A próxima edição da MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa decorre no próximo mês de março, com um programa diversificado que destaca a animação austríaca e celebra os 25 anos de festival.
Um dos grandes destaques da programação deste ano é a exposição LAIKA: FRAME x FRAME, que apresenta os bastidores dos cinco filmes de animação do estúdio norte-americano, reunindo artefactos inéditos dos processos de criação de cada um: CORALINE E A PORTA SECRETA, PARANORMAN, OS BOXTROLLS, KUBO E AS DUAS CORDAS e MR.LINK. Cada filme é homenageado com uma imagem-chave (key frame), a partir do qual é possível mergulharmos no universo da animação em stop-motion, com uma variedade de itens — desde conceitos, design de personagens e storyboards até marionetes, cenários e adereços— que ilustram a atenção aos detalhes e a criatividade envolvidas em cada frame de cada filme. A mostra oferece uma experiência imersiva, permitindo que os visitantes explorem cenários em escala humana e interajam com o processo criativo por trás dessas produções icónicas. A exposição inclui ainda uma antevisão de Wildwood, o novo filme do estúdio, a estrear em breve. Fundada em 2005, no Oregon, EUA, por Travis Knight, presidente e diretor executivo, a LAIKA Studios tem-se empenhado em levar histórias originais e impactantes ao grande público, liderando ao mesmo tempo a indústria cinematográfica. Inovador e pioneiro, o estúdio combina a mais recente tecnologia com técnicas intemporais para criar clássicos contemporâneos. LAIKA: FRAME x FRAME pode ser visitada no Museu da Marioneta de 14 de março a 11 de maio deste ano.
Na Competição de Longas, Claude Barras regressa ao festival com Selvagens, depois de ter vencido o Grande Prémio MONSTRA em 2017 com A Minha Vida de Courgette. Kéria recebe de presente um bebé orangotango, Oshi, resgatado de uma plantação de palma de óleo onde o seu pai trabalha. Enquanto isso, o seu primo Selaï chega à sua casa, fugindo do conflito entre a sua família nómada e a indústria madeireira, e juntos, Kéria, Selaï e Oshi, enfrentam desafios para proteger a floresta ancestral ameaçada pela destruição. Baseado no disco de Robert Wyatt, Rock Bottom, de Maria Trénor, é uma história de amor e tormento entre um jovem casal de artistas, imersos no furacão criativo e visionário da cultura “pós-hippie” do início dos anos 70. O consumo de drogas irá tornar este verão de sonho num pesadelo através de uma viagem onírica ao som da música de Wyatt, levando-nos do desespero à busca pela esperança. Uma história universal, sobre o poder transformativo da arte e da música. Como é habitual, este ano podemos ver vários filmes nomeados para os Óscares – Homens Bonitos, de Nicolas Keppens, sobre três irmãos que viajam para Istambul para receber um transplante capilar; em Wander to Wonder, Nina Gantz explora o estúdio abandonado de uma antiga série de televisão para crianças, entretanto esquecido por todos excepto Mary, Billybud e Fumbleton, os actores; Léo acha nojento ver pessoas aos beijos, especialmente quando os lábios ficam brilhantes e cor-de-rosa. Que Nojo!, de Loïc Espuche, aborda de forma leve e despretensiosa as ansiedades pré-adolescentes.
Nas Antestreias, destacamos dois filmes, Birth of Kitarō: The Mystery of GeGeGe e Dalia e o Livro Mágico. O primeiro filme, realizado por Gō Koga, é uma adaptação da série de manga da década de 60 com o mesmo nome; no segundo filme, de David Bisbano, Dalia tenta terminar um livro que o pai deixou por acabar. Mas ao abrir o manuscrito, ela é puxada para dentro das páginas, encontrando-se no mundo que o seu pai criou.
Para os amantes da animação, há filmes para todos os gostos: na secção Históricos, destaque à selecção dedicada de Desenhos Animados de Propaganda da Segunda Guerra Mundial. Em 1941, os desenhos animados foram usados como propaganda de guerra para fortalecer o moral dos norte-americanos. Hollywood criou filmes para ridicularizar Hitler e os nazis, incentivando ações patrióticas como pagar impostos ou fazer reciclagem. Da lista de filmes fazem parte clássicos como Der Fuehrer‘s Face, protagonizado por um Pato Donald num cenário de pesadelo fabril, ou Bugs Bunny’s Bond Rally, em que o famoso coelho incentiva à compra de war bonds – títulos públicos de dívida para financiar a guerra. Como já é habitual, a secção ANIM junta vários temas e estéticas, desde filmes eróticos até filmes sobre arquitectura, videoclipes, documentário, música e terror.
Dedicada aos mais novos, a MONSTRINHA mantém, há vários anos, uma relação consolidada com diversas instituições de ensino e salas de cinema em todo o país. Anualmente, proporciona a mais de 30 mil crianças uma experiência educativa e cultural através do Cinema de Animação. Ao longo destas duas décadas e meia de atividade, mais de 400 mil estudantes foram impactados por obras que abordam temas essenciais como cumplicidade, respeito, comunidade, ecologia e valores humanos. O compromisso da MONSTRINHA é ampliar esse alcance, reforçando o papel da animação como ferramenta pedagógica. Serão apresentadas quatro sessões direcionadas a diferentes faixas etárias: Competição Monstrinha (3-5 anos), Ensino Básico (6-9 anos e 10-14 anos) e Ensino Secundário, com a Geração M (15-17 anos). Estão também programadas sessões para famílias, com as secções Pais e Filhos e Monstrinha Baby. A programação incluirá um conjunto diversificado de filmes, explorando distintas técnicas e temáticas, fomentando a reflexão crítica e o debate. As informações detalhadas estarão disponíveis em breve.
O MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa decorre de 20 a 30 de março e é obrigatório na sua agenda cultural do início da primavera. Para o programa completo é só clicar no link abaixo. •
