E hoje que começa março, é tempo de falarmos da 36.ª edição do festival “Música em Leiria” que traz na bagagem Maria João, Companhia Olga Roriz e Ute Lemper.
Organizado pelo Orfeão de Leiria Conservatório de Artes (OL|CA), o Festival “Música em Leiria” (com direção artística de António Vassalo Lourenço) decorre entre 16 de março e 20 de abril, nas cidades de Leiria, Batalha e Marinha Grande e nesta edição apresenta-se com um cartaz repleto de artistas nacionais e internacionais, com espetáculos que “marcam pela novidade, a inovação e acima de tudo pela qualidade“.
A abertura, agendada para o dia 16 de março, pelas 21h30, no Teatro José Lúcio da Silva (TJLS) em Leiria, leva a palco o concerto “Agora Muda Tudo”, com música original e direção de Nuno Côrte-Real, a voz da cantora Maria João, que será acompanhada em palco pelo Ensemble Darcos – grupo de câmara que se tornou uma referência no panorama musical português. “O escritor José Luís Peixoto, o compositor Nuno Côrte-Real e a cantora Maria João, são convidados, a criar um ciclo de canções originais, para voz e ensemble. Mais do que um cruzamento entre distintas áreas artísticas e estilísticas, este projeto é um encontro entre autores portugueses que, a partir da sua contemporaneidade individual contribuem para a construção de uma identidade lusófona. Procurando nos versos do escritor timbres e sonoridades modernas, mas deixando espaços para a improvisação, técnica tão característica do estilo e carácter da cantora, a nova música composta viajará por territórios distintos como o jazz, a música contemporânea, o tradicional e o clássico“. O programa do concerto “Agora Muda Tudo”, inclui novas canções para voz e ensemble com versos originais do escritor José Luís Peixoto, interpretadas por Maria João (voz), Nuno Côrte-Real (maestro) e Ensemble Darcos (12 músicos).
No dia 24 de março pelas 21h30, também no TJLS e sob a direção do maestro António Vassalo Lourenço, a Orquestra Filarmonia da Beiras e o Coro do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro executam o “Requiem de Verdi” – uma composição singular de Verdi, por ser um testemunho único da visão artística e humana do compositor. Esta obra simboliza, essencialmente, o sentido alargado da batalha da vida contra a morte. A 28 de março (21h30) o mesmo teatro recebe a Orquestra Estágio de Sopros de Leiria.
No sábado dia 31 de março, na igreja de São Francisco em Leiria pelas 17h00, é tempo para a Cantata “Ketevan”, dirigida por Vasco Negreiros que compôs a obra durante uma residência artística de seis meses em Panjim (Índia) com base em textos latinos e sânscritos, combinando melodias de origem gregoriana com ragas hindustânicas, recorrendo a instrumentos e músicos europeus e asiáticos, acompanhados pelo Coro do Orfeão de Leiria. No Teatro Miguel Franco (Leiria), atuam a 04 de abril, pelas 21h30, os Furum Fum Fum, (Clarinete, Sousafone e Percussão) com o concerto “Chorinhos com sotaque português!”. O clarinista Nuno Pinto propõe um concerto diferente, fruto das suas viagens ao Brasil e da enorme vontade de conhecer o “choro” brasileiro como uma vertente do fado português. Será acompanhado por Sérgio Carolino (Sousafone) e Jorge Queijo (Percussão).
Na Casa da Cultura-Teatro Stephens (Marinha Grande) a 06 de abril, às 21h30, o trio Portugoesas apresenta uma abordagem erudita do cancioneiro, tradicional da música goesa. Este ensemble é composto por Carolina Figueiredo (mezzo-soprano), Verónica Milagres (soprano) e Carlos Garcia (piano). No dia 07 de abril, pelas 21h30, é a vez da Igreja do Mosteiro da Batalha exibir a “Missa Brevis”, um projeto original de João Gil que conta com a participação especial de Luís Represas (voz), Manuel Rebelo (voz), Manuel Paulo (piano) e Diana Vinagre (violoncelo), num ensemble que se intitula de “Cantate”. João Gil apresenta a sua “Missa Brevis” com músicas compostas a partir de textos litúrgicos em latim destinados a “intervir culturalmente”.
A 11 de abril, no auditório da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS), em Leiria, apresentam-se o Quinteto Metais de Leiria e o duo Augusto Baschera & Paulo Bernardino. O Quinteto, constituído por músicos todos professores no Orfeão de Leiria, propõem um concerto diferente, num programa diversificado que vai desde as Danças Renascentistas de Tielman Susato, pelo West Side Story de Bernstein, até ao Adagio for Strings de Samuel Barber. O duo apresenta-se com o projeto “Exodo”, composto por Violão (Augusto) e Clarinete (Paulinho), trazendo através destes dois instrumentos tão presentes na música brasileira, um entrelaço de danças e canções que retratam de forma sonora o espírito cotidiano da América Latina. O concerto está agendado para as 21h30.
Em antestreia absoluta, a Companhia Olga Roriz marca presença no Teatro José Lúcio da Silva a 14 de abril, pelas 21h30. Denominado “A meio da noite”, trata-se de um espetáculo de homenagem Ingmar Bergman, nascido a 14 de Julho de 1918. “Poucos realizadores conseguiram alcançar tamanha profundidade no interior do ser humano. Os seus sonhos e pesadelos foram a base inspiradora de muitos dos seus filmes, onde espaço e tempo se desvanecem do real. A impossibilidade de comunicação, a religião e a morte são as temáticas mais obsessivas de Bergman. No entanto, o que é mais importante na vida para o realizador é a comunicação que conseguimos com outros seres humanos, sem isso estaremos mortos. A redenção, por vezes, aparenta ser o amor mas sempre que as personagens parecem perceber isso, a luz é retirada do ecrã. Apesar de lhe interessar qualquer ser humano, seja homem ou mulher, Bergman não escondeu gostar mais de trabalhar com mulheres, afirmando que são melhores atrizes, talvez porque têm uma relação mais aberta com a sua reflexão. A verdade é que as mulheres de Bergman não são um mito, elas existem em todo o seu esplendor e complexidade. As referências são esmagadoras tanto na sua quantidade como na dificuldade de análise e interpretação de cada personagem. É nessa vasta visão do realizador que Olga Roriz se inspirou, nesses homens e mulheres assustadoramente reais na sua solidão e em luta constante com o interior, numa busca incessante de entendimento de si próprios e dos outros“.
A Orquestra Sinfónica de Leiria, dirigida pelo maestro Pedro Neves marca presença a 15 de abril, pelas 17h00, na Igreja de São Francisco em Leiria, executando obras de António Vivladi, Samuel Barber e a sinfonia do Adeus de Joseph Haydn, obra emblemática em que Haydn escreveu de tal maneira que aos poucos, os músicos, um a um, paravam de tocar, apagavam as suas velas, e caminhavam para fora do palco, deixando no salão apenas Haydn e o último músico para concluir o final.
Para encerrar com chave-de-ouro, Ute Lemper! “Conhecida pela sua qualidade artística e versatilidade, Ute Lemper é uma artista multifacetada e marcante nas suas exibições, que regressa agora a Portugal para um espetáculo único e imperdível“. Com uma carreira vasta e variada, a artista alemã soube ao palco do Teatro José Lúcio da Silva no dia 20 de abril, pelas 21h30, para o concerto de encerramento da 36.ª edição do festival Música em Leiria. Ute Lemper é uma artista universalmente elogiada pelas suas interpretações de Berlin Cabaret Songs, as canções de Marlene Dietrich, Edith Piaf, Jacques Brel, Léo Ferré, Jacques Prevert, Nino Rota, Astor Piazzolla, entre outros.
É tomar nota de tudo. É a não perder nada. •