Gulbenkian Música 21/22

Entre janeiro e junho de 2022, a Gulbenkian Música apresenta cerca de seis dezenas de espetáculos protagonizados pela Orquestra e Coro Gulbenkian e por alguns dos maiores intérpretes da atualidade. Uma programação absolutamente imperdível, viciante e superlativa, como a Gulbenkian já tão bem nos tem habituado.

Óperas e Concertos Encenados
Uma versão semi-encenada da ópera Così fan tutte de Wolfgang Amadeus Mozart traz ao Grande Auditório o enredo em torno de uma aposta sobre a fidelidade feminina, que o compositor transpôs magistralmente para música com a colaboração do libretista Lorenzo Da Ponte. O inspirador da trama, Don Alfonso, é interpretado pelo baixo-barítono argentino Marcos Fink, também responsável pela ação cénica. O maestro Nuno Coelho dirige o Coro e a Orquestra Gulbenkian nesta produção (18 e 20/03).

Outro momento marcante desta temporada vai juntar no palco do Grande Auditório o violoncelista Jean-Guihen Queyras a bailarinos da Companhia Rosas para um espetáculo coreografado por Anne Teresa de Keersmaeker, ao som das Seis Suites para Violoncelo de Johann Sebastian Bach. A coreógrafa belga, que recebeu recentemente, na Fundação Gulbenkian, o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para Divulgação do Património Cultural, junta-se ao corpo de bailarinos no palco do Grande Auditório (09 e 10/01).

Singular será também a apresentação de Baby Doll, um espetáculo que evoca o drama das mulheres migrantes, ao som da 7.ª Sinfonia de Beethoven.  A Orquestra Gulbenkian, dirigida por Ben Glassberg, junta-se ao clarinetista e compositor YOM para uma viagem que traz a atualidade para o palco do Grande Auditório, e que não deixará ninguém indiferente. O espetáculo, estreado na Philharmonie de Paris e coproduzido pela Fundação Gulbenkian, tem encenação de Marie-Eve Signeyrole e desenho de luz de David Garniel (01 e 02/04).

Pianistas de Exceção
Intérpretes lendários como Maria João PiresGrigory SokolovMitsuko Uchida e Elisabeth Leonskaja apresentam-se esta temporada, que contará também com jovens pianistas virtuosos como Behzod AbduraimovAlexandre Kantorow Célimène Daudet

Maria João Pires apresenta-se em concerto único com a Orquestra Gulbenkian e o maestro japonês Tatsuya Shimono para tocar o Concerto para Piano n.º 2 de Chopin (10/02).

Este espetáculo marca o início de uma digressão que levará este concerto e todos os seus intérpretes a cidades como Paris, Barcelona e Girona. 

Elisabeth Leonskaja interpretará o Concerto n.º 5 para Piano e Orquestra de Beethoven (Imperador), sob a direção de Krzysztof Urbański (20 e 21/01). Grigory Sokolov (03/04) e Mitsuko Uchida (20/04) apresentam-se a solo e em recitais únicos.

Franz Liszt, Sergei Rachmaninov e Modest Mussorgsky compõem o reportório do pianista uzbeque Behzod Abduraimov nesta sua nova apresentação na Gulbenkian Música (21/02).  O jovem francês Alexandre Kantorow, que alcançou o 1.º Prémio no Concurso Tchaikovsky de 2019, estreia-se num recital a solo que inclui obras de Liszt, Scriabin e Schumann (22/03). Kantorow apresenta-se também com a Orquestra Gulbenkian, dirigida por Andris Poga, para interpretar o Concerto para Piano n.º 2 de Dmitri Chostakovitch. Esta temporada marca também a estreia da pianista francesa de ascendência haitiana Célimène Daudet para tocar obras de Debussy e Chopin, num recital em que dará também a conhecer obras de compositores do Haiti como Justin Elie e Ludovic Lamothe (11/05).

Karita Mattila e Hannu Lintu
Regressa Karita Mattila, a grande soprano finlandesa para, sob a direção de Hannu Lintu, dar voz às cinco canções do ciclo Wesendonck Lieder, a obra-prima que Richard Wagner compôs e dedicou à sua musa inspiradora, Mathilde Wesendonck. Na segunda parte do concerto, o maestro dirige a Orquestra Gulbenkian na 1.ª Sinfonia de Mahler (13 e 14/01).

Hannu Lintu, volta, no mês seguinte, para dirigir o Coro e a Orquestra Gulbenkian num programa que inclui o Requiem de Fauré e obras de duas grandes compositoras: Offertorium de Sofia Gubaidulina e Pie Jesu de Lili Boulanger. Considerada um prodígio musical, esta última compositora morreu em 1918, aos 24 anos, tendo sido a primeira mulher a ganhar o prestigiado Prix de Rome para compositores (24 e 25/02).

Lorenzo e Marina Viotti
Lorenzo Viotti regressa em maio ao Grande Auditório para dirigir a Orquestra e o Coro Gulbenkian em dois programas de excelência. No primeiro, dará a ouvir o Concerto para Violino e Orquestra de Alban Berg, interpretado por uma das maiores violinistas da atualidade, Isabelle Faust. A segunda parte do concerto é preenchida com o poema sinfónico Pelleas und Melisande de Arnold Schönberg (19 e 20/05).

Na semana seguinte, Viotti apresenta a sua leitura de uma das mais belas obras sacras ocidentais, o Requiem de Verdi. Entre os solistas, destaque para Marina Viotti, irmã do maestro, que recentemente se apresentou no Grande Auditório com uma aplaudida interpretação da obra La Voix Humaine de Poulenc (26 e 27/05).

Obra de Chick Corea em Estreia Nacional
O Concerto de Ano Novo, protagonizado pela Orquestra Gulbenkian, com a soprano Julie Fuchs, será dirigido pela maestrina italiana Clelia Cafiero (06 e 07/01). 

A estreia em Portugal de A Stroll, um concerto para trombone de Chick Corea, o carismático músico desaparecido este ano, constitui um momento especial na temporada.  Esta obra é uma encomenda conjunta da Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo, com a Fundação Calouste Gulbenkian, a New York Philharmonic e a Helsinki Philharmonic Orchestra. O trombonista Joseph Alessi junta-se à Orquestra Gulbenkian, dirigida por Giancarlo Guerrero, para esta primeira audição no nosso país. Um Americano em Paris de George Gershwin e as Danças Sinfónicas de West Side Story de Leonard Bernstein completam o programa (12 e 13/05).

A Sinfonia do Novo Mundo, a obra seminal de Antonín Dvořák, inspirada na sua vivência em Nova Iorque, será dirigida pelo maestro húngaro Gábor Káli. Neste concerto, serão ainda apresentadas duas peças de Ligeti, uma das quais com o violinista André Gaio Pereira, Prémio Jovem Músico do Ano 2017 (03 e 04/03).

À frente da Orquestra Gulbenkian, Nuno Coelho terá a seu cargo a execução de uma das obras-primas de Richard Strauss, as Quatro Últimas Canções, interpretadas pela soprano sueca Camilla Tilling. O maestro português dirige, ainda, neste concerto, a Sinfonia n.º 4 e a obra Gesange der Parzen de Johannes Brahms, para Coro e Orquestra (07 e 08/04).

Concerto de Páscoa
O Concerto de Páscoa da Gulbenkian Música trará ao Grande Auditório uma obra-prima absoluta da música coral-sinfónica: a Paixão segundo São João de Johann Sebastian Bach. Dirigidos por Florian Helgath, o Coro e a Orquestra Gulbenkian reúnem-se com um quinteto de solistas para esta celebração anual (12, 13 e 14/04).

Outro monumento do reportório barroco, também de Johann Sebastian Bach, a sua inesquecível Missa em Si menor, voltará a soar no Grande Auditório, desta vez sob a batuta de Leonardo García Alarcón (28 e 29/04).

Maratonas Musicais
Festival dos Quartetos de Cordas apresenta, ao longo de um fim-de-semana, algumas das mais conceituadas formações da atualidade: Cuarteto CasalsJerusalem QuartetBorusan QuartetQuatuor DanelMarmen Quartet e Quarteto Tejo. Este festival resulta de uma parceria com a Bienal de Quartetos de Cordas da Philharmonie de Paris e é apresentado pela terceira vez na Gulbenkian Música. Destaque para a estreia absoluta de uma nova obra do compositor português Nuno Costa, encomendada pela Fundação Calouste Gulbenkian (22 e 23/01).

Regressam também as jovens estrelas em ascensão – Rising Stars – para um fim-de-semana de Portas Abertas, com entrada livre (15 e 16/01). Este ano, mostram-se Ben Goldscheider (trompa), Isata Kanneh-Mason (piano), Lucie Horsch (flauta de bisel), Johan Dalene (violino), e os quartetos Kebyart Ensemble (saxofones) e Simply Quartet (cordas), selecionados pela ECHO – rede de salas de concerto europeias que a Gulbenkian Música integra.

Concertos de Domingo
Pensados para a fruição da música em ambiente familiar e descontraído, estes concertos comentados da Orquestra Gulbenkian regressam em três programas de sessão dupla (12h e 17h). O primeiro programa apresenta Aberturas e Árias de três óperas de Mozart: As Bodas de FigaroDon Giovanni e A flauta mágica. Dirigido por Diogo Costa, o concerto conta com a soprano Cecília Rodrigues e o barítono André Henriques, que darão voz às várias personagens imortalizadas pelo génio do compositor (06/02).

Segue-se um programa dirigido por Nuno Coelho, totalmente dedicado ao universo musical russo, com obras de Tchaikovsky, Mussorgsky e Rachmaninov, com a participação do violoncelista Jonathan Roozeman e do pianista Vasco Dantas (13/03).

No último concerto desta série, o maestro Giancarlo Guerrero dirige The Composer Is Dead, uma divertida obra de Nathaniel Stookey. Nesta peça, um narrador-detetive (interpretado pelo próprio maestro), interroga os suspeitos de um crime – os vários instrumentos da orquestra – que apresentam argumentos musicais em sua defesa (08/05).

Met Opera Live Em HD
As transmissões da Metropolitan Opera de Nova Iorque vão incluir as óperas Cinderella de Jules Massenet (05/02), Rigoletto de Giuseppe Verdi (19/02), Ariadne auf Naxos de Richard Strauss (12/03), Don Carlos de Giuseppe Verdi (26/03), Turandot de Puccini (7/05), Lucia de Lammermoor de Gaetano Donizetti (21/05) e Hamlet de Brett Dean (04/06).

A tomar nota de tudo na sua agenda 2022 e a tentar abraçar todos os espectáculos desta programação irresistível. •

+ Gulbenkian Música
© Fotografia: Bach 6 Cello suiten – Ruhr triennale / Anne Van Aerschot.

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