Neste mês de Outubro, arrancam os domingos de Jazz no Ferroviário. Sob a batuta do curador João Lencastre, baterista reconhecido do circuito, quatro matinés trazem a nata do jazz moderno português até ao Ferroviário.
“Pode ser uma novidade para quem segue a programação, mas desde a reabertura do Ferroviário que o jazz habita os planos que nos dão mais gozo pôr em prática. Só precisávamos do momento indicador para o fazer acontecer.”, refere David Pinheiro, responsável pela programação do Ferroviário. “Teremos diferentes formações, registos e instrumentistas, mas um denominador comum: o da excelência. E o de acreditarmos que o Jazz no Ferroviário é a música certa no lugar certo”, acrescenta.
Apesar de já ter começado no domingo passado, dia 07, com o Ricardo Toscano Trio, ainda muito vai ter para ver e ouvir, sempre a partir das 17h00, com entrada livre. Assim, estes são os três domingos que ainda tem pela frente, este Outubro:
14/10, 17h00 – João Hasselberg & Pedro Branco “Verena Veneralis”
João Hasselberg: baixo, synth modular, electrónica
Pedro Branco: guitarra, efx
João Lencastre: bateria, synth, electrónica
João Hasselberg e Pedro Branco, uma das parcerias mais criativas na cena musical portuguesa, estreou-se com o disco “Dancing Our Way to Death” (2016). Poucos meses depois, um segundo disco é editado pela prestigiada Clean Feed, numa viagem intitulada “From Order to Chaos” (março 2017).
Neste concerto e nesta fase do projeto, o duo deixa descansar os instrumentos acústicos, permitindo-se numa viagem conjunta pela abordagem dos sons eléctricos e electrónicos. A esta descoberta dão o nome de “Venera Veneralis”. Entre a energia das cordas de baixo de João Hasselberg e da guitarra do Pedro Branco, não há só a presença da bateria do João Lencastre, mas a ousadia dos sintetizadores modulares, controlados pelo baixista, o teclado sintetizado do baterista, furados pelos efeitos dos pedais que todos usam, eletrificando em absoluto a plateia e o espaço.
“Deixamos todos de ser as pessoas que éramos antes de entrar no concerto, os papéis dos músicos desfazem-se em palco para se formar uma matéria desconhecida de energia onde se fundem todas as personalidades na sala. A invocação ao poema ‘Bluebird’ (um poema de Charles Bukowski), declamado entre a batida profunda de um coração simulado, é o convite final para que libertemos em massa estas asas sedentas de horizonte que todos reprimimos com vergonha.”
21/10, 17h00 – – André Fernandes “Centauri”
André Fernandes: guitarra, composição
João Mortágua: sax alto
Dizidério Lázaro: sax tenor
Francisco Brito: contrabaixo
João Pereira: Bateria
“Qualquer alma que devote o mínimo de atenção às movimentações jazzísticas portuguesas da última década e meia sabe que, quando se fala de guitarristas, há um nome que se destaca: André Fernandes. Exímio instrumentista e dotadíssimo compositor, já tocou com uma miríade de enormes músicos nacionais e estrangeiros que lhe elogiam a originalidade (Lee Konitz, Mário Laginha, Maria João, Bernardo Sassetti, David Binney entre outros), a vitalidade e a versatilidade artística. Incansável obreiro do jazz local – não apenas como músico, mas também como mentor da editora Tone Of A Pitch, André Fernandes tem um novo grupo, depois de Dream Keeper, projeto internacional que mereceu as melhores críticas dentro e fora de portas“. “Centauri” junta Fernandes a dois dos mais talentosos e jovens saxofonistas portugueses, José Pedro Coelho e João Mortágua, e a uma das mais jovens e requisitadas secções rítmicas nacionais em Francisco Brito e João Pereira.
28/10, 17h00 – – Nelson Cascais “The Amplectors”
Nelson Cascais: contrabaixo
Gonçalo Marques: trompete
Pedro Branco: guitarra
André Sousa Machado: bateria
Nelson Cascais nasceu em Lisboa em 1973. Estudou na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal e no Conservatório Nacional de Lisboa. Em 1994, como finalista do curso de jazz do HCP, representou Portugal no meeting anual da International Association of Schools of Jazz, em Nova Iorque. Trabalhou com algumas das mais importantes figuras do jazz nacional e internacional como Rick Margitza, Nuno Ferreira, Jorge Reis, Jerome Richardson, Benny Lackner, Perico Sambeat, Bernardo Sassetti, Maria João, Stefano D’Anna, Llibert Fortuny, Laurent filipe, Ivan Padduart, Antonio Faraó, John Ellis, Aaron Goldberg, Markku Ounaskari, Kari ikonen, Jorge Pardo, Jarmo Savolainen, Stefanno D’Anna, Maria Schneider, Carlos Martins, Mario Laginha, entre outros. Em 2002 é nomeado Músico de Jazz do Ano pelo site www.jazzportugal.net. Atualmente integra o Quarteto de André Fernandes, Jesus Santandreu Quartet, Abe Rabade Trio & Septeto, Paulo Bandeira Quarteto, Joao Lencastre Group, Pedro Moreira Quinteto. Colabora ainda com Maria João no seu projeto João. Neste concerto apresenta o novo grupo The Amplectors.
Sobre o Ferroviário, para quem ainda não conhece o espaço… Nasceu oficialmente em 1961, para receber um conjunto de atividades culturais, desportivas e recreativas dos funcionários da CP, mas foi em 2010 que se sagrou como bar/terraço e palco de uma das melhores vistas de Lisboa. Depois de dois anos fechado ao público, o espaço é agora devolvido aos lisboetas com nova gerência, nova decoração, nova programação e nova carta. O renovado espaço, composto dois palcos independentes, terraço ao ar livre com 500m2, bar e sala de espetáculos, será palco de uma nova programação onde se destacam talentos emergentes da cidade, de áreas tão variadas como a música ou o cinema, passando pela fotografia, a pintura, as artes plásticas, a gastronomia, e outros. Obrigatório conhecer.
A tomar nota de tudo. A ouvir o bom jazz que se faz por cá. •