Os galos estampados nos cortinados do piso térreo deixam adivinhar um ambiente descontraído. Assim como o próprio edifício, pintado (quase) de fresco de um cinzento que se enquadra bem na paisagem urbana. Entremos. As portas abrem para um hall de acesso fácil à receção por uma pequena escada. Atrás do balcão, os olhares ritmados rimam com a cordialidade que se preza. “Bonjour madame. Bonjour monsieur.” Cá estamos nós no Mama Shelter Lyon!
Para nossa surpresa, do lado de lá do balcão são dadas as boas-vindas em português do Brasil. “Bom dia!”
Os olhares – desta vez refiro-me aos nossos – passam a pente fino o espaço trendy em redor. O teto e as paredes são dominados pela urban art preenchida por frases soltas em francês, num repto à leitura desenfreada, conjugada por vitrinas de vidro, a desempenhar a tarefa de expositores de máscaras de super heróis da Warner Bros., brinquedos-souvenirs para a pequenada, os amenities “Mama says it’s totally natural”… A verborreia é contígua ao elevador, onde encontramos o significado de vários vocábulos acabados de tirar de um dicionário francês; ao corredor, que nos estende um tapete negro com palavras sobrepostas a nossos pés, grafitadas a branco neve, a acabar na janela do quarto.
O conceito hip do Mama Shelter Lyon contagia todos os que por aqui passam com uma boa disposição singular ou não fosse este espaço concebido para divertir e desfrutar com humor, trabalho produzido com brio por um génio do design, o francês Philippe Stark, que recria, assim, um hotel citadino, aberto a todos. Facto consumado nos compridos balcões – dois, paralelos um ao outro – da sala em frente à receção, de onde se ouvem vozes e gargalhadas numa fusão de alegria que se mistura com uma eleição feita a preceito de bons sons. Sobre os mesmos balcões, (duas) filas de bóias ditam as cores estridentes do bar a contrastar com o teto cinzento, repleto de mensagens coloridas. Pantones que combinam com as cores dos padrões dos sofás, dos abat-jours dos candeeiros, que mais parecem peças tiradas dos exuberantes cenários de “Alice no país das maravilhas”, dos livros empilhados entre os candeeiros, dos cortinados contaminados por galos empilhados em fileiras, que decoram as janelas de vidro da parede virada para o exterior… Uma enorme mesa de matraquilhos, amarela, para os aficionados, ou não, no futebol, desempenha o papel de divisória. Do lado de lá estão as mesas do restaurante, acompanhadas por cadeiras de diferentes tons, feitios e tamanhos.
Que tal um jantar no terraço, ao ar livre?
A agradável noite que adivinha o tão desejado verão assim o permite, até porque as iguarias dos chefs Alain Senderens e Jérôme Banctel, numa inspiração profunda na tradição gastronómica de Lyon, são para degustar com a calma que tanto merecem. Bon appétit! •
Leia também o artigo sobre a nossa viagem a Lyon.
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© Fotografia: João Pedro Rato