O FAZUNCHAR 2022, cuja quarta edição irá decorrer de 13 a 21 de agosto em Figueiró dos Vinhos, chega-nos com uma programação que nos dá uma vontade de passar, inevitavelmente neste verão, por lá.
Na criação dos já célebres murais que têm transformado a paisagem urbana e a imagética de Figueiró dos Vinhos, estarão os artistas Alba Fabre Sacristán (ES), Juan Rivas (ES), Lourenço Providência (PT), Mariana, a miserável (PT), Slim Safont (ES) e Taquen (ES). Espalhados por várias zonas distintas do concelho – centro histórico e todas as restantes freguesias -, são um dos destaques do FAZUNCHAR.
Para integrar o roteiro de arte existente, a artista brasileira Arashida foi desafiada a criar um conjunto de telas, que ficarão em vários locais de destaque do centro histórico da Vila.
Esta 4.ª edição do FAZUNCHAR irá iniciar-se com a apresentação do resultado da residência artística de desenho de 2021 que ficou a cargo do ilustrador Francis.co (PT) e que levará até ao Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos a exposição “Esquecidos”, que ficará patente até 31 de agosto.
Assumidamente, as residências artísticas continuam a ser um dos pratos fortes do festival, provando que o FAZUNCHAR não é um mero espaço último, finalizado, e que ambiciona promover a criação de espaços criativos para artistas nacionais poderem desenvolver o seu trabalho, num ambiente de partilha artística e de total liberdade. Mariana Vasconcelos (vídeo), Miguel Oliveira (fotografia) e Silly (música) são os residentes da edição de 2022, que vai ainda contar com uma nova área, a literatura, onde o convidado é João Pedro Vala.
Outra grande novidade de 2022 é a acção comunitária Vila Florida, cujo nome foi roubado à distinção que este território foi merecedor em 1998, de “Vila Florida da Europa”. Esta é uma iniciativa (já a decorrer) aberta à comunidade e em parceria com várias entidades culturais, recreativas e sociais do concelho, que tem como objectivo recriar uma tradição antiga de Figueiró dos Vinhos, a da construção de flores de papel para decoração das ruas do seu centro histórico, entretanto caída no esquecimento.
No que à música diz respeito, sempre no Auditório da Casa da Cultura – Clube Figueiroense às 21h30, no dia 19 será apresentado o resultado da residência artística de Silly e no dia seguinte, 20 de agosto, decorrerá o concerto de :PAPERCUTZ + Ensemble + Vasco Mendes.
As já habituais Visitas Guiadas orientadas pela curadora Lara Seixo Rodrigues, os workshops (este ano com Mariana, a miserável e Flórida Studio), o Jornal de Cordel, o Piquenique Comunitário, entre tantas outras actividades que voltam a fazer de Figueiró dos Vinhos uma terra do fazer, da partilha com as comunidades locais e também com aquelas que aqui se desloquem temporariamente, compõem a ementa do FAZUNCHAR 2022.
A edição 2022 do FAZUNCHAR conta novamente com o selo de qualidade EFFE Label 2022-2023 atribuído a festivais europeus “que se distinguem não só pela sua ampla riqueza artística nacional e internacional, mas também pelo envolvimento da e na comunidade onde se insere.”
Sobre o FAZUNCHAR
Em laínte — dialecto oral utilizado pelos vendedores ambulantes de tecido que durante o século XIX passavam por Figueiró dos Vinhos e que de alguma maneira se tornou, sobretudo até meados do século XX, parte integrante do dizer da população da vila — FAZUNCHAR significa fazer. Laínte é uma modificação da palavra latim, exemplo de como estava estruturado todo esse dialecto: a partir de transformações da língua portuguesa.
O FAZUNCHAR tem por isso, na sua génese, também esta proposta de modificação, alteração da malha urbana de Figueiró dos Vinhos, os seus edifícios, a sua paisagem, respeitando sempre as tradições, heranças e costumes desta vila do interior do país, durante muito tempo esquecida. Um trabalho muito concreto de relação com as gentes deste território através de acções comunitárias de formação e experimentação pela vida da arte.
Começou em 2019 com o objectivo de oferecer mais cultura à sua população, garantir o acesso à arte e à cultura de forma mais aberta e democrática. Com a ideia sempre presente de retrabalhar o espaço público e o património imaterial daquele território, o FAZUNCHAR aparece como elemento transformador e como um motor de agregação entre os figueiroenses e as suas ruas, legado cultural e arquitectónico.
Convém ainda acrescentar que na viragem de oitocentos para novecentos, Figueiró dos Vinhos — bem como a região em seu redor — foi colocada na rota da arte portuguesa por José Malhoa e Manuel Henrique Pinto (pintores do Grupo de Leão) que aqui se instalaram por convite dos escultores José Simões d’Almeida Júnior, nascido aqui. O FAZUNCHAR assume-se como uma actualização desse trabalho, agora na contemporaneidade, que ambiciona continuar a fazer de Figueiró um local de passagem, estadia, permanência e vivência mais duradoura.
A tomar nota. A rumar a Figueiró dos Vinhos, este agosto! •