou ao palco do Coliseu dos Recreios e esteve em digressão pelo mundo.”
04/07, 20h30 – Maria João Pires // Júlio Resende
Maria João Pires como solista de concerto e em recital, tornou-se na mais célebre pianista portuguesa de sempre e numa das artistas mais destacadas internacionalmente. A sua carreira passou pelos principais palcos mundiais, nos quais colaborou com maestros de renome internacional e com as mais prestigiadas orquestras. Destaque também para as suas inspiradas e muito aplaudidas gravações como solista e no domínio da música de câmara. Em 1999 criou o Centro de Artes de Belgais, para o estudo das artes em Portugal, onde organiza regularmente workshops interdisciplinares para músicos profissionais e amadores, além de concertos e de gravações. Em 2012, na Bélgica, Maria João Pires iniciou dois projetos complementares: os Partitura Choirs, um projeto de coros infantis destinado a crianças oriundas de ambientes socialmente desfavorecidos como o Hesperos Choir, e os Partitura Workshops.
Júlio Resende Depois de ter gravado os seus três primeiros projetos em nome próprio em formato de trio e de quarteto de jazz, Resende decide pensar a improvisação sobre outros géneros musicais, como é o caso do fado, onde apresenta um novo desafio de cantar as melodias com o piano e com o piano expressar tudo o que o fado significa: ‘Amália por Júlio Resende’ (2013). Na sequência do seu primeiro projeto a solo no qual junta fado e jazz, Júlio Resende lança em 2015 o seu quinto álbum, ‘Fado & Further’, com a participação da catalã Sílvia Pérez Cruz. O seu sexto álbum surge a palavra e a poesia, num feliz encontro com o psiquiatra e sexólogo Júlio Machado Vaz. ‘Poesia Homónima’ (2016). São poemas de Eugénio de Andrade e Gonçalo M. Tavares, na voz de Júlio Machado Vaz, acompanhadas pela improvisação do piano de Resende. Em 2017, Júlio Resende lança aquele que é, provavelmente, a mais arrojada e divergente de todas as suas criações. A partir da poesia inglesa de Fernando Pessoa, constitui uma banda de pop-rock, com influências de música indie e eletrónica, à qual dá o nome de Alexander Search, um dos mais importantes heterónimos de Pessoa. ‘Cinderella Cyborg’ é o seu mais recente álbum.
06/07, 21h00 – Rufus Wainwright // Vicente Palma
Rufus Wainwright é um dos compositores e intérpretes mais aclamados das últimas décadas. Até este momento, Rufus já editou sete discos, três DVD e três álbuns ao vivo, sem nunca perder a sua “genuína originalidade”, como escreveu o “The New York Times”. Ao longo dos anos, Wainwright teve a oportunidade de colaborar com nomes como Elton John, David Byrne, Boy George, Joni Mitchell e Pet Shop Boys, entre outros. E o seu nome também se estabeleceu no mundo da música clássica, principalmente depois da edição da sua primeira ópera, “Prima Donna”, que estreou no Manchester International Festival em julho de 2009. Em 2016, nos 400 anos da morte de William Shakeapeare, editou “Take All My Loves: 9 Shakespeare Sonnets”, com as participações de Helena Bonham Carter, Peter Eyre, Carrie Fisher, Anna Prohaska e Florence Welch, entre outros. Em 2020, editou um novo disco, “Unfollow The Rules”, com a produção de Mitchell Froom.
Vicente Palma editou, em 2012, “Parto” o seu disco de estreia. No alinhamento deste trabalho inclui-se uma versão do tema “Para Rosalía”, de Adriano Correia de Oliveira, antes integrado no disco de tributo “Adriano: Aqui e Agora” (2007), que lhe valeria, posteriormente, a inclusão no álbum “Novos Talentos Fnac 2008”. Em 2014, a propósito do 40.º aniversário do 25 de Abril, foi convidado para participar em “Os Dias Cantados”, contribuindo com uma notável versão de “Como Um Sonho Acordado”, original de Fausto. A par do seu percurso individual, Vicente Palma conta com mais de 20 anos de palco como músico integrante da banda de seu pai, Jorge Palma, e, mais recentemente, como elemento residente do grupo Tais Quais onde, além de emprestar a voz e o piano, também compõe, ao lado de Tim, João Gil, Vitorino, Celina da Piedade, Paulo Ribeiro, Sebastião Santos e Serafim. Paralelamente, nos últimos anos tem-se multiplicado em colaborações com artistas como Emmy Curl, Joana Alegre e Elísio Donas (Ornatos Violeta).
08/07, 21h00 – António Zambujo // Tainá
António Zambujo é um dos mais sonantes autores e intérpretes contemporâneos da música portuguesa. No último álbum, “António Zambujo Voz e Violão”, inspira-se no nome de um dos discos da sua vida, “João Voz e Violão” (1999), álbum de João Gilberto. António Zambujo incorporou as influências do cancioneiro brasileiro na sua música, primeiro forjada na tradição do cante alentejano e do fado, dos quais partiu para criar uma personalidade única, aproximando os dois lados do Atlântico. No seu percurso discográfico, iniciado em 2002 com “O Mesmo Fado”, tem ainda “Por Meu Cante” (2004), “Outro Sentido” (2009), “Guia” (2010), “Quinto” (2012), “Rua da Emenda” (2014), “Até Pensei Que Fosse Minha” (2016), o álbum de tributo a Chico Buarque, e “Do Avesso” (2018). António Zambujo trilha um impressionante caminho, marcado por prémios e distinções, com destaque para a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue em 2015. Com tantos mundos dentro do seu mundo, quer se apresente rodeado de músicos ou apenas acompanhado pela sua guitarra, como é agora o caso em “António Zambujo Voz e Violão”.
Tainá nasceu na cidade de Nova Marabá, no Pará, o segundo maior estado do Brasil. Tudo aquilo que Tainá canta no seu primeiro álbum é composto, escrito, desenhado e, sobretudo, sentido, por uma só pessoa – o que não deixa de provocar espanto. Mais: tudo foi feito por alguém que só se estreia em disco, conseguindo à primeira o que tantos perseguem uma vida inteira, com a clara intenção de unir os dois lados do Atlântico. “Acontece”, “Apuana”, “Senti” e “Inconstante” são alguns dos mais recentes temas de Tainá.
09/07, 21h00 – Bonga // Mayra Andrade
Bonga é uma referência na música africana que parte à descoberta do mundo. Nasceu com o nome de José Adelino Barcelo de Carvalho em Kipiri, mas assumiu o nome de Bonga Kwenda ainda na adolescência, revelando desde cedo essa sua consciência política que nunca deixou de ser aguda ao longo de tantos anos de carreira. A partir do folclore local, Bonga formou o grupo Kissueia, onde cantava os tempos conturbados que na altura se viviam em Angola. Na década de 1960 veio para Portugal, mas quando o regime se apercebeu de que o artista estava envolvido na luta pela independência de Angola, este teve de se exilar em Roterdão. Foi lá que nasceu “Angola 72”, um disco marcante na carreira do músico. Já em Paris gravou “Angola 74”, mais um disco histórico. A partir daí nunca mais parou, editando inúmeros discos, sempre a pensar e a fazer dançar.
Mayra Andrade nasceu em Cuba, mas cresceu entre o Senegal, Angola, Alemanha e, claro, Cabo Verde, e isso explica o facto de encontrarmos várias músicas dentro da sua música. Em 2001 vence os Jogos da Francofonia, em Ottawa, Canadá, com uma canção em crioulo cabo-verdiano; em 2002 começa a apresentar-se na Praia e no Mindelo, Cabo Verde; em 2004 atua num dos mais conhecidos bares de world music, o Satellit Café, em Paris, e, em 2016, muda-se para Portugal. Ao longo destes anos colabora com nomes da música de todo o mundo como Cesária Évora, Chico Buarque, Caetano Veloso, Charles Aznavour, entre outros. Esse abraço ao mundo também fica evidente quando ouvimos os seus discos, desde a estreia com “Navega”, até ao mais recente “Manga” (2019). Neste último trabalho há afrobeat, outras músicas urbanas e mais música tradicional de Cabo Verde.
10/07, 21h00 – Camané & Mário Laginha // Jorge Palma
Camané e Mário Laginha de universos musicais bem distintos, encontraram-se no disco “Aqui Está-se Sossegado”, de 2019. Mas a história deste casamento entre o fado e o piano é bem mais antiga. Camané encontrou-se com os pianos de Bernardo Sassetti e Mário Laginha. Juntos fizeram o espetáculo “Vadios”, com Carlos Bica, e deixaram água na boca para futuras colaborações. Os anos passaram, Camané e Mário Laginha foram-se reencontrando, nomeadamente no inédito “Ai Margarida”, até que o fadista lançou o desafio ao pianista e gravou-se o disco “Aqui Está-se Sossegado”. O resultado é belíssimo, como provam temas como “Com Que Voz”, “Não Venhas Tarde” ou “Abandono”, que ganham aqui uma nova vida. Estamos diante de um piano que serve uma voz e de uma voz que serve um piano – e, juntos, servem as palavras de alguns dos maiores poetas portugueses, clássicos e contemporâneos, e as melodias de fado tradicional ou de outros compositores.
Jorge Palma é um nome incontornável do panorama musical português. A sua obra contém canções como “Frágil”, “Deixa-me Rir”, “Dá-me Lume” ou “Encosta-te a Mim” que se tornaram hinos intemporais. Compositor, intérprete e exímio pianista, Jorge Palma tem um percurso de vida na música. Editou vários discos de originais, compondo êxitos, somando discos de ouro, tendo atingido a marca da dupla platina com “Voo Nocturno”. Venceu o prémio José Afonso em 2002, e em 2008 e 2012 ganhou o Globo de Ouro na categoria de Intérprete Individual. O seu álbum “Com Todo o Respeito” foi ainda galardoado pela Sociedade Portuguesa de Autores com o prémio Pedro Osório. O período mais recente da vida de Jorge Palma é marcado por um momento de grande atividade no qual se destacam projetos como “Juntos”, em que partilha o palco com Sérgio Godinho, e, ainda, a a celebração de discos históricos como “Bairro do Amor” e “Só”, tendo este último resultado na edição de “SÓ Ao Vivo” em 2017.
11/07, 21h00 – Rui Veloso // Tito Paris
Rui Veloso é um dos grandes compositores e intérpretes da música portuguesa. Considerado por muitos como o pai do rock português. Em 1980 editou “Ar de Rock”, disco que inauguraria uma nova era na música portuguesa. Com letras em português assinadas por Carlos Tê e António Pinho, o disco incluía temas como “Chico Fininho”, que ainda fazem parte do nosso imaginário. Os temas de Rui Veloso têm esse condão de ficarem na memória sonora: “Não Há Estrelas No Céu”, “Sei de Uma Camponesa”, “Porto Covo”, “A Paixão (Segundo Nicolau da Viola)”, entre muitos outros. Mas a carreira de Rui Veloso não ficou apenas marcada por estes singles de sucesso. Além do já mencionado “Ar de Rock”, é impossível não falar de registos como o “Guardador de Margens” (1983), “Mingos & Os Samurais” (1990) e “Lado Lunar” (1995),… A carreira de Rui Veloso também se fez sempre com grandes momentos ao vivo.
Tito Paris aos 19 anos rumou a Lisboa, a convite de Bana, para integrar a banda A Voz de Cabo Verde. Já na capital portuguesa começou a conquistar o seu espaço, tornando-se, aos poucos, num dos maiores embaixadores da música de Cabo Verde em Portugal. Em 1987 editou o 1.º álbum, “Fidjo Maguado”, trabalho marcado principalmente pelo seu virtuosismo à guitarra. Em 1996, “Graça de Tchega”, o terceiro disco de originais, levou-o a atuar por todo o mundo e a promover a sua música e a de Cabo Verde. Em 2012 comemorou os 30 anos de carreira com várias iniciativas: um grande concerto em Roterdão, acompanhado pela Orquestra Metropolitana da Holanda, o lançamento de uma fotobiografia, um documentário, um concerto esgotado no Coliseu dos Recreios de Lisboa, e, ainda, a atribuição da medalha da cidade de Lisboa. As pontes que tem criado entre os países de língua portuguesa levaram-no a receber a condecoração de grau de Comendador da Ordem do Mérito do Presidente da República de Portugal.
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