“A arte existe para fruir, para a admirarmos” / Margarida Prieto

Formada em história de arte e mestre em gestão de mercados de arte, Margarida Prieto, curadora do VIII VERA World Fine Art Festival, falou com a Mutante sobre a exposição colectiva patente na Curadoria Nacional, em Lisboa.

“Lisboa mágica”, a composição fotográfica pela objetiva de Homem Cardoso e Vasco Bobone no VIII VERA World Fine Art Festival

Uma vez curadora da exposição internacional de arte contemporânea, peço-lhe uma súmula do evento.
Temos 16 países a participar e 80 artistas presentes de diversas nacionalidades. São 3750 metros quadrados de arte com 52 stands. Temos nomes consagrados da arte, nomeadamente da arte portuguesa, e temos muitos jovens, portanto há uma multiplicidade de talentos e de carreiras que serão distinguidos nas diferentes categorias, no próximo domingo, dia 21 de setembro, às 21 horas, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril.

A aposta em nomes emergentes nas oito disciplinas é um dos objetivos do VERA World Fine Art Festival. Foi fácil reunir novos talentos nesta exposição colectiva?
Há aqui uma componente especial que diz respeito ao VERA Foundation, que dá apoio a jovens talentos, dando-lhes a oportunidade de saírem do seu país e estarem a expor o seu trabalho neste evento internacional de arte. Porém, houve muitos jovens que gostariam de estar presentes mas que, lamentavelmente, não puderam, porque os stands são pagos, embora seja política da fundação [VERA] ter stands gratuitos para alguns dos jovens talentos que estão aqui.

Obra do artista do Azerbaijão Farid Alakbarov

Mais do que um evento internacional, o VERA World Fine Art Festival é a celebração da democratização da arte. Será a arte, por si só, a valência mais democrática da criatividade?
A World Without Borders Foundation está de parabéns porque, num momento tão conturbado em que vivemos tentar, através da arte e da cultura, estabelecer pontes entre países, que vão desde o Atlântico os Montes Urais, um dos sítios mais longínquos desta Europa, é extraordinário. A arte foi, ao longo da história, um motivo de união e de democratização entre os diferentes povos, porque foi transportada de uns continentes para os outros. Portanto, hoje, este episódio persiste.

A internacionalização da arte no VERA World Fine Art Festival prende-se com a promoção e o reforço do intercâmbio cultural. Foi fácil coordenar os trabalhos entre artistas de países tão diferentes?
Fácil não foi devido a culturas diferentes de países diferentes, que levou a dificuldades na comunicação, mas o resultado está à vista. Estão aqui todos reunidos e o resultado se traduz em dar a conhecer esta magnifica cidade, que é Lisboa, neste espaço maravilhoso, que é a Cordoaria Nacional, à beira do rio Tejo, de onde partiram muitos portugueses à procura de novos mundos que, hoje, estão aqui reunidos, para deixarem o público fruir as suas obras.

Sobre Margarida Prieto, que mantém um percurso discreto na arte, como encara o papel de curadoria deste festival internacional?
Têm surgido oportunidades em pintura, em fotografia… Tenho aprendido muito. Este convite foi aceite de braços abertos, porque gosto de desafios.

Sendo formada em história de arte, como é a arte contemporânea aos seus olhos?
A arte tem um fio condutor. Quando acaba um movimento, um período na história de arte, existe uma ruptura e novos movimentos se estabelecem. Hoje em dia, a arte contemporânea demonstra que tudo é possível, desde que seja arte. É como o romper desse elo que talvez tenha começado com [Marcel] Duchamp, quando apresentou o urinol, uma peça de arte bastante criticada por muitos e, como hoje em dia, uma diversidade enorme de instalações, vídeos… temos de estar abertos porque, hoje em dia, a história de arte contemporânea, mostra-nos as mais diferentes tipos de trabalhos. No entanto, a grande interrogação na arte contemporânea põem-se, na minha modesta opinião: Será que esta proliferação de artistas e de obras vão passar os séculos?

A multidisciplinaridade e e a quantidade de obras de arte tão diferentes que compõem esta exposição são um desafio a essa abertura de mentalidades?
Com certeza. A obra de arte existe para nos fazer pensar, interpretar, analisar. Cada um formula a opinião que entender mas, fundamentalmente, a arte existe para fruir, para a admirarmos. •

+ VERA World Fine Art Festival