A Inestética prepara-se para lançar na próxima semana, na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, a edição em CD da ópera “TABACARIA”, da autoria do compositor Luís Soldado, a partir do poema homónimo de Álvaro de Campos.
Esta ópera de câmara, recentemente estreada pela Inestética companhia teatral no Palácio do Sobralinho, com música de Luís Soldado, direcção musical de Rui Pinheiro e encenação de Alexandre Lyra Leite, e que por aqui anunciámos em mundos Mutantes, constitui a primeira adaptação para ópera de um dos mais icónicos poemas do imenso Fernando Pessoa, escrito em 1928 e posteriormente publicado na Revista Presença, com a assinatura do heterónimo Álvaro de Campos. Um poema que certamente já leu e releu.
“Tabacaria” tem interpretação do barítono Rui Baeta e da soprano Inês Simões, acompanhados por um ensemble constituído por Daniela Pinheiro (flauta), Catherine Stockwell (fagote), Magda Pinto (viola) e Sofia Azevedo (violoncelo). A gravação e edição da ópera esteve a cargo de José Grossinho. O lançamento desta edição limitada em CD Digipack conta com a colaboração da Casa Fernando Pessoa (obrigatória visitar) e inclui a apresentação ao vivo de um excerto da obra com entrada livre (apenas sujeita à lotação da sala), a acontecer no próximo dia 24 de fevereiro pelas 18h30. O projecto tem o apoio da DGArtes / Ministério da Cultura, Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e Fundação GDA.
Eis as faixas que encontrará no álbum “Tabacaria” | ópera de câmara:
1. Abertura (2:17)
2. Janelas do meu quarto (4:36)
3. Falhei em tudo (2:02)
4. Talvez tudo fosse nada (4:31)
5. Uma parede sem porta (3:20)
6. Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama (2:28)
7. Não posso querer ser nada (1:16)
8. Come chocolates, pequena! (1:10)
9. Meu coração é um balde despejado (2:52)
10. Como um lagarto a quem cortam o rabo (3:01)
11. Sempre o impossível tão estúpido como o real (2:29)
12. A metafísica é uma consequência de estar mal disposto (3:23).
Sobre a ópera, dizem-nos: “A estranheza da existência e a incompreensão do real são os temas centrais desta abordagem contemporânea a um dos mais belos poemas de sempre, escrito em 1928 por Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa.
Visão niilista ou uma ‘espécie de epopeia do fracasso absoluto’, como designou o pessoano Robert Bréchon, ‘Tabacaria’ coloca em permanente diálogo duas dimensões opostas, que serviram de inspiração para a estruturação da obra musical e das suas texturas sonoras: a solidão interior do protagonista, lugar de pensamento, introspecção e devaneio, e a intrusão do universo exterior, observado através de uma janela para o mundo, aqui representado pela presença da voz feminina.”
Esta é a terceira produção da Inestética companhia teatral no domínio da ópera contemporânea, da autoria da dupla Luís Soldado / Alexandre Lyra Leite, que já apresentaram “Serei Eu Fugindo?” (2013), com libreto de Rui Zink, e “O Corvo” (2015), de Edgar de Allan Poe, editado em CD.
Para quem ainda não conhece compositor, barítono e soprano…
Luís Soldado, Compositor, é investigador integrado no Centro de Sociologia e Estética Musical, CESEM, Universidade Nova de Lisboa, onde se encontra a desenvolver projetos relacionados com o estudo e composição de ópera contemporânea e suas novas formas de comunicação, como bolseiro de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Desde 2015 ocupa o cargo de Compositor Associado da Orquestra Clássica do Sul. A sua música tem sido programada por vários grupos e orquestras, entre os quais, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, London Contemporary Chamber Orchestra, Nederlands Blazers Ensemble, RCM Sinfonietta, Orquestra Gulbenkian e Composers Ensemble. De entre as suas obras mais recentes, destacam-se a ópera de câmara Hotel Suite, com libreto de Rui Zink, estreada em 2011, em Londres, a ópera Fado Olissiponense, com libreto de Rui Zink, estreada em 2012 no Teatro Nacional de São Carlos, e a ópera de câmara O Corvo, de Edgar Allan Poe, estreada em 2015 e editada em CD em 2016 pela Inestética.
Rui Baeta, Barítono, é diplomado em Canto pela Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa (1998) e licenciado em Canto pela Escola Superior de Música de Lisboa (2002). Barítono, cantor solista, intérprete, professor de técnica vocal e criador/director de projectos musicais. Já colaborou com os encenadores Diogo Infante, Ricardo Pais, Alexandre Lyra Leite, João Grosso, Olga Roriz, Jonh Retalack, Nuno Cardoso, André Kowlavski, João Lourenço e Jorge Silva Melo, entre outros.
Aperfeiçoamento artístico na Fondation Hindemith na Suíça, na Academie Francis Poulenc em França e na Mozarteum Akademie na Áustria. Na qualidade de barítono solista destacam-se concertos com Orquestra Nacional do Porto, Orquestra de Cascais e Oeiras, Orquestra das Beiras, Orquestra do Algarve, Camerata de Lyon, Ensemble D’Arcos, Sinfónica Portuguesa, Metropolitana de Lisboa e FCG. Protagonizou a ópera de câmara “O Corvo”, de Luís Soldado, a partir de Edgar Allan Poe, produzida pela Inestética companhia teatral.
Inês Simões, Soprano, é Mestre em Artes, Estudos Vocais Avançados, pela Wales International Academy of Voice, onde estudou com Dennis O’Neill, e em Canto pela Guildhall School of Music and Drama, onde ganhou o Tracey Chadwell Memorial Prize, participou no curso Opera Works da English National Opera, e coordenou o projeto Mini Operas. É licenciada pela Academia Nacional Superior de Orquestra. Ganhou o 3º lugar do Prémio Jovens Músicos 2010 e o 2º lugar no Prémio José Alegria em 2008. Em ópera, trabalhou com os maestros Hannu Lintu, Paul McCreesh, João Paulo Santos e Nuno Côrte-Real, os encenadores Figueira Cid, Max Hoehn e Fernanda Lapa. Apresentou-se em várias cidades do país, no âmbito do projeto europeu ENOA, em vários festivais em Londres e colaborou com Festival Dias da Música no CCB, Festival Terras Sem Sombras, Ensemble d’Arcos e Ensemble Contemporaneus. Apresenta-se regularmente em recital e é uma grande entusiasta de música contemporânea, tendo cantado para o Oxford Lieder Festival, Song in the City Concert Series, Barbican Hall, Barbican Pit, Sadler’s Wells, London Coliseum, British Museum, Millennium Centre, BBC Radio 3 In Tune e Antena 2. Em 2015 lançou o seu primeiro Cd – Alma Ibérica – pela Editora Discográfica Sonus Music. Esta colaboração com o pianista Daniel Godinho recebeu o Apoio à Edição Fonográfica de Intérprete 2013 pela Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas e visa a divulgação do repertório ibérico de canção lírica.
A não perder a apresentação ao vivo do CD “Tabacaria” que estará disponível a partir de março 2018 no site da Inestética. •