De Coimbra chegam-nos novas sonoridades passadas pelo porto seguro do estúdio Blue House e com o selo de garantia da Lux Records. Falamos de John Mercy (ou João Rui para quem já conhece a voz de outras andanças).
John Mercy é o alter-ego de João Rui, conhecido como o vocalista e multi-instumentista dos a Jigsaw. Com quase duas décadas de carreira nesta banda, a estética musical e particularmente o timbre da voz de João Rui foi, por diversas vezes, comparado a nomes como Leonard Cohen, Nick Cave ou Tom Waits. Nos últimos sete anos tem estado também ligado à parte da produção musical em estúdio – nos estúdios Blue House – e já conta com mistura e masterização de vários títulos entre Álbuns, EP’s e Singles.
Em 2020 foi o ano de avançar, sem que a pandemia o intimidasse, com o seu projecto a solo sob o nome de John Mercy, com o qual já conta com diversos singles em vinil e, agora, com dois álbuns de longa duração: The Murder Of Harry e West of The American Night.
A investigação de um homicídio pode ser algo que carece de vários elementos. Um deles será o estado de espírito e a ambiência que envolve quem está no meio da teia, à procura de um fio condutor.
Para o seu primeiro álbum a solo, John Mercy criou um álbum conceptual que segue uma estrutura próxima do “romance policial” iniciado por Edgar Allan Poe e mais tarde explorado por autores desde Dostoyewsky a James M. Cain, Dashiell Hammett entre outros. Ao longo das páginas deste álbum o leitor é desafiado a descobrir quem afinal matou Harry – e as descobertas ao longo da narrativa não são sempre o que parecem.
São 10 músicas, 10 passos, 10 momentos cobertos do aconchego sensual de uma folk de mãos dadas com a country. À medida que avançamos na história, podemos sentir o peito apertado, as mãos suadas ou até o coração a desejar fugir. Poderemos apenas desenhar num papel o enredo ou, simplesmente, deixarmo-nos abraçar pelo calor da melodia e deixar a nossa mente levar-nos onde sentir que se encontra a liberdade.
Para este álbum John Mercy conta com a presença de alguns músicos convidados tais como os norte-americanos Chris Eckman e Carla Torgerson dos Walkabouts e a vocalista Becky Lee Walters do Arizona. Carlos Mendes (Twist Connection) na voz e Pedro Antunes no baixo (BunnyRanch), Tracy Vandal, Raquel Ralha, Susana Ribeiro e Angel Carmona nas Vozes. Sérgio Costa e Pedro Renato dos Belle Chase Hotel nas teclas. Bonnie Blossom nas vozes, Laurent Rossi na Trompa e Victor Torpedo (Tedio Boys, the Parkinsons) completam este naipe de músicos que ajudam esta história a ganhar ainda mais alma. O percurso de Harry é acompanhado pelos desenhos de Gito Lima que assina a capa e artwork deste álbum-livro.
Mas, afinal… quem matou Harry?
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E porque só um é pouco, John Mercy brinda-nos ainda com o West Of The American Night.
West Of The American Night nasce da ideia de uma homenagem ao escritor Jack Kerouac pela ocasião do centenário do seu nascimento, cujo convite foi endereçado a John Mercy pelo diretor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Osvaldo Silvestre. A ideia da homenagem materializou-se na criação deste álbum conceptual e original que acompanha a narrativa de forma sequencial do que é considerado o livro mais emblemático e importante da Beat Generation: On The Road (1957). Um disco que mantém a estética de John Mercy e ajuda a aumentar o mistério de On the Road.
Para este álbum, John Mercy conta com a participação de músicos com cartas dadas no panorama musical, tal como Luís Formiga (Animais, Mancines), Miguel Cordeiro (Nevoeiro, Giant Surfers, Victor Torpedo and The Pop Kids), Bonnie Blossom (John Mercy & Tracy Vandal), Pedro Antunes (Subway Riders, Wipeout Beat, entre outros), Raquel Ralha (Belle Chase Hotel, Mancines, Animais, entre outros), Susana Ribeiro (a Jigsaw), Tracy Vandal (Tracy Vandal, Tiguana Bibles, entre outros) Victor Torpedo (Tédio Boys, The Parkinsons, Tiguana Bibles, entre outros), Laurent Rossi e Pedro Renato (Belle Chase Hotel, Mancines e Animais, entre outros).
Estes discos foram produzidos, gravados, misturados e masterizados por John Mercy nos estúdios Blue House e são agora editados nas versões digital e física com o selo da Lux Records.
Dois álbuns obrigatórios para ouvir sem mais demoras e sem pressas. Música refinada para degustação prolongada no tempo, como um bom livro. •