Festival Política 2020

É neste agosto que o Festival Política regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa.
Depois das problemáticas da abstenção, dos direitos humanos e da Europa, à quarta edição, o Festival elege o Ambiente como tema central e propõe-se a debater a sustentabilidade, convidando todos a repensar a sociedade actual e os moldes em que gerimos os ecossistemas.

De 13 a 16 de agosto, um conjunto de actividades gratuitas como debates, filmes, performances, exposições e espectáculos de música e humor, convida, mais uma vez, à consciencialização e participação de todos, lembrando que esta é uma das chaves imprescindíveis para o saudável desenrolar da democracia e para uma equilibrada construção da consciência colectiva.

Os destaques deste ano vão para o debateA exploração da gente para a exploração da terra“, com moderação do Fumaça; sessões de cinema com os vencedores dos Green Film Network Awards e a exibição de “Injustiça“, o grande vencedor Ambiente da última edição do CineEco, o espectáculo do humorista Diogo Faro também conhecido por Sensivelmente Idiota e a exposição da artista Carolina Maia, que estará patente no São Jorge durante todo o festival.


© “Saravá Palavrá”, DR

Nesta edição de 2020, o festival terá pela primeira vez a figura do país-foco. Este ano, será o Brasil que estará em destaque em vários momentos da programação como na actuação da dupla Venga Venga, na performance de Viton Araújo e André Dez “Saravá Palavrá” ou no debateO que se passa no Brasil?“.

Com as alterações climáticas no centro das reivindicações dos mais jovens e com os poderes públicos e económicos cada vez mais pressionados para mudarem as suas políticas em prol de um desenvolvimento mais sustentável, o festival dará especial atenção ao papel dos cidadãos como agentes transformadores, sem ignorar o impacto que a pandemia da covid-19 está a ter em todo o mundo.

Apesar da crise pandémica, Bárbara Rosa, co-directora artística do Festival Política reforça que “um festival que exalta as liberdades jamais poderia ser suspenso numa época de assinalável enfraquecimento de muitas delas. Através das artes e do debate, este ano a reflexão foca-se no Ambiente tendo em vista, mais uma vez, alcançar o objectivo principal do festival: adubar o pensamento crítico democrático que subjaz à transformação social que o mundo reclama”.

O festival abre este ano a programação do Lisboa na Rua. Também Joana Gomes Cardoso, presidente da EGEAC, entidade co-produtora, defende que “numa altura de grande incerteza, em que vários pressupostos de convivência são questionados, é ainda mais importante existirem iniciativas como o Festival Política”.

Todas as actividades do festival são gratuitas sendo necessário o levantamento de bilhetes na bilheteira do Cinema São Jorge. Para garantir a acessibilidade, todos os filmes estão legendados para português e todos os conteúdos orais são acompanhados por tradução em Língua Gestual Portuguesa. Serão cumpridas todas as recomendações da Direcção-Geral de Saúde.

O Festival Política é um conceito da Associação Isonomia, com co-produção da EGEAC e da Produtores Associados. Conta com o apoio institucional da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, Instituto Português do Desporto e Juventude, Secretaria de Estado da Cidadania e Igualdade, Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal e do Cine Eco/Município de Seia, a par da agência FCB e da produtora Bro. A RTP é a televisão oficial.


© “Venga Venga”, DR

No que é o ano de Lisboa Capital Verde Europeia, Festival Política de 13 a 16 de Agosto, no Cinema São Jorge e esta é uma suma do Programa:

13/08
18h00, DEBATE, Sala Manoel de Oliveira
“A EXPLORAÇÃO DA GENTE PARA A EXPLORAÇÃO DA TERRA”

19h00, OFICINA /PERFORMANCE, Sala 2
“SEMBA VERSUS PETRÓLEO”

21h30, CINEMA, Sala 3
“VENCEDORES DOS GREEN FILM NETWORK AWARDS”
“Mundo Perdido” (“Lost World”), de Kalyanee Mam, 16’ (EUA).
Enquanto Singapura retira areia das florestas de mangue do Camboja, a
ameaça de extinção paira sobre um ecossistema, um modo de vida comunitário e o relacionamento de uma mulher com o seu lar.
“Frota Fantasma” (“Ghost Fleet”), de Shannon Service e Jeffrey Waldron, 90’ (EUA)
A Frota Fantasma segue um pequeno grupo de ativistas que arriscam as suas vidas nas remotas ilhas da Indonésia para encontrar justiça e liberdade para os pescadores escravizados que alimentam o apetite insaciável do mundo por frutos do mar. Patima Tungpuchayakul, abolicionista tailandesa, comprometeu a sua vida a ajudar esses homens “perdidos” a voltar para casa. Diante de doenças, ameaças de morte, corrupção e complacência, a destemida determinação de Patima pela justiça inspira a sua nação e o mundo.

14/08
18h00, DEBATE, Sala Manoel de Oliveira
“O AMBIENTE PERGUNTA”

19h00, PERFORMANCE, Sala 2
“SARAVÁ PALAVRÁ”
Uma performance imersiva e um ritual ‘palavro-espiritual’ com a força rítmica do candomblé e a beleza da palavra falada. Uma homenagem poética à cultura oral africana e à riqueza sonora da língua portuguesa. No mesmo espaço o público, o actor-performer, o batuque afro e a expressão rítmica do corpo transformam um conjunto de manifestações culturais de origem afro-brasileiras numa experiência poética, com o caráter exclusivo de um ritual cénico multidisciplinar cruzando as linguagens da palavra, da música e da dança.

21h30, CINEMA, Sala 3
SESSÃO OLHAR PORTUGAL E O MUNDO
“Sea Shepherd”, Débora Mendes e Mariana Soares, 5′ (Portugal)
“My Hero”, de Danial Shah, 11′ (Portugal)
“We are Nature”, João Meirinhos, 5′ (Portugal)
“Eu não sou Pilatus”, de Welket Bungué 11′ (Portugal)

22h30, CONCERTO/PERFORMANCE,  Sala 2
VENGA VENGA
Projecto de Denny Azevedo e Ricardo Don. No cenário cultural do Brasil são conhecidos como agitadores culturais envolvendo-se, dinamizado e organizando várias atividades que refletem as questões raciais e da discriminação. Residentes em Lisboa, rapidamente se envolveram com a nova cena musical da capital lisboeta onde têm uma residência mensal num dos clubs mais icónicos da cidade, o Musicbox. Em 2019 marcaram presença no MaMA Festival&Convention, em Paris, integrados na representação oficial de Portugal como Country Focus do Festival.

15/08
18h00, DEBATE, Sala 2
“O QUE SE PASSA COM O BRASIL?”

19h00, CINEMA, Sala 3
SESSÃO BRASIL – Parceria: Segunda Segunda
“Câmera, tá ok”, de Nathalia Oliveira
“Reexistir”, de Gabriela Lima
“Todos nós moramos na rua”, de Marcus Antonius Melo
“Iarinhas”, de Pedro Serrano
“Espelho”, de Josi Lopes
“Açúcar”, de Heráclito Lima e Danilo Godoy.

21h30, ESPECTÁCULO, Sala Manoel de Oliveira
“O MUNDO SEGUNDO DIOGO FARO”

23h00, PERFORMANCE, Sala 2
“BELEZA COMO VINGANÇA”
Numa proposta híbrida e sensual, a dupla brasileira Tita Maravilha e Cigarra traz um live act cheio de ruídos e apelos cremosos. Corpos urgentes de mulheridades marginais e fúria travesti. Violência como linguagem, beleza como vingança.

16/08
19h00, CINEMA, Sala 3
Sessão Ativistas
“Allen, sacrifice zone”, de Alejo Estrabou, 15′ (Argentina)
Allen é uma cidade do Rio Negro, na Patagónia, com uma economia secular ligada à fruticultura, sendo o maior exportador de pêras do país. Em 2013, a área começou a ser palco de fracking, ou fraturamento hidráulico, uma técnica de exploração de gás com consequências irreversíveis na contaminação de água, alimentos e pessoas. Habitantes e vizinhos opuseram-se e obtiveram uma ordem judicial contra o fracking que foi revogada volvidos três meses pelo tribunal superior do Rio Negro. Desde então, foram instalados mais de 160 poços na área, poluindo a água, o ar e a terra, acarretando o fim de um modelo de desenvolvimento sustentável por um modelo extrativista destrutivo para o meio ambiente e a saúde da população. Rio Negro é transformado em uma zona de sacrifício. Consciência e organização coletiva são a única maneira de mudar esse destino.

“Wantoks: Dance of Resilience in Melanesia”, de Iara Lee, 20′
Em 2018, as Ilhas Salomão, no Pacífico Sul, receberam o Festival de Arte e Cultura da Melanésia, para celebrar os 40 anos de independência do local. Nos estados insulares vizinhos, a luta pela liberdade continua, pois a Papua Ocidental resiste à ocupação indonésia e os moradores da Nova Caledónia
vivem sob o domínio francês. Em todos os países da Melanésia, os moradores enfrentam o desafio comum das mudanças climáticas, pois a subida do nível do mar ameaça engolir a terra e a tradição. Neste trágico contexto, os artistas locais usam os seus talentos para celebrar a sua cultura e chamar a atenção internacional para a situação das suas ilhas, com a esperança de estimular a solidariedade internacional e promover acções colectivas contra os perigos de um mundo em aquecimento.

“Ilham Tohti”, de Yuaxue Cao e Wo Wong, 32’ – documentário sobre o
vencedor do Prémio Sakharov 2019
Documentário sobre o vencedor do Prémio Sakharov 2019 – Parlamento
Europeu. Ilham Tohti é um conhecido defensor uigure dos direitos humanos, professor de economia e defensor dos direitos da minoria uigure chinesa. Durante mais de duas décadas trabalhou incansavelmente para promover o diálogo e a compreensão entre uigures e outros chineses. Como consequência do seu ativismo, em setembro de 2014, foi condenado pela justiça chinesa a uma pena de prisão perpétua após um julgamento-fantoche de dois dias. Apesar da repressão sofrida, continua a ser uma voz da moderação e da reconciliação. Filme exibido em parceria com Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal.


© “Allen, sacrifice zone”, DR

21h30, SESSÃO DE ENCERRAMENTO – GRANDE PRÉMIO AMBIENTE CINEECO, Sala Manoel de Oliveira
“Injustiça” (Grit), Cynthia Wade & Sasha Friedlander, 80’ (EUA/Indonésia/Dinamarca)
Quando Dian tinha seis anos de idade, ela ouviu um estrondo profundo e virou-se para ver um tsunami de lama que vinha em direcção a sua aldeia. A sua mãe pegou nela para a salvar da lama fervilhante. Os vizinhos correram para salvar as suas vidas. Dezesseis aldeias, incluindo as de Dian, foram varridas para sempre, enterradas sob 18 metros de lama. Uma ao fim de uma década, 60.000 pessoas tinham sido deslocadas daquela que antes era uma área industrial e residencial em Java Oriental. Dezenas de fábricas, escolas e mesquitas estão completamente submersas sob uma paisagem lunar de lodo e areia. A causa? A Lapindo, uma empresa indonésia que explora gás natural.

EM PERMANÊNCIA DURANTE O FESTIVAL
“2050” Exposição de Carolina Maria.

Para informação mais detalhada sobre tudo o que vai passar neste Festival Política 2020 é só clicar no link abaixo.
A tomar nota. A ir. •

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© Imagem de destaque: “Grit Injustiça”, Filme, DR.

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