O ano de 2005 marca o início da produção vínica na propriedade vitivinícola de Celso de Lemos, em Silgueiros, no concelho de Viseu. Eis um bom pretexto para conhecer este produtor da Região Demarcada do Dão.

Hugo Chaves é o enólogo que está na Quinta de Lemos desde o início deste projeto
A região do Dão está protegida por seis serras: do Buçaco, a sudoeste, do Caramulo, a oeste, da Nave, a norte, da Estrela, a este, do Açor, a sudeste, e da Lousã, a sul. Todas formam uma espécie de proteção a este território, cujos produtores de vinho têm vindo a reposicionar no mapa vitivinícola do país. A Quinta de Lemos, propriedade vitivinícola localizada em Silgueiros, no extremo sul do concelho de Viseu, na Região Demarcada do Dão, é um dos nomes que consta nesta lista. O proprietário é Celso de Lemos, empresário português radicado na Bélgica e também proprietário da Abyss & Habidecor, com fábrica em Viseu. O guia da visita é o enólogo da casa, Hugo Chaves.
Para melhor conhecer a região vitivinícola do Dão, é preciso falar sobre a Quinta de Lemos, cuja compra da propriedade original acontece em 1997. Três anos mais tarde, a soma das parcelas de terra totaliza os 50 hectares atuais. Segue-se a conversão da vinha, atualmente com 25 hectares. As castas eleitas são as típicas da Região Demarcada do Dão: Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro e Tinta Roriz, nas tintas; Encruzado e Malvasia Fina, nas brancas. A construção da adega data de 2004 e, em 2015, são instalados lagares em pedra no exterior da adega.
Entretanto, o ano de 2005 marca a estreia da Quinta de Lemos na produção de vinho, com três colheitas feitas a partir de lotes de castas. Os rótulos destas referências ostentam os nomes de três mulheres: Dona Georgina, Dona Santana, e Dona Louise. São homenagens que cabem, respectivamente, à mãe, à avó e à sogra de Celso de Lemos.
A terra, o clima e o conhecimento

Os 25 hectares de vinha ocupam metade da área total da propriedade vitivinícola
O solo da região vitivinícola do Dão, em particular desta propriedade, é de areia de origem granítica. “É um solo ácido, extremamente pobre em matéria orgânica e imprime a mineralidade e a frescura nos vinhos”, esclarece Hugo Chaves. Este factor é complementado pelo “clima mediterrâneo e uma influência gigante da Barragem da Aguieira”, sublinha o enólogo. Completa a descrição edafoclimática (solo e clima) da vinha de 25 hectares, o enólogo avança com a previsão de vindima, que tem de ser feita antes da época das chuvas. Este ano, tudo aponta para que a colheita das uvas seja feita entre o início de agosto e meados de setembro.
“Nós não fazemos vinhos de moda. Fazemos vinhos sérios e de guarda”, avança Hugo Chaves, que, desafiado por Celso de Lemos, no início do século XXI, esteve em Bordéus e Borgonha, em França, entre três a quatro anos, para reforçar o conhecimento na área de vitivinicultura. O enólogo da Quinta de Lemos argumenta que o vinho do Dão tem de combinar com a gastronomia típica da região. Neste contexto, defende o uso da barrica. “O interesse de uma barrica é estabilizar o vinho, ou seja, o tanino precisa de oxigénio, para se casar com a ‘matéria corante’, para que as leveduras e se integrem no líquido.”

“Nós não fazemos vinhos de moda. Fazemos vinhos sérios e de guarda”
hugo chaves, enólogo da quinta de lemos
Um vinho tinto da Quinta de Lemos é submetido a um estágio de, no mínimo, 18 meses. Findo este tempo, ou mais, é novamente submetido a este processo, mas, desta vez, em garrafa durante cinco a sete anos, na cave da adega, instalada a oito metros de profundidade, antes de entrar no mercado. O vinho branco e rosé permanecem em barrica por 15 meses.
Após a visita à adega, nada melhor do que fazer uma prova de vinhos da Quinta de Lemos, para conhecer cada referência e cada ano de colheita. Mas já que o vinho do Dão requer a companhia de comida, que tal reservar mesa no vizinho Mesa de Lemos, localizado a escassos minutos da adega, dentro da Quinta de Lemos? Fica ainda o registo de que o mês de setembro de 2025 reserva a celebração dos 20 anos da primeira colheita Quinta de Lemos.
Brindemos!