Desconfinar. Palavra que entrou para o top das palavras que mais gostamos de ouvir, garantidamente.
Mesmo que mantendo cuidados e precauções, respeitando as inevitáveis regras desta era ainda pandémica, o desconfinar está aí e a nossa cultura pronta para nos receber em segurança. Exemplo disso é a Casa da Esquina, em Coimbra, que nos faz chegar uma nova exposição: “A Volta à Quarentena em 80 dias”.
Com mais um desconfinamento (e esperemos que o último), a Casa da Esquina abre novamente as suas portas. Para assinalar este regresso, a Casa convidou a ilustradora, designer gráfica, voz-multi-instrumentista e co-fundadora dos Birds are Indie – Joana Corker – a levar, em formato físico, “A Volta à Quarentena em 80 dias” em exposição, à Casa da Esquina. Um diário gráfico – já publicado online pela própria e divulgado, também, pelo jornal Público – que poderá agora ver ao vivo.
Com concertos cancelados, uma agenda de designer virada às avessas, as incertezas incertas da incerta pandemia… Joana Corker decidiu, a bem dela e de todos, ilustrar a sua quarentena durante o confinamento de estranha memória para todos nós. No diário, os dias de uma ausência de normalidade, com apontamentos de quotidianos normais com cuidados anti-pandémicos – máscaras na rua, gel desinfectante, distanciamentos, jantares online com amigos… – um diário dela, mas dele também. Ou não fosse Ricardo Jerónimo, a figura esguia dos Birds are Indie, a sua parelha, tão retratado num diário quase sempre conjugado no plural.
Um diário onde podemos ver a gata da vida de Joana e Jerónimo, os amigos à varanda que visitavam da rua, as saudades dos aniversários juntos e passados na altura à distância, as compras para a família, as entregas em bicicleta de “Migrations – The travel diaries #1” – álbum lançado em 2020 que vai sair agora em vinyl e com novidades, os dias menos bons, os almoços e jantares em que sabemos que se alimentam bem e de forma saudável, os dias que mesmo de quarentena eram animados vs os dias que em quarentena a mandavam abaixo.
Em vez de dar a volta ao Mundo como na obra-prima de Júlio Verne, Joana Corker deu uma volta à sua quarentena em 80 dias, “desenhando a normalidade num momento tão anormal, registando a vida em suspenso e as pequenas angústias que todos nós partilhamos até hoje.” Com um desenho minimal de traço negro, que já identificamos como sendo o traço Corker, este diário é o medicamento certo para os nossos olhos.
Com inauguração agendada para este 15 de maio, a “A Volta à Quarentena em 80 dias” pode ser visitada, com todas as regras de segurança, entre as 10h00 e as 12h30 e as 14h30 e as 18h30, até ao próximo dia 30 de agosto.
Não deixe de passar por lá e fazer uma viagem na história gráfica de uma quarentena que jamais esqueceremos. •