Saudável por fora.
Não é dor, não é ferida. Nem comichão.
Fere, vem de dentro. Cresce e não para.
Há dias em que o sol se põe normalmente.
Outros não.
Bem parecido.
Ouço algo vindo do fundo.
Chega ao cimo, à boca, e grito em forma de voo.
Porque voar não incomoda o vizinho de cima.
O grito sim.
O estranho entrelaçado do trânsito, não me perturba,
desde que não pare. Eu não posso parar, não estou só.
Ele acorda e recomeça.
Não sei se aguento.
Chove. De dentro para fora, chove.
Anseio um abrigo.
Mas não encontro sombra à chuva. Não existe.
Preciso estar só. Porque não me deixas?
…e é tão triste estar só!
O caminho ainda vai a meio
e já está demasiado estreito.
As silvas cresceram tanto… pouco se vê do piso.
Resta-me focar o horizonte e esquecer o chão.
Mas o chão é certo, o horizonte não.