Porque há “dates” que são irresistíveis, temos de falar deles sempre que avistamos nova edição desses “dates”… Um que nos vicia e nos agarra é, claro, o clássico A Date With Lux que tem nova data marcada para o próximo mês de fevereiro com os incontornáveis Mão Morta.
Se ainda não sabe o que é ter A Date With Lux: A Date With Lux não é só um festival. Não é só um concerto. Não é só uma performance. É tudo isso e muito mais.
O objectivo da Lux Records é criar um ciclo de actividades com artistas que tenham ligações umbilicais, passadas, presentes ou futuras, à editora conimbricense. Desde os espectáculos musicais às edições discográficas, do lançamento de livros a exposições de fotografia, dos videoclipes aos documentários.
A próxima dessas actividades será assinalada com um concerto no Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra), no dia 11 de fevereiro, 21h30, com os Mão Morta.
A relação entre a Lux Records e os Mão Morta começou em 2004, com a edição em vinil do álbum “Nus”. Em 2017, celebraram-se 25 anos de “Mutantes S.21” com um concerto na primeira edição do Festival Lux Interior. Em Outubro de 2022 surgiu finalmente a edição em vinil do mítico álbum “Müller No Hotel Hessischer Hof”. 2023 começa com novo encontro no palco do Teatro Académico de Gil Vicente.
Sobre o frio do fim e estes eternos Mutantes, ao longo das três últimas décadas os Mão Morta têm tido sempre uma palavra a dizer no rumo do rock feito em Portugal. Com quinze álbuns de originais, a banda de Braga dividiu opiniões, criou alguns hinos geracionais e tornou-se um dos vértices máximos do rock nacional.
Em 2019, depois de criarem um espectáculo de dança com a coreógrafa Inês Jacques, editaram com a música daí resultante o seu último álbum de originais, “No Fim Era o Frio”. Foi esse disco, considerado pela imprensa especializada como “melhor disco do ano”, que os Mão Morta se propuseram apresentar, logo no final desse ano, juntamente com clássicos do seu repertório. Assim, numa apresentação repartida, os módulos do disco, sem os artifícios das coreografias, eram tocados na sua sequência integral e depois, após um pequeno intervalo e mudança de cenário, os Mão Morta revisitavam o seu património musical, envoltos nas estranhas figuras do colectivo Oficina Arara.
Esta apresentação repartida, uma espécie de 2 concertos em 1, foi interrompida pela epidemia de Covid-19 logo em Março de 2020, e “No Fim era o Frio” passou a ser mostrado aos farrapos nos concertos que desde essa data foram sendo possíveis.
Em 2022, ultrapassada a epidemia, e após uma renovação na formação, os Mão Morta, numa decisão arrojada, levaram “No Fim Era o Frio” aos festivais de Verão, tocando de novo o álbum na sua sequência integral, a recriar em palco a distopia, o frio cosmológico e o vazio afectivo de que trata a narrativa, sem outro programa para além do mantra hipnótico tecido pela música.
Agora, a juntar a “No Fim Era o Frio”, os Mão Morta revisitam alguns temas do seu património musical, a instalar o caos urbano e a decadência civilizacional que sempre os inspiraram e inquietaram.
Mais um obrigatório A Date With Lux, em Coimbra, com um concerto imperdível para quem segue de perto a produção nacional de excelência, no rock. •