O chef Pedro de Sousa abriu as portas do seu jardim para receber a seiva da cozinha do chef David Jesus.
Depois de João Cura (Almeja, Porto), Flávia Menezes (Klandestino, Lisboa), Leandro Araújo (CaféZïque, Loulé) e Diogo Lopes (Ritz Four Seasons, Lisboa) foi a vez de David Jesus, chef executivo e proprietário do Seiva (Matosinhos) passar pelo “Piquenique no Jardim”, conceito que nasceu em junho e no qual “dá a conhecer propostas gastronómicas diferentes, com menus dedicados”.
Para o jovem chef David Jesus, que nasceu em Setúbal, cresceu entre o rio Sado e a serra da Arrábida, mas assentou arraiais no norte de Portugal, esta foi uma oportunidade de mostrar, em Lisboa, um pouco da gastronomia que podemos encontrar no seu restaurante Seiva, embora num ambiente bastante diferente, desde logo pela proximidade ao mar de Leça da Palmeira.
O Seiva apresenta-se como uma homenagem à essência do seu criador. “Seiva vem de resina e homenageia a profissão de resineiro. Profissão do pai e do avô do chef David Jesus. É nas raízes que surge a força, é no caule que ela se desenvolve, é nas folhas que ela se expressa… é a seiva que transporta, funde e potencia todo o conjunto!” Concetualmente, o Seiva tem como base de partida para as suas criações as plantas.
Sem mais demoras, partimos para o repasto com um crocante de grão recheado com cogumelos e chaat masala para começar. Este, tal como todos os outros pratos do menu apresentado, encontra-se na carta do Seiva. É um snack, tem como nome, Pani Puri, e foi apresentado com grande entusiasmo de boas-vindas pelo chef David Jesus. Seguiu-se o Choco das minhas raizes uma taglietelli de arroz, alho, coentros, caril de maracujá, couve crocante e cogumelos salteados. Os dois primeiros momentos tiveram como companhia o Primeiras Vinhas Alvarinho Soalheiro 2022, de Monção e Melgaço.
Do Minho, damos um salto vínico até ao Douro, para acompanhar os dois momentos seguintes harmonizados com o Trans-Douro-Express tinto 2021, um duriense de Mateus Nicolau de Almeida. Se era do Douro Superior, do Baixo ou do Cima Corgo fica a questão, pois não nos foi dado a conhecer, mas podemos afirmar que acompanhou muito bem uma açorda cremosa, emulsão de alho frito e gema de ovo, couves da horta do avô do chef (Açorda e couves do avô) e o arroz carolino com algas e plantas halófitas (Arroz e flora marítima).
Para terminar, a escolha era entre um brioche vegetal com creme de tamarindo (Rabanada) ou um cremoso de chocolate com trufa (Chocolate e trufa). A escolha recaiu nos dois acompanhados por um Barbeito Verdelho 10 anos, um Vinho Madeira.
Foi uma boa oportunidade de conhecer um pouco do que uma nova geração de chefs anda a fazer pelo norte, onde nem sempre é fácil encontrar tempo para ir. Algo, que mesmo em Lisboa, e estando mais próximo, também começa a ser difícil. Que o diga O Jardim, que ainda não teve direito a uma visita dedicada. Enquanto isso não acontece, aguardamos pelo próximo convidado do “Piquenique no Jardim”.