AVEC, cauntautora austríaca, é o nome que vai querer ter no seu ouvido. O estilo… Fica ao vosso critério, segundo AVEC. As influências, a sua infância e juventude. A si, ela entrega-lhe “Heaven / Hell”.
Lançado em Setembro passado, com um alinhamento de 12 músicas – a dúzia é sempre irresistível – (duas das quais são temas bónus, a bem de quem não resistir a AVEC) “Heaven / Hell” é um álbum produzido e misturado por Tommy McLaughlin no Attica Audio Studios, na Irlanda, que, numa primeira e muito sucinta abordagem, podemos dizer que se ouve de fio a pavio, sem querer que termine.
Em todas elas há algo em comum, tão característico de AVEC. Há uma identidade musical definida (mas jamais limitativa). Há universo sonoro rico no campo instrumental – não vai pela simplicidade ou facilitismo – uma voz grave – no tom certo para as melodias e lírica. “Todas elas são um produto da vontade de escrever letras sinceras e da experimentação da textura de novos sons.“, ouvindo, não há dúvidas nesta afirmação, apenas a confirmação.
As letras, aqui em “Heaven / Hell”, são sempre o principal ingrediente de qualquer canção. A escrita é o seu lugar de retiro, o seu porto de abrigo, o que lhe deixa espaço adicional para a interpretação. Procurando afastar-se das experiências negativas da vida, AVEC “compartilha simultaneamente a sua própria história criativa através da poderosa representação da vida e das emoções humanas que ela executa com sua música“.
Sobre o disco, Michael Ternai, jornalista austríaco, garante que “Heaven / Hell” “contém uma série de surpresas, até porque, no seu novo material, a jovem cantora / compositora apresenta-nos alguns lados de si mesma que até então tinham permanecido ocultos.” “Estas novas músicas deixam claro que a AVEC passou por um processo intensivo de desenvolvimento, e que ela sabe mais do que nunca o que ela quer e em que direção ela deve levar as coisas.” Continua Ternai, colaborador do mica – Musica Austria. Se ouvir, vai certamente entender esta segurança de AVEC no conjunto das 12 músicas.
Tudo começa com “Love” que nos leva a “Over Now”, porque não há mal que nunca acabe, há que acreditar. Mesmo “Under Water”, AVEC surpreende na musicalidade e temos que ter este álbum bem “Close” por ser tão verdadeiro no espelhar de um crescer. “Heaven / Hell” é quase o quotidiano e só não nos podemos esquecer de “Breathe”, é essencial embora tantas vezes a música nos tire o fôlego porque não queremos que acabe. “Still” porque há sentimentos que perduram e “Leaving” porque a vida é para a frente e o passado é só para nos dar força para continuar. Depois há “Alone” porque, por vezes, não dá mesmo, mas ainda assim sempre “Yours”, vivermos sozinhos não é possível e há sempre alguém que nos é irresistível. No bónus, “Body” que é tudo aquilo de que somos feitos e “Dear” que é saber deixar ir e… Voltar a ouvir do início. Jogo de palavras à parte, este álbum é consistência segura do início ao fim. É um equilíbrio perfeito de influências sonoras, onde a electrónica tem um papel fundamental e que bem utilizada é, explorando a sua riqueza rítmica e sabendo respeitar as cordas da guitarra no dedilhar de AVEC, a percussão, os teclados, o baixo… Mistura certeira. É álbum que de monótono nada tem, na medida em que nos faz sentir o corpo mexer sem pedir permissão ou nos serena na acalmia dos acordes escolhidos, mas inevitavelmente sempre forte.
“Este disco sou eu, a ser honesta e verdadeira para comigo mesma com todas as minhas mágoas e pensamentos, emoções e sentimentos, todos os meus problemas e tristezas.“, AVEC – é ouvir para comprovar que este trabalho é o reflexo de vivências vividas e sentidas. “Inspirando-se em Bon Iver, John Mayer, The Lumineers, Daughter e RYX, o som da AVEC pode ser melhor comparado a artistas como Lucy Rose ou Courtney Barnett, pelas suas habilidades de composição que nos instigam e emocionam.” AVEC espelha o seu lidar com experiências e sentimentos complexos através da música. A música funciona como a sua terapia. Escrevendo do coração, “as conotações profundas e significativas“, “as letras são o componente chave em todas as suas canções, e compartilhar a sua história dá-lhe o poder criativo de retratar a vida humana e os sentimentos através da música.”
E não poderíamos terminar sem fazer uma referência ao grafismo irrepreensível de “Heaven / Hell”, de AVEC. Com ilustrações de flowsofly (no todo do seu trabalho, esta ilustração é sempre forte na mensagem e traço), todo o envelope que envolve o álbum é de um minimalismo mais que perfeito, com um livreto com toda a lírica e toda a lírica acompanhada de uma ilustração.
A ter de descobrir a música e edição física deste trabalho de AVEC.
Boas sonoridades, em loop. •