A multiculturalidade impera na lista de sugestões deste restaurante de Lisboa, com boas novas a saborear, seja ao almoço, seja ao jantar, como se de uma volta ao mundo se tratasse.
Aberto desde Dezembro de 2018, no número 9, da Rua António Serpa, em Lisboa, o Sauvage “começou como um bistrô”, esclarece António Carrilho, co-proprietário deste restaurante, a par com Rui Jácome, ambos “amigos de longa data”. Com a passagem do tempo, passou a apresentar pratos alusivos às cozinhas do mundo, em conformidade com a vontade que o nosso anfitrião explicita, no sentido de trazer as experiências [gastronómicas] de outros países, de outras culturas”, para a mesa do Sauvage, numa tentativa de “acompanhar as tendências”. A finalidade consiste em convidar os comensais a viajar por diferentes latitudes – Ásia, América do Sul, Europa – , combinadas no mesmo prato, no que às mais diversas culturas gastronómicas diz respeito.
É neste alinhamento que se enquadram as novidades. Estas foram desenhadas por Ricardo Gonçalves, que tem a saudosa Enoteca de Belém no currículo e é, actualmente, chef consultor do Sauvage, bem como do Quiosque Beca Beca e do Goma, ambos espaços localizados no Parque Eduardo VII, em Lisboa, pertencente à referida dupla de sócios. As mesmas são, agora, elaboradas pelo chef Rui Abreu, cujo percurso, na cozinha, inclui o já extinto Pesca.
Antes de começar esta viagem multicultural, faça uma escala no bar do Sauvage, instalado junto entrada do restaurante. Solicite o rum fizz, com rum, abacaxi e espuma de gengibre, para abrir o apetite, enquanto elege os pratos. Escolha a cavala de pele tostada, acompanhada por puré de aipo, couve kale crocante, maçã verde em pickle e ovas de arenque é sugestão a considerar, pela conjugação de sabores.
Caso prefira uma combinação de sabores orientais, solicite a tartelette composta por tártaro de atum, amendoim frito, algas, caviar de yuzu e palha feita a partir de de alho francês. A vazia maturada, servida em pão escandinavo e acompanhada de parmesão de rábano negro em pickle e cebola pérola em mel e rúcula, é perfeita para quem prefere iniciar a refeição com carne.
Tempura de couve-flor, couve-flor assada, puré couve-flor, molho de avelã e estufado de ervilhas é, em contrapartida, a opção vegetariana a experimentar.
O delicado ravioli de lavagante é uma mui agradável surpresa dentro da lista de novidades da carta do Sauvage, sobretudo para quem aprecia a culinária italiana. Há que experimentar o arroz cremoso de camarão e algas ou o trenette trufado, acompanhado de molho trufado com queijo creme, lascas de trufa, cebola crocante e molho holandês.
O polvo na grelha, acompanhado de puré de batata-doce, folhas de coração de alface com vinagrete de frutos secos e pelo molho romesco, típico da cozinha catalã, é outra das sugestões, mas o cabrito, cozinhado a baixa temperatura, que lhe confere suculência, como nos foi ensinado pelas nossas avós, e servido com couve toscana, óleo de hortelã e um divinal arroz de enchidos – chouriço e farinheira –, é “de comer e chorar por mais”!
Ainda ao gosto dos carnívoros, é de salientar o prato de bochechas de porco, com puré de alho francês, avelã, bacon e couve-de-Bruxelas assada. A beringela, também assada, servida com creme de milho, puré de azeitona e milho grelhado entra na sucessão de propostas vegetarianas.
Também é de espreitar a carta de vinhos. Concisa, mas composta por boas escolhas vínicas, tem no incomum a escolha acertada, que pode ser complementada pelo pedido de sugestão a quem serve à mesa.
À sobremesa, é de saborear a novidade imperdível, a pavlova de frutos do bosque, o mil folhas, com caramelo salgado, natas azeda e gelado de avelã. A mousse de chocolate, com crocante de leite, a tarte de lima e bola de gelado de iogurte, bem como o pudim Abade de Priscos, feito com torresmo, servido com abacaxi, guardado em calda de gengibre, e calda de maracujá também não são de descurar. Termine de forma diferente, com outra boa nova, desta feita do bar do Sauvage: whiskey sour de pipoca e caramelo salgado.
Mas as alterações não ficam por aqui. Hoje, além da decoração mais “fresca”, alusiva ao nome e predominada pelos tons verdes, recentemente implementada em todo o espaço, o Sauvage apresenta uma ementa constituída por uma oferta mais reduzida, com o objectivo de direccionar a aposta no produto de qualidade. “O grau de exigência que nos é imposto é diferente”, continua o proprietário, reforçando a abolição do prato do dia e do consequente empenho na elaboração de cada prato.
Estes passos foram dados no sentido de elevar a fasquia na cozinha e na sala, mas também da esplanada, ao ar livre, aberta nas traseiras do restaurante. “Quero continuar a trabalhar com esta dedicação (…) e é com este reconhecimento que quero continuar”, remata António Carrilho, até porque está prevista a possibilidade de se abrir portas de outro Sauvage também em Lisboa.
É ir! Bom apetite!