O primeiro é um clássico do Dão. O segundo representa o dueto de boas novas, elaborado a partir de castas tradicionais do Douro. A produção destas boas novas é feita nas respectivas propriedades da família Amorim.
As uvas vindimadas na vinha centenária da parcela 21 fazem parte dos dois lotes, que constituem a dupla de boas novas do Douro
“Temos aprendido muito com o Dão”, começa por afirmar Luísa Amorim, responsável pelo negócio do vinho da família, referindo-se à Taboadella, propriedade vinhateira localizada em Silvã de Cima, o mais recente projecto vitivinícola da família situado naquela região demarcada do Centro do país, na apresentação das boas novas vínicas. Aqui, o compasso de espera nos vinhos é maior quando comparado ao Douro, onde a família Amorim é proprietária da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, situada no concelho de Sabrosa. Por isso, há que respeitar a Natureza e, simultaneamente não pode desvirtuar o historial deste território vinhateiro instituído em 1908.
A prova está no Grande Villae branco 2020, um clássico feito a partir das castas Encruzado, Bical e outras vindimadas em vinha velha. A complexidade aromática associada à acidez equilibrada, conjugada com a textura sedosa e o final longo e persistente caracterizam este vinho, que, para Rodrigo Costa, enólogo residente da Taboadella, “enaltece o potencial da região do Dão (…) é um vinho trabalhado quase numa lógica de relojoaria”.
Caementa, que, em latim, significa cimento foi outra das novidades apresentadas, melhor ainda, um ensaio para a colheita de 2022, a sair, em 2023, para o mercado. O porquê do nome? “Porque o vinho estagia nas [tulipas] Nicovelo em cimento”, explica Ana Mota, Directora de Produção e viticultora da Taboadella e da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, que, no total, perfazem 130 hectares de área de vinha, onde estão plantadas só castas nacionais.
Este rosé é um vinho feito a partir da casta Tinta Roriz, vindimada na Taboadella. O estágio ocorreu em tulipas de cimento da Nicovelo, facto que “contribuiu bastante” para este vinho, afirma Jorge Alves, que exerce a função de enólogo principal em ambas as propriedades vinhateiras. É “uma forma diferente de interpretar a casta Tinta Roriz – uma casta elegante, provavelmente a melhor casta ibérica para fazer grandes vinhos tintos – e o Dão”, continua o enólogo. O resultado traduz-se na expressão da casta no nariz e na boca, bem como pela frescura e a acidez equilibrada.
Ao transpor a fronteira do Dão, depressa chegamos à mais antiga região demarcada, para conhecer as novas colheita de dois vinhos icónicos da propriedade vinhateira duriense da família Amorim. Quinta Nova Vinha Centenária Ref P28/P21 tinto 2019 elaborado, respectivamente, a partir da casta Tinta Roriz, vindimada na parcela 21, e de uvas colhidas em vinha centenária, é “provavelmente um dos melhores vinhos que fiz na vida”, confessa Jorge Alves, ou não refletisse os atributos da Tinta Roriz e, ao mesmo tempo, a sofisticação associada às vinhas velhas. Esta equação traduz-se num vinho estruturado e elegante, que tão bem harmoniza com pratos de caça, apesar do seu potencial de guarda.
A mesma sugestão cabe, à mesa, para o Quinta Nova Vinha Centenária Ref P29/P21 tinto 2019, sendo o primeiro a referência à parcela de vinha ocupada pela casta Touriga Nacional. Esta é considerada, por Jorge Alves, como “a melhor casta portuguesa, de longe”. É de acrescentar que este vinho revela uma estrutura mais sedosa.
Para fechar, há que saborear lentamente o Quinta Nova Porto Vintage 2020. Elaborado com uvas colhidas na vinha velha da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, com mais três dezenas de castas tradicionais distintas, este Vinho do Porto é uma proposta certeira para acompanhar sobremesas feitas com chocolate. Eis uma dupla sugestão para um presente a oferecer na época festiva que se aproxima a passos largos.
Brindemos!