Uma das religiões que na Mutante muito apreciamos é a da Cultura. Somos praticantes, devotos, quase diríamos beatos. Venerando vários Santos, há dois pelos quais temos especial apego – por tudo o que fazem (e têm vindo a fazer desde há muito tempo) pela música nacional. Falamos de Fausto Silva e Nuno Ávila, que pregam na Rádio Universidade de Coimbra (RUC). Caros Mutantes, perdoem a heresia, mas os Santos da Casa/ RUC merecem.
Heresias escritas, voltemos as atenções para o já habitual Festival Santos da Casa (em Coimbra), Festival este que também viu as suas voltas trocadas e reviradas no ano de 2020, e que neste 2021 ainda não vem com aquela agenda non stop, pelos motivos que bem sabemos, da dificuldade que tem sido gerir Cultura vs Pandemia.
Primeiro, Fausto e Ávila esclarecem-nos que este ano não estamos na presença de “um novo festival“. Dizem-nos que “para já são as primeiras remarcações de nomes programados para 2020 que a pandemia não nos deixou apresentar. Esperamos anunciar mais em breve.” Como temos percebido pelos vários testemunhos da nossa série de artigos sobre o futuro da cena musical: tudo programado com calma, a curto prazo e com muito jogo de cintura – é o novo normal, por agora.
Acrescentam-nos que “para já os três concertos previstos para o Corredor da RUC (em 2020) vão acontecer em junho de 2021 no Centro Cultural Penedo da Saudade“, em Coimbra. Garantindo, claro, que todas as recomendações/restrições da DGS serão rigorosamente cumpridas. Por fim, asseguram-nos que “os concertos terão publico no local e serão transmitidos online.“
Sem mais demoras… Eis as primeiras confirmações para uma série de concertos Santos da Casa que se espera que, em 2022, volte à velha forma de Festival.
11/06, 18h00 – Museum Museum, Centro Cultural Penedo da Saudade, Coimbra.
“Museum Museum, duo composto por Marta Banza e Miguel Reis, explora o universo da poesia musicada , num diálogo harmonioso entre o piano e a guitarra acústica. Os poemas surgem de momentos e histórias vividas ou imaginadas por Marta, e materializam-se sob a forma de canções intimistas, fruto da sinergia entre os dois membros.
O EP de estreia ‘Bare Me Raw’ foi editado no dia 08 de março de 2019, com o selo da Kimahera. Este primeiro registo, marcado por uma estética assumidamente minimalista, foi gravado ao longo de cinco sessões nos estúdios da Kimahera (Armação de Pêra, Algarve), sem recurso à utilização de metrónomo, prezando o live take, no que toca ao instrumental – opção do duo por forma a criar uma experiência auditiva que se aproxima mais do concerto ao vivo, por oposição a uma produção trabalhada em estúdio.
O duo carrega consigo influências que vão desde a música clássica aos cantautores americanos de referência, e nos espetáculos ao vivo convidam a uma solene e densa viagem entre temas que compõem o primeiro lançamento, e alguns temas a editar em discos futuros.”
19/06, 18h00 – Grutera, Centro Cultural Penedo da Saudade, Coimbra.
“Nascido a 3 de julho de 1991 numa qualquer clínica desse país, Guilherme Efe apresenta-se ao mundo todo nu, careca, sem dentes e cheio de sangue da barriga de sua mãe.
Na altura ainda não sabia tocar guitarra, porque não tinha unhas, mas provavelmente já sabia que era isso que faria o resto da sua vida, ainda que paralelamente tivesse qualquer outra atividade, mais ou menos lícita, mais ou menos nobre, com que fizesse mais ou menos dinheiro.
Começa a tocar em bandas de metal, mas o headbang faz-lhe dores de pescoço. Descobre que tocar guitarra clássica, à sua maneira, pouco ortodoxa, é a coisa mais simples e fácil que já alguma vez aprendeu a fazer. Fazer música com ela também. Assim, escolhe esse caminho para alcançar a fama, riqueza e sucesso. Ou só fazer música que o emocione e que melhore alguns minutos da vida de alguém que a ouça.
Em 2012 grava o Palavras Gastas e entra para os Novos Talentos FNAC, um álbum que, hoje em dia, o envergonha. Em 2013 grava O Passado Volta Sempre no Mosteiro de Cós, um álbum que hoje em dia, o envergonha, mas menos do que o primeiro. Em 2015 grava Sur Lie na Herdade do Esporão, um álbum que hoje em dia, o envergonha, mas menos do que o segundo. Em 2020 lança um novo disco, Aconteceu, um disco sobre o que aconteceu nos últimos cinco anos. Gravado numa adega de casa de seus pais, com Tiago e Diogo Simão ao leme desde a captação à masterização, design de Ana Gil, curadoria da Planalto Records e na capa vai a mãe. Poderá ser ouvido em primeira mão num qualquer concerto perto de si. Ou mais longe um bocadinho.
Espera que este não o envergonhe.”
25/06, 18h00 – O Manipulador, Centro Cultural Penedo da Saudade, Coimbra.
“O Manipulador é a one-man-band de Manuel Molarinho, influenciada por bandas de rock alternativo e ética DIY, que encontra inspiração em paisagens industrias abandonadas, nos ritmos e melodias das conversas e na experimentação. A originalidade do músico tem passado pela criação de peças e canções somente através do uso do baixo, pedais, loop station e voz, dando ao baixo o papel principal de instrumento de percussão, textural e melódico.
‘Doppler’ é o 4.º registo de O Manipulador (depois de’ Boxing’, ‘Chess’ e ‘Lop’). Com o selo da editora portuense Saliva Diva, representa o culminar do trabalho de investigação e experimentação da utilização do baixo eléctrico como instrumento total. É um álbum sobre percepção e sobre o efeito do tempo e distância na mesma. Um conjunto de 9 temas compostos ao longo da década, marcadamente autobiográficos e reflexivos, que são um ponto de chegada desta sua fase artística, apresentando características menos ensaísticas e mais preocupadas com o resultado final das canções.”
A tomar nota. A abraçar os Santos da Casa com a mítica RUC e a Cultura que se faz por cá, sempre segura! •