Uma casa longe de casa / Albatroz Collection

Outrora pertence de famílias e nomes ilustres, a Casa dos Duques de Loulé, a Casa Branca e o Palácio dos Pelicanos compõem uma coleção iniciada nos idos ando 1970’, à beira do Atlântico em harmonia com a vila de Cascais.

“Há clientes que vêm todos os anos, na mesma altura. Fazem a reserva de um ano para o outro, sempre os mesmos quartos, e consideram o hotel uma segunda casa”. As palavras de Frederico Simões de Almeida, o director do The Albatroz Hotel, são a garantia de uma realidade preservada no tempo: “Acontece desde que o hotel abriu, em 1983.” Uma constância que faz desta coleção de cinco estrelas a home way from home, um lugar discreto, intimista “e pessoal”, acrescenta Frederico Simões de Almeida. Com efeito, quem trabalha no The Albatroz Hotel “sabe exactamente o que os habituais clientes querem”, assegura, pois das 69 das pessoas que fazem parte da estrutura do hotel, “35 estão cá desde a abertura do hotel”. Afinal, também eles mesmos “sentem que esta casa é deles e ajudam em tudo o que é possível”.

“Sou dos que tem menos anos de casa – vim para aqui em 2001”, conta-nos Frederico Simões de Almeida, sobrinho de António Simões de Almeida que, em finais dos anos 1970’ adquiriu a antiga Casa dos Duques de Loulé – erigido em 1873 no promontório entre as praias da Conceição e da Rainha, e residência de outras famílias até 1963, ano em que foi convertido em estalagem – tendo sendo o mentor dos trabalhos de remodelação e ampliação deste elegante edifício, abrindo as portas de luxuoso hotel, ao qual deu o nome do barco que o acompanhava nas suas viagens marítimas, o Albatroz. Na decoração a assinatura pertenceu a Maria José Salavisa, arquiteta e percursora do design de interiores no país.

Em finais da década de 1990’, o luxuoso hotel passou para as mãos de Carlos Simões de Almeida, o irmão do anterior proprietário. Com o tempo, são adquiridos a Casa Branca, o Palácio dos Pelicanos, a casa de D. António de Lencastre, erguida em frente à praia da Conceição, e o Villa Cascais, uma guesthouse na vizinha Baía de Cascais, cuja reabertura está prevista para breve, e onde residiu a escritora D. Maria Amália Vaz de Carvalho.

Assim é composto o The Albatroz Hotel, decorado ao estilo romântico e pautado pela elegância dos palacetes de outrora, pelas mãos de Madalena Simões de Almeida, a mãe de Frederico Simões de Almeida. Cada um dos aposentos apresenta uma identidade muito própria ditada por uma composição de cores e estampados que transmitem charme e conforto que convidam a preguiçar no momento em que a porta se fecha.

Comecemos pela Casa Branca, dominado pelos tons azuis do mar sereno, a fazer lembrar as ilhas gregas em pleno mediterrâneo, o mais apetecido pelos hóspedes escandinavos.

Já os britânicos – há também os brasileiros, os russos, os franceses e os alemães – revelam o gosto pela antiga Casa dos Duques de Loulé, pela arquitetura do edifício, pela decoração ornamentada de estampados e tons suaves que compõem cada quarto complementada por um Vinho do Porto, num gesto de boas-vindas a provar à beira do imenso oceano que se estende tranquilo na paisagem contemplada às janelas e varandas, estas enriquecidas pela arte azulejar.

A mesma arte percorre as paredes do piso inferior, onde se encontra o restaurante clássico com frescos nas paredes, o bar, que convida a pôr a conversa em dia, e a varanda erigida em cima de rochas escarpadas e alinhada pela costa, culminando no terraço remodelado, com piscina, o mote para um mergulho numa tarde soalheira. Só há que levar a toalha na cesta e colocá-la numa das chaise longues junto à piscina ou ler um livro na esplanada na companhia de uma refeição leve ou de um cocktail.

Retomemos o roteiro pelo The Albatroz Hotel. Do outro lado do Atlântico vêm, por sua vez, os americanos, que manifestam preferência pelo Palácio dos Pelicanos, “porque é um palácio”, em particular pelo quarto biblioteca, na antiga divisão reservada à coleção de livros, composto por mobiliário antigo – à semelhança de todos os outros aposentos – disposto sob o teto revestido a madeira nobre de cor escura, singularidades que se prolongam para as demais divisões destinadas a um bom descanso. Descemos pela escadaria interior com o corrimão de madeira de cor escura até à cozinha antiga, revestida a azulejo – com a mesma arte das demais divisões que remontam ao passado – onde o forno antigo nos remonta a tempos que já não existem e as faianças de Rafael Bordalo Pinheiro sobressaem à primeira vista. Eis o espaço destinado à prova de vinhos, os quais se encontram guardados numa garrafeira fechada a sete chaves. Aos que preferem harmonizar um bom vinho a um repasto exclusivo, o The Albatroz Hotel abre as portas de uma cozinha de traço contemporâneo, reservada ao showcooking complementada à prova de néctares de Baco. Para o efeito, os hóspedes podem escolher “os produtos no mercado, confecionar o almoço e escolher o vinho”.

Na hora do repasto

Vieiras com pancetta crocante e coulis de favas

A carta anuncia a cozinha portuguesa e mediterrânica elaborada sob a supervisão de uma chefe português, Fernando Martinez. Só para abrir o apetite, fica o registo de sugestões: As mui recomendadas vieiras com pancetta crocante e coulis de favas, creme de ervilhas, manjerona e espargos estufados ou cogumelos estufados com espargos e ovo mole, para começar.

Bife de atum selado com aromas mediterrânicos e legumes no forno de atum selado com aromas mediterrânicos e legumes no forno

Do mediterrâneo marcam presença o risotto de legumes da época e chalotas caramelizadas ou ravioline de lulinhas estufadas e molho cremoso. Do mar, há o deleitoso bife de atum selado com aromas mediterrânicos e legumes no forno, a simplicidade do peixe com legumes ou a pescada recheada com caranguejo, creme de alho francês e garam masala, entre outros;

Carré de borrego assado com maçãs e grãos aromáticos e batatas do pingo

Da carne, fiquemos pelo delicioso carré de borrego assado com maçãs e grãos aromáticos e batatas do pingo, além do peito de pato salteado com especiarias, tatin de tomate e laranjas caramelizadas ou do lombo de novilho selado e molho Syrah, primavera de legumes e batatas salteadas, nos pratos de carne, com aposta na carne alentejana de produção própria, em Fronteira, Alter, de produção controlada e com corte feito a preceito entre outros pratos que desafiamos a degustar, porque à prova está também o palato dos mais novos, com um menu Seleção Criança.

Ananás dos Açores confitado, mousse de toranja e calda de limas

No fim experimente o refrescante ananás dos Açores confitado, mousse de toranja e calda de limas, a sobremesa perfeita para acompanhar com um Vinho do Porto Blackett, de dez, 20 ou 30 anos, o novo néctar que resulta da produção dos novos investidores do The Albatroz Hotel, e a seleção de queijos da Beira Baixa, que vale a pena provar. No restaurante ou no terraço, sempre que o tempo estiver de feição. E mais pratos podem ser degustados com a calma que o domingo obriga num buffet para famílias, o convite ao regresso à tradição do dia da semana destinado ao descanso. Quem vai?

Terminamos com as remodelações do The Albatroz Hotel, sobre as quais Frederico Simões de Almeida refere que, “no futuro, obrigará ao fecho do hotel por dois ou três meses. Quando abrir, abrirá com o impacto que o hotel merece, porque sempre foi uma marca aqui e fora de Portugal”, remata.

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© Fotografia: João Pedro Rato

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