AURA Sintra 2018

A 4ª edição do AURA FESTIVAL – Light Atmospheres tem regresso marcado à vila de Sintra entre os dias 02 e 05 de Agosto (quinta a domingo) e promete, novamente, provocar os sentidos de residentes e visitantes através de acontecimentos artísticos únicos que têm a Luz como matéria e principal meio de criação. Se nunca foi, alinhe num passeio a Sintra, este ano. Não se irá arrepender.

Em 2018 o AURA celebra o Ano Europeu do Património Cultural e apresenta um programa internacional com intervenções artísticas entre o MU SA – Museu das Artes de Sintra e a Quinta da Regaleira. Ao longo de um percurso pedestre pela vila de Sintra, apresentam-se esculturas em cenários não convencionais, projeções interativas, urban mapping interventions, documentários, divulgação científica, projetos colaborativos e passeios guiados.

As mais de uma dezena de obras de artistas nacionais e internacionais partem de referências locais, como, por exemplo, as memórias dos residentes ou o vinho de Colares, e reconfiguram-nas em acontecimentos artísticos que transfiguram, simultaneamente, a forma como nos relacionamos com a noite e com o espaço urbano de Sintra. Na edição deste ano, o AURA FESTIVAL alia à vivência artística e luminosa de Sintra o conceito de street food, proporcionando aos visitantes três zonas de convivío gastronómico ao longo do percurso, com produtos naturais, não processados e de origem biológica.

O AURA foi distinguido com o selo de “remarkable festival” 2017-2018 pela associação europeia EFFE (Europe for Festivals, Festivals for Europe) devido ao seu compromisso artístico, abordagem inovadora, envolvimento da comunidade e compromisso europeu e internacional. Entre a partilha de experiências internacionais, a concretização dos projetos com a comunidade sintrense, e o assumir de boas práticas de intervenção no espaço público e no património cultural mundial na vila, AURA vai criando um campo de ação, uma linguagem e uma comunidade de artistas, pensadores e amigos por todo o mundo.

A saber, os artistas e instalações que poderá ver e deliciar-se este ano:
A1: LEFT HAND ROTATION (Espanha) – Local: Projeção no átrio da Biblioteca Municipal de Sintra
FASCÍNIO – estreia da longa metragem documental produzida pela Criaatividade Cósmica para a 4.ª edição do Aura Festival.
Fascinados pelo final do mundo conhecido, pelos segredos escondidos nos subterrâneos, uma multidão aproxima-se de Sintra. Os rastos das suas vivências inundam um destino prestes a colapsar e colocam-nos perante o dilema. Continuar a gerir a demora do inevitavel? Ou penetrar na serra? Quem acredita no seu mistério, encontrará na novidade do que é muito antigo, caminhos esquecidos, a fuga do eterno retorno.


© A5: Alfred Kurz + Carlos de Abreu (Alemanha)

A2: HET PAKT (Bélgica) – Local: Largo do Rio do Porto
SOLUNAR – instalação participativa
Het Pakt estão a construir um templo para redescobrir a luz da lua cheia e vivenciá-la como um brilho de vida. Sintra tem uma relação especial com a astro noturno. Nas suas imediações podemos encontrar um templo antigo dedicado ao sol, à lua e aos oceanos. A lua representa o sonho, o lugar inatingível, o romance, a melancolia, a noite, a solidão. A partir do tema da imigração, Het Pakt relaciona a simbólica da lua com a história particular de refugiados, pessoas que estão à procura de uma vida melhor, um lugar melhor longe de casa. Este trabalho pretende alertar todas as pessoas para o facto universal da solidariedade humana, amizade e sobrevivência.
Het Pakt construíu um objeto especial para capturar a luz da energia de cada um. É uma espécie de câmera pinhole. O nome é “SOLUNAR”. O resultado é um retrato lunar especial. Uma luz interna define o retrato. Estes retratos são mostrados num círculo de 16 tendas transparentes. No meio deste círculo há uma enorme projeção da lua cheia numa tela pendurada a 5 metros acima do solo. Os visitantes colocam-se debaixo desta imagem e a lua cheia é agora um círculo de fogo por cima da cabeça. Cada pessoa que se inclina e coloca as mãos num determinado lugar fará brilhar uma tigela. A imagem do visitante curvado, inclinado sobre a tigela, é capturada e enviada imediatamente para a imagem da lua cheia. Este retrato surge no círculo iluminado e reforça a energia e a intensidade do brilho total de uma lua cheia.

A3: DESILENCE (Espanha) – Local: Palácio Nacional de Sintra
Tiling Draws – Videomapping
Inspirados pela linguagem pictórica utilizada por artistas portugueses como Zé Penicheiro, com as suas caricaturas volumétricas únicas, Amadeo de Souza-Cardoso, de estilo agressivo e vivo nas formas e cores ou as grandes composições de Maria Helena Vieira da Silva, Desilence combina uma palete de cores a partir do cubismo e da arte abstrata. Mas também se deixam influenciar pela história dos maravilhosos azulejos que revestem o interior do Palácio Nacional da vila de Sintra, com as suas diversas texturas e composições.

A4: Torsten Muhlbach (Alemanha) – Local: Rua Dr. Alfredo da Costa
Colares Effect – Instalação/escultura
Evocando São Martinho e o antropólogo Marcel Mauss, o vinho é um produto unificador e criador de identidades, capaz de unir indivíduos dentro e fora da mesma comunidade. Mas também gera comportamentos e éticas de natureza simbólica, tendo em conta o que não se exprime em linguagem verbal, mas que respeita ao que implicitamente se aceita ao tragar um copo de vinho. É o vinho criar novos laços e simbologias no relacionamento quotidiano entre residentes, turistas e outras tribos que se vão aproximando à região de Sintra.
Colares é uma região vitivinícola de clima frio, e com um raro e excepcional processo de produção de vinha em chão arenoso. Estas vinhas crescem debaixo de um fenómeno meteorológico, o Efeito de Foehn. A Serra de Sintra impede que os ventos norte do Atlântico sigam com a mesma intensidade para sul. Funciona como uma barreira natural que mantém a humidade e a maresia de forma permanente nesta região pouco temperada pelo calor do sol. O vinho de Colares tornou-se famoso quando, no final do século XIX, apareceu uma praga, a filoxera, vinda da América do Norte, que matou muitas vinhas na Europa, atacando sobretudo as raízes das videiras. Ora as vinhas de Colares estão plantadas em dunas e enterradas a 2/4m de profundidade numa camada de argila. A argila fornece a água necessária para a videira não morrer. O que fez do vinho de Colares um caso único em Portugal.

A5: Alfred Kurz + Carlos de Abreu (Alemanha) – Local: rua Dr. Alfredo da Costa
A prática de preservar o invisível – Instalação fotográfica.
Propõe-se a suspensão do tempo para a revelação de fantasmas. Uma heterotopia como um lugar de memória. Ao longo do percurso do AURA são projetadas antigas fotografias de arquivos pessoais. As imagens de arquivo são remisturadas através da história (recente) dos residentes e viajantes da vila.


© A4: Torsten Muhlbach (Alemanha)

A6: Error 43 (Portugal) – Local: Volta do Duche – escadas para o Museu Anjos Teixeira em frente ao portão do Parque da Liberdade
Mushi – Instalação interativa
O nome Mushi é baseado na série de animação japonesa Mushishi. Os Mushi são seres que existem no mesmo espaço físico que as pessoas, mas só algumas, que já tiveram experiências com eles, é que os conseguem ver. São manifestações da vontade do universo em formas estranhas e luminosas. Os mushis manifestam-se consoante a presença do público no espaço, ativando um programa de luz e som escondido na paisagem.
Este sistema vai sendo controlado através de diversos sensores, de proximidade, de pressão, de movimento, entre outros, com o intuito de criar uma interação orgânica com as pessoas. Os sensores ativam os diversos dispositivos de luz, como projetores que projetam animações em espaços mapeados, fitas de LED’s que se integram na natureza, sistemas de bolhas de sabão, ou pequenos apontamentos luminosos ao longo do percurso.
A instalação procura criar uma relação natural com a sua envolvente, a sua execução passará por uma análise minuciosa da natureza do local de forma a posicionar a tecnologia harmoniosamente no espaço. A intenção é que as pessoas vão ativando as diferentes animações do percurso através das suas ações no mesmo, de forma a conseguir uma interação direta entre o utilizador e a instalação.

A7: Miguel Boim (Portugal)
O caminheiro de Sintra – Passeios Pedestres Nocturnos, às 20h30. (É necessária a inscrição prévia)
Sexta-feira, 3 de Agosto de 2018: Sob a Luz do Romantismo
Sábado, 4 de Agosto de 2018: Sombras de Outros Séculos
Utilizando a luz e a sombra em palavras cadenciadas pela penumbra, pela paisagem e pelas instalações de outros artistas presentes no AURA Festival, estas duas intervenções procuram sentir as ténues luzes do século XIX em Sintra (noite de 3 de Agosto), e as sombras de épocas mais distantes e mais ocultas da vista e luz do presente (na noite de 4 de Agosto).
A imaginação dificilmente consegue fazer jus ao sentir dos nossos antepassados. Não só ao sentir, mas também aos ambientes em que esses se moviam. À noite as sombras na penumbra formadas, levantavam no peito impressões diferentes das que hoje sentimos. Através de duas intervenções em duas noites – as vivências de algumas das figuras da história (conhecidas dos livros e outras apenas de escritos anónimos e íntimos) serão transmitidas em trechos de vida, os quais, num entrelaçar improvisado com a paisagem e com as instalações de outros artistas presentes no AURA, transmitem uma forma única de viajar até ao passado de Sintra.
Na noite Sob a Luz do Romantismo vêem-se traços do século XIX que não são por todos esperados. A luz das velas nas casas de veraneio de então eram muitas vezes substituídas pelos passeios que se dedicavam a ambientes menos fechados, mas mais dados às silhuetas que o luar em ruínas formava, gritando pela voz cava do coração ainda dominado pelo Sturm und Drang. Hábitos que não se esperam encontrar nas noites oitocentistas, por serem sombrios aos olhos da ofuscante e agitada luz de hoje. Sombras de Outros Séculos serão aquelas que nos levarão além – muito além – das silhuetas do século XIX.
Serão memórias desenterradas de tempos sombrios em que a ausência de luz levantava de cada canto o pesar da consciência, elevado pelo sentimento de culpa inculcado através da falta de informação. Desses anos encontramos os mais sombrios relatos de vivências, que à luz de hoje nos enfunam o peito.
Serão por isso duas noites do AURA Festival em que os olhos viventes em 2018 espreitarão passados com outros hábitos e com outras luzes.

A8: Leo Betinelli (Argentina) – Local: Quinta da Regaleira (Patamar dos Deuses e Lago do Labirinto)
Luminescenz Forest – Instalação luminica
A instalação consiste num conjunto de 70 objectos escultóricos lumínicos:
PUPA: três estruturas ovais cobertas com ouropel dicroico muito fino e leds, em que o efeito da luz colorida varia de intensidade consoante o ponto de vista do observador;
IMLED LAMPS: quatro objetos escultóricos construídos com base num mecanismo de espelho unidirecional (e tecnologia baseada em Arduino), que permite ao observador espreitar, mas impede que a luz escape, criando assim os padrões e efeitos mais surpreendentes;
LUMISEEDS: 60 objetos escultóricos lumínicos dispostos de forma aparentemente aleatória. Assim que o sol se põe, estas entidades bioluminescentes acordam de um sono profundo e vibram, primeiro desordenadas, depois num diálogo em espiral, quer como grupo, quer como individuos;
PHOS: Esfera de alumínio com dois metros de diâmetro e trinta e dois metros de leds acionados por um controlador de fabrico próprio que exibe incríveis padrões tridimensionais;
CALLTRIDGE: Callitriche é uma instalação de luz flutuante, uma espiral angular de 10 metros de diâmetro, composta por 8 braços de 6 metros de comprimento cada, com 100 metros de faixa LED RGB programação lumínica autónoma. Callitriche (https://en.wikipedia.org/wiki/Callitriche) é uma analogia desta planta aquática, na qual a energia gira em torno da sua pele, dando vida a toda a estrutura. Neste caso, este fenómeno é mais visível à noite, durante a escuridão.


© A8: Leo Betinelli (Argentina)

A9: Coletivo ArticaCC (Portugal) – Local: Foyer do Museu das Artes de Sintra
Instalação interativa
Esta obra tanto pode ser uma performance como uma instalação audiovisual. ArticaCC fornece um ponto de acesso Wi-Fi gratuito onde o público ligará os seus dispositivos móveis. Terá assim acesso a um painel de controle de imagens real-time generated que permite modificar diferentes layers, tal como as condições climáticas, cores subaquáticas, partículas flutuantes, as cores das rochas, comportamentos dos peixes, posição da camara, etc. As instruções de acesso serão dadas no local sendo possível controlar as imagens a partir de cada dispositivo móvel. Basta usar e abusar do controlador.

A10: André Gastão (Portugal) aV//Jam sessions – Local: Zona pedonal da Av. Heliodoro Salgado
As aV//Jam existem com o propósito da improvisação visual e sonora. O Vídeo sem som não faz sentido. Uma vez por mês, juntamos-nos para curar os nossos vícios numa JAM, onde a Vídeo-Arte é a principal artista. O som a acompanhar os pixeis de forma livre e espontânea, onde músicos e vídeo- artistas se juntam numa sessão de improviso áudio-visual.

A11: Patrícia Guerra e Filipa Magalhães (Portugal) – Local: Volta do Duche – muro
The Talking Wall – Instalação dinâmica de luz
Cada parede em Sintra pode ser um jardim. O clima único e o misticismo de Sintra permitem que a natureza reconquiste o seu próprio espaço.
Se falassem, as paredes podiam contar-nos histórias e lendas desde o início da vida. Assim convidamos a admirar a natureza através da luz e da sombra. E a percorrer o muro da volta do Duche e assistir às instalações:
1. As cores do cosmos – Percurso alusivo aos tons do espaço sideral com o ritmo da pulsação da natureza. Criação de uma instalação dinâmica de luz de trinta metros com suaves variações de luz.
2. Moléculas de vida – Projeção de moléculas tridimensionais suspensas no muro da volta do duche. Criação de uma instalação dinâmica de luz com 44 metros, variando as formas e as cores.


© A12: Oficina de Ciência de Sintra

A12: Oficina de Ciência de Sintra – Local: Largo Afonso de Albuquerque, 34
Workshops sobre Luz e Eletricidade
A Oficina da Ciência de Sintra é uma associação sem fins lucrativos cujo objectivo é a divulgação e promoção científico-tecnológica junto da comunidade, sem descurar outras vertentes igualmente relevantes, como as áreas social e cultural. Integrando vários módulos interativos, a Oficina aborda as seguintes principais áreas temáticas: Água, Corpo Humano, Fenómenos físicos e químicos, Ambiente e Astronomia.
A realização da Oficina da Ciência de Sintra, enquanto instituição e de todos os seus colaboradores enquanto cidadãos, não se restringe ou, tão pouco, se esgota na promoção e divulgação da ciência. Concretiza-se, também, na inclusão de todos aqueles que, por contingências diversas da vida, vêem as suas oportunidades cerceadas numa sociedade cada vez mais fechada sobre si própria.
A Oficina da Ciência de Sintra envia ao AURA Festival uma embaixada recheada de surpresas para os mais novos: workshops, experiências laboratoriais e atividades. Experimentar, conhecer e aprender traduz bem o que temos para oferecer, com uma atenção especial para as atividades dirigidas ao público senior.

A13: Street Food Lounge
Integrar no AURA o conceito de street food – venda de bebidas e comidas em Food Trucks no espaço público noturno. O objetivo é proporcionar aos visitantes do festival três zonas de convivío gastronómico ao longo do percurso do festival. Pela delicadeza do território, e numa perspetiva de rentabilização de recursos, estará disponível uma oferta de produtos naturais, não processados e de origem biológica.

Para mais informações, basta clicar no link no final desta nota. Não deixe de passar em Sintra, pelo Aura, nos primeiros dias de Agosto. •

+ AURA 2018
© Imagem de destaque: Pormenor do cartaz de divulgação.

Já recebe a Mutante por e-mail? Subscreva aqui .