A 27.ª edição do Curtas Vila do Conde traz na bagagem uma programação STEREO que junta a música ao cinema com Thurston Moore, The Heliocentrics e Montanhas Azuis, em concertos que não vai querer perder.
Thurston Moore mudou-se para Nova Iorque à entrada na maioridade para tocar punk. Quatro anos depois fundava os míticos Sonic Youth, banda com a qual mudou a forma como toda uma geração pensava e executava a experimentação no rock. A solo é, ainda hoje, um dos nomes que mais caminho desbrava na criação de novas linguagens em colisão com os padrões mais mainstream. Da improvisação ao rock mais puro, da composição acústica ao noise parecem não haver espaços onde Moore não se sinta confortável, sem medos de arriscar e experimentar. O mesmo se poderá dizer das inúmeras colaborações que fez com nomes como Yoko Ono, David Toop, Cecil Taylor, Faust ou Irmin Schmidt (CAN) e que, ainda assim, lhe deixaram tempo para fazer poesia ou dar aulas de escrita. Na música, continua a subir a palco com a The Thurston Moore Group, mas é a solo que se apresenta, este mês de julho, já amanhã, em Vila do Conde. Neste regresso, vai musicar uma selecção de curtas de Maya Deren, uma das mais icónicas cineastas da vanguarda americana e uma das primeiras mulheres a construir uma carreira na realização. “Witch Cradle”, “At Land”, “Ritual in Transfigured Time” e “Meshes of the Afternoon” são os filmes que integrarão este filme-concerto. Obrigatório.

© The Heliocentrics, DR
Colectivo de jazz psicadélico londrino, os The Heliocentrics surgiram nos anos 90, quando o baterista Malcolm Catto gravou para as míticas Mo’Wax e Jazzman. O seu álbum de estreia, editado em 2007 pela Stones Throw, solidificou-lhes o lugar por entre os mais interessantes nomes da música das últimas décadas. “Equilibrando o exótico e o ‘estranho’, o universo dos The Heliocentrics é vasto e evolutivo. A sua discografia é documento de uma viagem por entre as diferentes encarnações do jazz e do funk e a sua incrível lista de colaborações uma espécie de introdução aos nomes que marcaram o movimento pós-Mo’Wax, de MF Doom a Mulatu Astatke, de Lloyd Miller a Orlando Julius“. Esta semana, o colectivo estará de regresso a Portugal para musicar, ao vivo, “Heaven and Magic”, um dos mais significativos filmes de Harry Smith. Cineasta de vanguarda, Smith coleccionou, ao longo de décadas, milhares de gravuras de revistas vitorianas para criar algumas das mais criativas animações que o cinema americano conhece. Tapeçarias a lembrarem as colagens de Max Ernst, onde espaços em transformação, compostos por antiguidades, artefactos e criaturas servem de pano de fundo para as histórias de heróis e heroínas delirantes. A não perder.

© Montanhas Azuis por Vera Marmelo
São, muito provavelmente, três dos mais importantes nomes da música portuguesa contemporânea. A solo ou nos diversos projectos com que habitam a produção cultural do país, os universos sonoros de Marco Franco, Norberto Lobo e Bruno Pernadas estão bem longe de serem simples e previsíveis. “Donos de uma linguagem em constante estado de ebulição, conquistaram com os seus discos alguns dos mais disputados tops da crítica musical e, com isso, o respeito alargado de público e pares. Decidiram não ficar parados e, em Janeiro deste ano, editaram Ilha de Plástico sob o nome Montanhas Azuis, espaço por onde os vemos a experimentarem em torno de instrumentos analógicos, das guitarras aos sintetizadores. Ao vivo (nas raras apresentações que fazem) trilham o perene, ora acompanhados ora guiados pelas imagens de Pedro Maia, qual aventura excursionista entre a música e a imagem“. Este evento conta com o apoio da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores.
O 27.º Curtas Vila do Conde decorre entre 06 e 14 de julho e para consultar a programação completa é só clicar no link, no final desta nota.
Programação musical para os próximos dias:
10/07, 21h00 – Thurston Moore com filmes de Maya Deren; Teatro Municipal de Vila do Conde.
12/07, 23h45 – The Heliocentrics – Heaven and Earth Magic; Teatro Municipal de Vila do Conde.
13/07, 23h45 – Montanhas Azuis; Teatro Municipal de Vila do Conde.
A tomar nota. A ir. •
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