Novo álbum: Pedro e os Lobos

De Pedro e os Lobos, “Este chão que pisamos” é álbum que nos faz entrar numa banda sonora de sete momentos de música portuguesa bem esgalhada com convidados que, ao ouvir, escusado é ir procurar o nome, a voz tudo identifica.

O novo trabalho discográfico de Pedro (Galhoz) e os Lobos sublinha um caminho musical esteticamente marcado pela interligação de várias culturas e linhas musicais na busca de uma sonoridade própria, que já reconhecemos nele, e que tão bem se resume no título escolhido. Não fosse todo o chão que pisamos um cruzamento de culturas, de ideias, de estilos, de histórias.

Tendo novamente as guitarras como protagonistas inevitáveis das suas composições, Pedro Galhoz continua a mostrar neste alinhamento a sua paixão, curiosidade e conhecimento pela mistura de diferentes culturas, pelas bandas sonoras. É um álbum onde facilmente delineamos cenas de filmes ou pequenas curtas a cada canção tocada e cantada, e “pelo deserto e pelos clássicos da música americana que convivem aqui em harmonia com a lusofonia, na palavra e no sentimento“. ”Este chão que pisamos” começa a sua viagem com Viviane a dar a partida em “O Tempo é Ferro” que nos leva a apanhar Jorge Benvinda (Virgem Suta) em “Um dia assim” com um gingar tão próprio da voz de Benvinda, para o qual Galhoz tão bem criou um corpo, um cenário de notas que caminham lado-a-lado com a voz, na mesma bitola, que são uma viagem que nos faz mover o corpo no suave embalo de um passo compassado, de um chão imaginário, de sonhos quando a terra vira pó.  Do imaginário seguimos n’”As Ruas de Lisboa” com Sónia Oliveira para, de seguida, nos rendermos por completo à estrela maior, senhor de toda uma identidade ímpar, deste leque de convidados – Adolfo Luxúria Canibal. “Somos pró que somos” é traçada ao milímetro, a régua e esquadro, com o mais afinado dos compassos para a voz que faz o passo ficar mais forte e afirmativo neste caminho de Lobos. É música que lhe assenta como uma luva, tal como a Benvinda naquele dia assim.

Marisa Anunciação faz-nos ir, mais uma vez, ao mundo do imaginário, a um mundo onde “Sei de um Génio” que nos faz querer ser, de novo, mais pequenos porque nos faz, naturalmente, imaginar algo do mundo da animação, que tão benvindo é. Já com a certeza que este álbum é, sem dúvida, um álbum de um chão de todos, de culturas e estilos bem cruzados e alinhavados num tecido musical, um álbum heterogéneo, rumamos “Num Sonho Azul” com a voz de Joana Machado, para depois terminarmos esta viagem de sete momentos em terras de Espanha. Para lá das vozes, este disco guarda um tema instrumental – “Andaluzia” – que pertence à banda sonora da curta metragem “ Luto branco”… Voltamos a repetir-nos, nós avisamos que este álbum nos lembra, a cada momento, uma banda sonora original de um pequeno filme sonhado.

Numa suma, ”Este chão que pisamos” é mais um capitulo no trilho musical que vem a ser traçado por Pedro Galhoz, marcado por uma genuína vontade fazer música entre amigos, convidando-os, e consequentemente mostrar o resultado desse trabalho em disco e no palco. Depois de “Um Mundo Quase Perfeito” ter cativado a nossa atenção, este novo trabalho faz com que Pedro e seus Lobos segure o cativar e deixemos a sua música no ar. Nas palavras de Pedro, “Componho para vozes que admiro e são elas que dão vida às minhas canções“.

Por fim, eis o chão que Pedro e os Lobos vão pisar, para colocar na sua agenda:
10/12 – Musicbox, Lisboa.
16/12 – 7.ª Arte, Castro Verde.
17/12 – Clube Farense, Faro.
03/02 – Cine Incrível, Almada.
04/02 – Teatro Stephens, Marinha Grande (+ a Jigsaw).
18/02 – Casa das Artes, Miranda do Corvo.

A ouvir e (re)ouvir. A tomar nota. A ir, aos concertos. •

Pedro e os Lobos
© Fotografia: Sara Quaresma Capitão.

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