Em concerto(s): Nancy Vieira e Fred Martins

Depois do aclamado Gente, álbum editado em março de 2024, Nancy Vieira está de regresso com Esperança numa parceria com o compositor e violonista brasileiro Fred Martins. Esperança, composto por 11 faixas, foi editado no dia 23 de abril pela japonesa Respect Record, tendo atingido o n.º1 no World Music Chart da Amazon (Japão).

Juntos, vão apresentar este novo álbum ao vivo, em que se pode esperar música de qualidade extrema, de sinceridade total, capaz de agarrar corpos e corações, executada por dois artistas que são tão genuínos quanto universais. Não podia ser melhor.

O balanço das águas, que viaja nas ondas, facilmente atravessa o oceano e vai do Brasil até Cabo Verde e vice-versa. Nancy Vieira e Fred Martins sabem bem disso. A primeira é um autêntico tesouro vivo das ilhas que nos deram a morna e o funaná, a coladera e tanto mais, voz de um crioulo tão universal quanto doce, tão sensual quanto moderno, que gravou nos últimos anos alguns dos mais importantes discos da cultura que a Unesco agora reconhece como Património Imaterial da Humanidade. Fred Martins é outro tesouro, este do lado de lá do oceano, compositor, violonista premiado, aplaudido por público e crítica, respeitado pelos seus pares.

Desde 2013, ano em que se conheceram, que Nancy Vieira e Fred Martins possuem uma cumplicidade ímpar, explanada neste trabalho. Gravado por Jorge Cervantes – que tem participação especial na canção “Saiko Dayo” – no CervanteStudio, em Lisboa, a obra apresenta maioritariamente as vozes de Nancy, juntamente com a guitarra e as vozes de Fred. Esperança, que inicia com “Não Sou Daqui” – a dupla reinterpretou o tema da autoria da cantora, compositora e instrumentista Amélia Muge – brinda-nos com o melhor da morna e da bossa nova, numa mistura evocativa da música de Cabo Verde e do Brasil. Com o amor e a paz como fios condutores, o disco possui originais e canções tradicionais de Cabo Verde, terminando com o bolero cubano “Tú Me Acostumbraste”.

Sobre este disco, os artistas referem:
“Escolhemos as músicas com o coração atento ao que está acontecendo em nosso mundo, em nosso tempo. Muito poder em poucas mãos, imensa desigualdade, muita vida sendo desperdiçada em vão. Portanto, gostaríamos de lembrar com estas músicas, que a compaixão, a empatia, um senso coletivo de vida, solidariedade e respeito, podem existir neste mundo, pois na base de tudo está o amor. Essas são canções de colegas e amigos que compartilham o mesmo espaço espiritual, uma atitude de busca de crescimento. São versos que vibram para o bem de cada um e também para o bem comum.”, afirmam.

O pão que se divide vira canção
A mão que se decide vence o canhão
Pegando na mão
De uma multidão
De gente que ama

Rezei pra ver mais uma rosa nascer
Eu já roguei pra margarida florir
Também já pedi pra chover
Assim como pra despertar
Bem cedo que é pra ver o sol raiar

Esta fortuita travessia, que agora se faz por meio de dois oceanos, recebe honras de apresentação ao vivo em Lisboa, no bar àCapela do mais recente espaço cultural da cidade, o MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins, em duas ocasiões imperdíveis: 19 e 20 de junho, sempre às 19h30. Depois destes dois concertos na nossa capital, a dupla ruma ao Japão, dia 19/07, em Kobe, e dias 20/07 e 21/07, em Tóquio, no seguimento da edição japonesa de Esperança.

Sons a descobrir ao vivo e em disco. Tome nota na sua agenda. •

+ Nancy Vieira
+ Fred Martins
© Fotografia: DR.

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