Paisagem e arquitectura. Corpo e inconsciente. Estas são as temáticas, respectivamente, da primeira e da segunda fases desta exposição. No total, há 18 nomes, que permanecem diálogo entre si, em Julho e Agosto, na Casa da Cultura da Comporta.
“A ideia nasce de vontade de criar projectos que saiam fora dos modelos tradicionais de galerias e feiras”, começa por explicar Maria Ana Pimenta, directora internacional da Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel (São Paulo e Rio deJaneiro) a respeito da exposição de arte contemporânea resultante do convite feito pela referida galeria de cunho brasileiro à Kurimanzutto, localizada na Cidade do México e Nova Iorque.
A mostra está patente da Casa da Cultura da Comporta e é constituída por duas fases – a primeira termina a 31 de Julho e a segunda permanece entre 5 e 31 de Agosto. Ambas reúnem 18 artistas, nove de cada vez. “É uma ideia colaborativa de trabalhar com o programa de outra galeria, de ter uma galeria convidada a fazer este projecto connosco, algo que nos dá muito prazer, começa com as relações e criações que fazem sentido na criação de uma exposição”, continua a directora internacional da Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel.
Natureza, paisagem e arquitectura são as temáticas abordadas dentro da selecção das obras que dão corpo à primeira fase, através da fotografia, da pintura, da escultura, da aplicação variada de diversos materiais. Sem esquecer o antagonismo entre obras nem as provocações inerentes em cada peça, há relações merecedoras de destaque. É o caso da fotografia do brasileiro Mauro Restiffe, que retrata, a preto e branco, um abraço, ou as fake news que serviram de inspiração para o trabalho do artista plástico cubano Wilfredo Prieto. Ambos estão associados com a recente fase pandémica. “Há uma provocação”, afirma Maria Ana Pimenta, se for criado um diálogo entre os dois trabalhos. “Acho que isso gera um sentimento no espectador, porque todos nós sabemos o que é um abraço e a falta de um abraço, e o que reflectem as falsas notícias nas pesssoas”, esclarece Maria Ana Pimenta.
A similaridade é maior se se tiver em conta a relação entre a pintura dos artistas Gabriel Orozco, mexicano, e de Luiz Zerbini, brasileiro – o primeiro “olha a cultura nipónia de forma autêntica”; o segundo mostra “as plantas do atelier, do jardim dele, com uma identidade muito local”. Porém, “ambos têm uma parte autobiográfica, a parte bucólica e a parte da geometria, sendo este o lado mais formal do trabalho de cada um”.
Os demais nomes levam os visitantes a viajar por esse mundo afora, através de um olhar contemporâneo, à boleia dos portugueses Álvaro Lapa e Leonor Antunes, dos brasileiros Anderson Borba e Marina Rheingantz, e da su-coreana Haegue Yang.
A primeira edição deste projecto remonta a 2021, quando a Galeria Fortes D’Aloia & Gabriel realiza a primeira edição na Casa da Cultura da Comporta. “A experiência foi super bem recebida”, nas palavras de Maria Ana Pimenta, daí a aposta numa segunda, em 2022, e, agora nesta mostra, que incita o diálogo entre múltiplas expressões da arte contemporânea e os seus autores.
Sobre a Casa da Cultura da Comporta, instalada num antigo celeiro de arroz – ingrediente impulsionador da actividade económica de grande importância nesta região –, aquela é, desde a década de 1960, um cinema e, simultaneamente, um centro cultural da região, pertencente à Fundação Herdade da Comporta, que aposta igualmente na cultura da vinha e na produção de vinho, desta feita, em território abrangido pela região vitivinícola da Península de Setúbal.
É agendar e visitar!