“Bate Fado” Jonas&Lander / CCVF

A dupla de coreógrafos Jonas&Lander não é desconhecida do público vimaranense. Nos últimos anos, já apresentaram várias criações no Centro Cultural Vila Flor (CCVF). O seu último trabalho em conjunto, “Bate Fado” – estreado no ano passado – foi aplaudido pelo público (a Mutante incluída) e considerado um dos melhores espetáculos de 2021 pela crítica especializada. Quem espera, sempre alcança, e Guimarães recebe finalmente “Bate Fado”, que promete não deixar ninguém indiferente no Grande Auditório do CCVF.

“Bate Fado” é um espetáculo híbrido entre a dança e o Fado, que junta em palco nove performers: quatro bailarinos (Catarina Campos, Lander Patrick, Lewis Seivwright e Melissa Sousa), quatro músicos (Yami Aloelela, no baixo, Tiago Valentim, na viola, Acácio Barbosa e António Duarte Martins, nas guitarras portuguesas) e um fadista-bailarino (Jonas, que recentemente lançou o disco de estreia “São Jorge”). 

À semelhança da maioria das correntes musicais urbanas, tais como o Samba ou o Flamenco, também o Fado teve danças próprias. Em Lisboa, a dança que teve maior expressão foi o Fado Batido, uma dança baseada num sapateado energético e virtuoso. No espetáculo “Bate Fado”, Jonas&Lander propõem-se a reinterpretar e a recuperar o ato de se bater (sapatear) o Fado, onde a dança emana a qualidade de instrumento de percussão em diálogo com a voz e as guitarras. “Bate Fado” revela-se assim como o primeiro passo para o resgate da dança que o Fado perdeu. 

Jonas&Lander cruzaram-se na Escola Superior de Dança aquando da formação académica, iniciando uma colaboração que se tornou reconhecida no panorama da dança portuguesa como sendo detentora de uma forte assinatura de autor, de contornos singulares, que explora a fusão entre distintas artes cénicas, com especial destaque para a música. Esta marca é desde logo aflorada em “Cascas d’OvO” (2013), a sua primeira cocriação, onde o sentido rítmico é vertiginosamente usado como fio condutor de toda a peça. O trabalho autoral de Jonas&Lander conta com um variado leque de peças como “Matilda Carlota” (2014), “Arrastão” (2015), “Adorabilis” (2017), “Lento e Largo” (2019), “Coin Operated “(2019) e “Bate Fado” (2021).

Quando o passado, a nossa história, é repescada, reinventada, renovada e se torna contemporânea, inovadora, sem deixar de ser, simultaneamente, passado.
“Bate Fado” é um excepcional espectáculo que tivemos o imenso prazer de ver, pela mão do TAGV em Coimbra, e que apenas podemos dizer que é: imperdível!
No próximo dia 18 de junho, pelas 21h30, em Guimarães. •

+ CCVF
© Fotografia: José Caldeira.

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