II Encontros de Design de Lisboa

No próximo dia 13 de novembro a cidade de Lisboa prepara-se para receber os II Encontros de Design (de Lisboa).

O evento será pautado por conferências, apresentação de ideias e debates no que se espera que seja, no universo vasto do design, um dia que resulte em soluções, objetivos e novas ideias para o futuro. Depois da sessão de abertura, o dia rumará à Conferência com Viviana Narotzky – Presidente da ADI-FAD, Associação de Design Industrial de Barcelona, Espanha – sob o tema “Mantendo-o aberto”; ao longo dos últimos anos, o Open Design foi-se aproximando do senso comum. Abordagens abertas estão a ser exploradas em áreas muito diversas, desde a concepção de produtos e de moda ao design de embarcações, envolvendo tanto a prática do design individual como a criação de plataformas online que oferecem suporte a processos abertos, de crowdfunding, e de fabricação e colaboração distribuída; embora tendencialmente, através da interacção com as tecnologias digitais e uso de redes sociais online, as práticas envolvidas variam de high-tech para low-tech, e muitas vezes combinam os dois processos.

Mais tarde, rumar-se-á ao Painel I com Helena Barbosa – Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro – o tema é “Uma perspectiva sobre documentar e comentar o design através do cartaz”. A combinação da palavra Documentar e Comentar em união com o termo Design abre um vasto número de abordagens ao nível das possibilidades afetas sobre a investigação centrada nesse tema; onde se exemplificará através de um caso especifico, centrado no estudo de quatro séculos sobre o cartaz português, as diversas metodologias aplicadas a este artefato. Com esta abordagem pretende-se proporcionar e contribuir para o conhecimento sobre a disciplina Design no contexto nacional e o cartaz que tanta mensagem nos faz passar. Ainda no mesmo painel estará Francisco Providência – Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro – com “O que significa Design português?”. A questão simples e complexa que está subjacente à dificuldade em encontrar meia dúzia de objetos sobre os quais construir o museu do design português é, como desenhar o design português sem cair na tentação de Raul Lino (figura que gera controvérsia na sua definição da “Casa Portuguesa”, e.g.); o projeto de Museografia do Design Português, financiado pela FCT e actualmente em curso na unidade de investigação ID+, levanta três ordens distintas de questões: “1. qual é o estado da arte da museologia contemporânea; 2. qual é o significado epistemológico da museografia do design ; 3. qual o significado da classificação ‘Design português’“. As questões são, claramente, complexas e exigem uma reflexão interdisciplinar alargada e demorada, não se resolverão por completo neste dia 13. Não  podendo responder definitivamente sobre este assunto, Providência propõe-se a ensaiar aproximações ao tema, a partir da ideia de portugalidade expressa por Fernando Pessoa na revista Orfeu que cumpre este ano o seu centésimo aniversário.

Depois de uma pausa para almoço o dia segue para o Painel II com José Bártolo – Escola Superior de Artes e Design, Matosinhos – e em analise estará “The Unknown Designer – A construção do Arquivo e o suporte documental da História do Design”. A 5.ª Edição da Meggs’ History of Graphic Design (Meggs and Purvis, 2011) inclui um breve capítulo sobre “Design in Spain, Portugal and Latin America”, aí a história do design gráfico português é apresentada numa narrativa que se inicia em Sebastião Rodrigues, passa por João Machado e Cayatte e se encerra nos Alva Design Studio. Bártolo defende que a História é uma construção interpretativa que resulta de uma historiografia específica e, igualmente, que essa historiografia deve estar baseada no conhecimento de arquivos documentais, pois o arquivo é a base documental a partir da qual o trabalho de contextualização, análise e interpretação histórica se dá. De forma crítica, a presente comunicação analisa diferentes relações entre História, historiografia e arquivo no design português contemporâneo. Segue-se com Maria Teresa Cruz – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa – que traz “Design como Pensamento e Praxis”. O design é em si mesmo um modo de pensar e de agir com um intrínseco significado social, cujos limites e implicações são também, cada vez mais, os da própria projecção da vida colectiva nas suas diferentes formas e práticas. Esta reflexão abordará uma concepção do design como um corpo de conhecimentos e de metodologias que se traduzem não apenas em objectos, equipamentos e materiais de comunicação, conforme a sua classificação mais tradicional, mas também em conceitos, modelos e agenciamentos com uma valência cada vez mais alargada. Esta visão do design como modo de pensar e de agir, crescentemente presente nas últimas décadas, tem-se disseminado nomeadamente através das ideias de “design thinking” e de “design social”, fazendo assim do design a mediação fundamental da experiência. Esta reflexão procurará fazer uma abordagem crítica destas noções no quadro (em crise) da hiperindustrialização da experiência contemporânea e das tentativas de responder a essa condição.

Antes da Sessão de Encerramento, que fecha o dia e estes encontros, a Conferência II com Lorenzo Imbesi – Faculdade de Arquitectura Sapienza, Università di Roma, Itália – e o tema “Design para a Sociedade Pós-Industrial”. A indústria está a viver uma mudança histórica no papel que desempenha na sociedade e na produção através da adoção de novas tecnologias, algo que constatamos até no nosso dia-a-dia. Ao longo da crise da indústria, o conhecimento e a criatividade transformaram-se numa das principais forças capazes de gerar valor e inovação ou não fizesse a necessidade o engenho. A nova revolução tecnológica está a questionar a forma de produzir, fabricar, distribuir e financiar tudo, de pequenos a grandes objetos com que lidamos no nosso quotidiano. O processo de digitalização está abrir novos desafios, mas também oportunidades para repensar o quê e a forma como produzimos para uma sociedade que é mais ambientalmente sustentável (grande preocupação do séc. XX e XXI), socialmente justa e democrática. As novas gerações de designers procuram revelar novas formas de produção abertas e colaborativas e o resultado de tal atividade coletiva e ‘grassrooted’ é a inovação social, que está a mobilizar uma inteligência coletiva e criativa dirigida para a solução de problemas reais, locais e sociais.

Um progama intenso para uma disciplina intensa e intensamente vivida. A ir, no próximo dia 13 de novembro na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. •

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