Os “novos” vinhos do Algarve / Convento do Paraíso

A paixão pela vinha e pelo vinho uniu duas famílias numa quinta edénica de Silves, para celebrar o legado de Baco com euforia, num “novo” Algarve: o Convento do Paraíso.

O nome surge em janeiro de 2012, quando a família Pereira Coutinho, o proprietário, e a família Soares, dona da algarvia Garrafeira Soares, e responsável pela implementação da estratégia comercial e de marketing dos vinhos do projeto Convento do Paraíso, selam uma joint venture que, contas feitas, celebram a terceira vindima este ano, a qual está para breve.

Assim, a viagem vinícola começa na frondosa Quinta de Mata Mouros, propriedade do empresário Vasco Pereira Coutinho e dona de uma incomensurável natureza a perder de vista. Ao lado, o rio Arade, que atravessa Silves, quase serve de fronteira entre a propriedade e a cidade mourisca da região algarvia. Lá dentro, na quinta, uma adega à antiga, mas equipada com a alta tecnologia em resposta às exigências dos dias de hoje, aguarda pela chegada dos bagos das uvas provenientes das sete castas (cinco tintas e duas brancas) que povoam o terroir de uma vinha de 12 hectares plantada de raiz no ano de 2000.

Porém, enquanto a colheita de 2014 não chega, fica o registo dos vinhos: o Euphoria branco 2013, o Convento do Paraíso tinto 2012, o Euphoria rosé 2013, o Imprevisto tinto 2009 e o Euphoria tinto 2012. Todos apresentam uma imagem mais fresca e renovada, um trabalho que conta com a perícia de João, Rita, Paulo e Margarete Soares, graças ao know-how que possuem na vertente vinícola.

De volta à adega, os dois lagares de pedra calcária, onde é usado o tradicional pisa pé à moda do Douro, compõem um cenário de outrora, sob os quais foi instalado um sistema de refrigeração fundamental nestas lides da vinificação em lagar; assim como as barricas de carvalho, usadas para estágio, alinhadas num corredor central. O mesmo espaço é partilhado pelas tecnologias do presente, com as cubas de inox usadas para vinificação, e pela prensa hidráulica para vinhos, da centenária Casa Hipólito, de Torres Vedras, a qual foi adquirida há cerca de dez anos, garantia dada pelo senhor Joaquim, o caseiro da Quinta Mata-Mouros há mais de duas décadas, que não dispensa a explicação da dita máquina: “As uvas são colocadas aqui dentro [uma espécie de cesto gigante] e a parte de baixo eleva-se com a pressão da água, esmagando-as; e o vinho vai escondendo para o prato [que fica em baixo] e sai pelo buraco por uma mangueira.”

O laboratório, compartimentado como é devido, ocupa o seu espaço, para supervisão do processo de fermentação e da evolução do vinho, a qual é feita pelos engenheiros Luís Duarte e Nuno Gonzalez, os enólogos consultor e residente, respetivamente, pelos Malhadinha e Monte da Peceguina, da Herdade da Malhadinha Nova. Os engenheiros Manuel Letras e Rui Venâncio estão, por seu turno, responsáveis pela viticultura.

Já na vinha, que se entende numa colina de olhos postos na cidade de Silves, no rio Arade e na serra de Monchique, e sem fim à vista, Paulo Soares conclui que a vindima terá de ser feita em pouco tempo, depois de avaliar o estado de maturação dos bagos das uvas. Na verdade, e devido ao clima ameno da zona onde foi plantada, a uva tende a atingir o pico do seu amadurecimento mais cedo do que noutras regiões do país.

Na lista das tintas constam Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Aragonês e Sousão. Por sua vez, a aposta nas castas Alvarinho, “com mais aromas”, e Arinto, “pela frescura que dá ao vinho”, acontece com a parceria, como revela Paulo Soares, que nos conduziu nesta história do projeto e na visita à quinta, sempre na companhia do senhor Joaquim.

Por fim, e enquanto ficamos à espera da nova colheita, brindemos aos “novos” vinhos do Convento do Paraíso. Saúde! •

+ Garrafeira Soares